A dissociação entre a licenciatura e a pósgraduação em História



Esta reflexão tem por finalidade destacar alguns aspectos relativos à dissociação entre a licenciatura e a pós-graduação em História, tomando o Estado de Pernambuco como locus de referência do debate. A questão será aqui discutida em dois focos de análise: a) a forma como a licenciatura em História tem se organizado no processo de formação de seus profissionais, as novas exigências da demanda acadêmica, social e profissional requerendo seu ingresso na pós-graduação stricto sensu; e, b) os limites e a cobrança da pós-graduação no processo de seleção que, em virtude do limite de vagas, se comparado à procura, tem favorecido os egressos dos cursos de bacharelado em História em detrimento dos provenientes da licenciatura.

Palavras-chave: licenciatura; pós-graduação; história.

Abstract

This essay points out some aspects relevant to the apparent disassociation between undergraduate courses leading to a teaching certificate in history and graduate programs in history, taking the state of Pernambuco as the reference point for the debate. The question is analyzed and discussed with respect to two points: a) the way that undergraduate teaching degree programs have been organized in the process of preparing their professionals in light of the new academic, social and professional demands that require a graduate degree; and b) the limits and the demands of the graduate programs with respect to the selection process, which has favored bachelor degree graduates over those with teaching degrees due to the limited number of openings in comparison with the number of candidates,.

Keywords: Teaching license - Undergraduate - History

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Quando se trata de discutir a dissociação entre a licenciatura e a pós-graduação em História, os representantes da área são unânimes em afirmar que o problema parte de questões internas ligadas à estrutura curricular dos cursos de licenciatura em História, na qual predomina a separação da licenciatura com o bacharelado. Tal estrutura acaba tendo seus reflexos nos programas de pós-graduação da área que estão abertos à recepção de licenciados e bacharéis.

A problemática aqui destacada está diretamente relacionada à formação do licenciado em História e à sua falta de preparo para ingressar na pós-graduação. Pois, a despeito das propostas definidas pelas Diretrizes Curriculares para os cursos de História, acerca das novas competências do seu ofício, para as quais se requer mais e mais sua inserção nas pós-graduações, os egressos desse curso têm enfrentado uma série de problemas para competir em nível de igualdade com os bacharéis da área no processo de seleção para a pós-graduação stricto sensu. Sabe-se que a falta de correspondência entre a procura e a oferta de vagas tem levado os programas de pós-graduação a desenvolverem algumas políticas no processo de seleção que tendem a favorecer o bacharel, que apresenta uma formação mais voltada para a pesquisa, em detrimento do licenciado, que tem sua formação praticamente voltada para a sala de aula.

No intuito de aproximar o licenciado do campo de pesquisa, alguns cursos de licenciatura têm procurado diminuir o problema com a introdução do trabalho de conclusão de curso em forma de monografia, mas trata-se de uma condição opcional e ainda bastante incipiente, considerando-se que a maioria dos alunos desses cursos apresenta dificuldades na elaboração da monografia em razão da falta de preparo para o campo da pesquisa. Em sua maioria, essas dificuldades são provenientes, principalmente, da ausência de disciplinas que contemplem a pesquisa histórica. Ainda com vistas a minimizar o problema, foi implantado o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), entretanto, seu grau de abrangência ainda é bastante limitado para atender à demanda. Além disso, no Estado de Pernambuco, por exemplo, nem todos os cursos de licenciatura em História são contemplados com cotas do Pibic. A própria iniciação científica voluntária, sem bolsa, não é muito difundida no Estado, associando-se à mesma uma série de problemas como a falta de compromisso dos alunos, etc. Em suma, o problema tem várias origens, não sendo desprezível o fato de ainda não haver uma sólida cultura da pesquisa na graduação, que tem seus reflexos na pós-graduação.

Preocupados com essas questões é que, desde os anos 1980, alguns historiadores, representados pela Associação Nacional de História (Anpuh), têm combatido a dissociação entre a licenciatura e o bacharelado, declarando a importância de não se separar o ensino, a pesquisa e a extensão, propondo a criação de um curso que contemple os dois âmbitos de formação. Ao mesmo tempo em que avaliam as dificuldades desse profissional para se integrar ao campo da pesquisa e extensão, os historiadores discutem suas conseqüências no processo de seleção e manutenção desses alunos na pós-graduação stricto sensu, considerado na atualidade um estágio necessário à sua formação em virtude do que dele será cobrado pelo campo profissional.


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