Competências profissionais em saúde



  1. Resumo
  2. Introdução
  3. Especificidades do envelhecimento e formação profissional em saúde
  4. Interfaces das políticas voltadas para os idosos
  5. Atenção integral à saúde do idoso
  6. Interdisciplinaridade e intersetorialidade na saúde do idoso
  7. Competência profissional
  8. Currículo e a formação do profissional médico frente ao envelhecimento populacional
  9. A pós-graduação
  10. Considerações finais
  11. Referências

Novas competências profissionais em saúde e o envelhecimento populacional brasileiro: integralidade, interdisciplinaridade e intersetorialidade

 RESUMO

Este trabalho discute as características da formação médica frente ao processo de envelhecimento e as especificidades da atenção à saúde do idoso, de forma a sistematizar as competências necessárias para profissionais de saúde. A premissa é que existe uma distância marcante entre, por um lado, conteúdos necessários à boa prática geriátrica e diretrizes das políticas de saúde e educação e, por outro lado, o currículo atual da graduação e da pós-graduação. A transição epidemiológica e demográfica coloca a Geriatria e Gerontologia como uma especialidade com mercado em expansão, tanto no setor público como privado, implicando a discussão da normatização da formação e distribuição de RH na saúde. Porém, a pouca valorização da presença de seus conteúdos nos currículos não reflete apenas uma questão pedagógica. Ao que tudo indica, apesar da legislação existente, ainda não está clara a importância destes conteúdos para a sociedade. A inclusão do processo de envelhecimento como curso de vida e em todos os seus aspectos nos currículos de graduação é uma prioridade. É também necessário ampliar a discussão sobre o papel da pós-graduação, da educação permanente e da educação continuada a fim de fazer frente ao desafio de envelhecer com qualidade.

Palavras-chave: Educação médica, Idosos, Envelhecimento, Recursos humanos

New professional competences in the field of health and the aging Brazilian population:
integrality, interdisciplinarity, intersectoriality

ABSTRACT

This paper discusses the challenges faced by medical education with regard to the aging Brazilian population as well as the specificities of senior health care services, aiming at systematizing the contents and practices needed to prepare health professionals. The assumption is based on a clear gap between appropriate contents for quality geriatric practices and health policy guidelines on the one hand, and current undergraduate and graduate level medical programs on the other. This epidemiological and demographic transition positions Geriatrics and Gerontology as fields of expertise in an expanding market, both in the public and private sectors, which raises the discussion on medical training standardization and health HR distribution. However, the little emphasis given to these fields in current curricula does not only reflect a mere pedagogical issue. In spite of the existing legislation, everything points to the fact that the importance of these contents to society is not yet clear. Including the aging process in undergraduate programs as part of the life course and in all of its aspects is a priority for the Brazilian population. A broad discussion on the role played by graduate, permanent, and continuing education is needed in order to face the challenge of quality aging.

Key words: Medical education, Medical curriculum, Senior health, Aging process, Human resources

Introdução

A transição demográfica e epidemiológica traz importantes conseqüências para a educação profissional em saúde. Da etapa caracterizada pelas doenças transmissíveis, vinculadas à pobreza, má nutrição, falta de higiene e saneamento básico, acumulamos as doenças crônico-degenerativas e as patologias socioambientais, onde se destacam a degradação do ambiente, das condições de trabalho e das relações sociais através das drogas, violência e acidentes. A complexidade deste quadro, onde a violência convive com o recrudescimento de doenças transmissíveis, com índices ainda altos de mortalidade infantil e com o aumento da expectativa de vida, é o desafio da formação profissional e das políticas intersetoriais.

A população brasileira experimenta um processo de envelhecimento marcante e sua Política Nacional do Idoso (PNI/Lei 8842/94 - Brasil1) dispõe sobre a necessidade de ampliação do debate sobre o tema, via sua inclusão em todos os níveis de escolarização. Na área da saúde, isto implicaria em ampliar conteúdos específicos na graduação, na pós-graduação e na educação permanente. No entanto, a atual escassez destes conteúdos na graduação coloca desafios extras para a especialização. Profissionais recém-egressos das faculdades não dispõem de competências mínimas para operacionalização da concepção ampliada de saúde na atenção aos idosos, o que implicaria, entre outros fatores, na identificação precoce das situações de risco para a fragilização, isto é, risco de perda de autonomia e independência, na utilização de medidas preventivas e de suporte, e na prática do trabalho em equipe. A busca da uma formação em geriatria (especialidade médica que atende aos idosos), caso restrinja-se ao estudo das patologias mais prevalentes e/ou ao processo biológico do envelhecimento, não é capaz de preparar profissionais aptos à adequada atenção aos idosos. Deve incorporar, portanto, subsídios da gerontologia (disciplina que estuda o envelhecimento) que se caracteriza como um campo de saber onde a prática do trabalho em equipe é central, a interdisciplinaridade é inerente e a intersetorialidade está contida em sua definição. A gerontologia é marcada pela confluência de campos de saber de distintos setores como saúde, educação, direito, urbanismo, ciências sociais, como apontado na PNI .

Neste trabalho, analisamos os desafios para o aparelho formador decorrentes do envelhecimento à luz do conceito de integralidade da atenção à saúde da população idosa e da necessidade de avançar na direção da interdisciplinaridade na formação em saúde e na intersetorialidade das ações e políticas.


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