Deposição e deriva de calda fungicida aplicada em feijoeiro, em função de bico de pulverização e de volume de calda

Enviado por Haroldo C. Fernandes


  1. Resumo
  2. Introdução
  3. Material e métodos
  4. Resultados e discussão
  5. Conclusões
  6. Literatura citada

RESUMO

A tecnologia de aplicação de agrotóxicos visa à colocação uniforme do produto no alvo, com mínima perda por escorrimento e deriva. Este trabalho teve como objetivo avaliar a deposição e a deriva de calda fungicida pulverizada em feijoeiro com diferentes bicos e volumes de aplicação. Empregou-se o delineamento em blocos ao acaso, com quatro repetições, em esquema fatorial (2 x 2): dois tipos de bico de pulverização (jato plano standard e jato cônico vazio) e dois volumes de aplicação (125 e 250 L ha-1). O estudo de deposição foi realizado analisando-se a distribuição de um traçador nas posições superior e inferior da planta, pela técnica da espectrofotometria, enquanto a deriva foi avaliada utilizando-se de alvos artificiais, posicionados fora da área-alvo. O fungicida, juntamente com o traçador, foi aplicado três vezes, com um pulverizador de pressão constante (CO2). Os bicos propiciaram cobertura semelhante da folhagem do feijoeiro, tanto na posição superior quanto na inferior do dossel. O volume de aplicação de 250 L ha-1 proporcionou maior retenção de calda na folhagem e maior uniformidade de cobertura das plantas que o volume de 125 L ha-1; já as gotas formadas nas aplicações com bicos de jato cônico vazio ficaram mais sujeitas à deriva que as produzidas com bicos de jato plano, especialmente quando se empregou baixo volume de aplicação. As aplicações realizadas proporcionaram, em geral, baixa uniformidade de deposição ao longo do dossel do feijoeiro e risco potencial de deriva elevado.

Palavras-chave: tecnologia de aplicação, agrotóxicos, Phaseolus vulgaris L.

ABSTRACT: The fungicide application technology should provide efficient control of vegetable diseases. The objective of this study was to evaluate the deposition and the drift of fungicide sprayed in a common bean crop with different nozzles and two volumes of application. A completely randomized block design with four replications was used, in a factorial model 2 x 2: two spray nozzles (standard flat fan and hollow cone) and two spray volumes (125 and 250 L ha-1). The study of deposition was made by a tracer analysis in different positions of the crop, using spectrophotometer. The drift was evaluated using artificial targets placed outside the application area. The fungicide, with the tracer was applied three times, using a CO2 - pressurized sprayer. The results allowed the following conclusions: the flat fan and hollow cone nozzles provided similar cover of the bean leaves, both in the superior and the inferior position of the crop; the application volume of 250 L ha-1 provided higher retention of fungicide in the leaves and higher uniformity of coverage of the plants than the volume of 125 L ha-1; the droplets formed in the application with hollow cone nozzles were more favorable to the drift than the ones produced with flat fan nozzles, specially when low application volume was used; and the applications, in general, provided low deposition uniformity and high drift potential.

Key words: application technology, pesticide, Phaseolus vulgaris L.

INTRODUÇÃO

O feijão é um dos produtos agrícolas brasileiros de maior importância social e econômica. A produção nacional está em torno de 2,9 milhões de toneladas, com área colhida de 4,3 milhões de hectares e produtividade média de 684 kg ha-1 (FNP, 2002).

Apesar das práticas culturais se estarem modernizando nos últimos anos, a produtividade atual ainda se acha muito aquém do potencial da cultura, que é superior a 4.500 kg ha-1. Uma das causas dessa baixa produtividade é a ocorrência de doenças. Estima-se em 10% as perdas anuais na produtividade do feijoeiro, ocasionadas por fitopatógenos (Hall, 1994).

Uma alternativa para contornar o problema é a aplicação de fungicidas, que diminuem a severidade das doenças e podem aumentar a produtividade da cultura (Dudienas et al., 1990). A forma tradicional de aplicação desses produtos é por meio de pulverizadores dotados de bicos de pulverização hidráulicos. Esses bicos são os componentes mais significativos dos pulverizadores e apresentam, como funções básicas: fragmentar o líquido em pequenas gotas, distribuir as gotas em pequena área e controlar a saída do líquido por unidade de área (Sidahmed, 1998).

Para a aplicação de fungicidas nos feijoeiros, os bicos mais utilizados são os de jato cônico vazio mas, em virtude do seu espectro de gotas propiciar a deriva, tem-se tentado utilizar também os de jato plano. Estes, no entanto, podem comprometer a cobertura das plantas, em razão das gotas serem de maior tamanho. Conseqüentemente, poderá haver menor controle de doenças. De forma geral, gotas pequenas são facilmente transportadas pelo vento porém propiciam maior cobertura do alvo, condição desejada sobretudo quando da utilização de defensivos de contato. Segundo Sumner & Sumner (1999), a deriva é um dos maiores problemas da aplicação de agrotóxicos, a qual pode causar ineficiência da aplicação e contaminação ambiental.

Outra variável importante na aplicação de fungicidas é o volume de aplicação; prática comum era se aplicar volumes superiores a 300 L ha-1; atualmente, entretanto, existe tendência a se reduzir o volume de calda, visando diminuir os custos de aplicação e aumentar a eficiência da pulverização (Silva, 1999). O uso de menor volume de calda aumenta a autonomia e a capacidade operacional dos pulverizadores.

A redução do volume de calda requer, porém, um aprimoramento da tecnologia de aplicação empregada no campo. Segundo Salyani (1999), a redução do orifício de saída dos bicos, para obter menor volume de aplicação, aumenta o risco de deriva em virtude da diminuição do tamanho das gotas geradas. O problema se agrava quando se leva em conta que bicos de jato cônico vazio, por trabalharem em pressões mais elevadas que os bicos de jato plano, tendem a produzir gotas com menor diâmetro, razão por que há maior possibilidade de contaminação ambiental com a utilização dos bicos de jato cônico vazio (Srivastava et al., 1994). Uma maneira de se reduzir a deriva consiste em aumentar o diâmetro das gotas e diminuir a proporção de gotas menores que 100 mm, o que é possível com o uso de bicos de jato plano (Jensen et al., 2001). Em geral, gotas menores são mais eficazes no combate a pragas e doenças mas pouco seguras, sob o ponto de vista ambiental. Assim, há necessidade de estudos que viabilizem e otimizem a redução do volume de aplicação nas pulverizações de fungicidas, para permitir a utilização de bicos e volumes de calda adequados (Silva, 1999).


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