Suplementação de lipídios em dietas para cabras em lactação



  1. Resumo
  2. Introdução
  3. Material e Métodos
  4. Resultados e Discussão
  5. Conclusões
  6. Literatura Citada

Consumo e eficiência de utilização de nutrientes

RESUMO

O efeito de diferentes formas de suplementação lipídica sobre o consumo, a digestibilidade, o balanço de compostos nitrogenados, a produção de leite e a eficiência de utilização de nutrientes em cabras lactantes foi testado com a inclusão de óleo de soja (OS), sais de cálcio de ácidos graxos de cadeia longa (SC) e grão de soja (GS) na dieta. Foram utilizadas 24 cabras lactantes, alocadas em delineamento inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e seis repetições. Os tratamentos consistiram de uma dieta controle (C), com 2,2% de EE e isenta de lipídio suplementar, e de três outras dietas, adicionadas de um dos suplementos testados, contribuindo com 4,5% de EE suplementar. O consumo voluntário e a produção de leite foram monitorados diariamente no período de 51 a 138 dias de lactação. Os consumos de MS (CMS), FDN (CFDN) e NDT (CNDT) e energia líquida (CEL) foram reduzidos com a suplementação com OS e GS. Os suplementos reduziram os coeficientes de digestibilidade da MO, PB e CT. O tratamento OS reduziu a digestibilidade da FDN e o GS, a digestibilidade dos CNF. O tratamento GS diminuiu as produções de leite e dos constituintes do leite (gordura e proteína). Os suplementos reduziram a produção de lactose, mas não influenciaram as concentrações dos constituintes do leite. Não foram observadas diferenças entre os valores de eficiência líquida de uso da EM consumida para produção de leite (kl) obtidos nos tratamentos com adição de lipídios em relação à dieta controle. O balanço e a retenção de nitrogênio não foram afetados pela suplementação.

Palavras-chave: caprinos, leite, óleo, produção, sais de cálcio de ácidos graxos, soja

Introdução

A produção de leite é um processo metabólico altamente dependente de energia. No início da lactação, ocorrem simultaneamente redução da capacidade de ingestão de MS e elevação das exigências energéticas, em razão da maior produção. Assim, os animais, por meio da homeorresia (Bauman, 2000), mobilizam suas reservas corporais para atender esta condição fisiológica.

Os lipídios são considerados fontes energéticas com alta concentração de energia prontamente disponível, pois são constituídos de grande proporção de ácidos graxos, os quais possuem 2,25 vezes mais energia que os carboidratos. Suplementos lipídicos têm sido usados em dietas para animais lactantes com os objetivos de aumentar a produção de leite e reduzir a mobilização corpórea.

À exceção dos grãos, a maioria dos alimentos utilizados no arraçoamento de ruminantes contém baixas proporções de lipídios, com valores que variam de 1 a 4% da MS (Van Soest, 1994). Palmquist & Jenkins (1980) sugeriram que a inclusão dos lipídios em dietas para ruminantes seja limitada em até 5% da MS total, visto que os microrganismos ruminais não possuem mecanismos fisiológicos para digeri-los tão eficientemente como o fazem para os carboidratos e as proteínas.

Essa ineficiência microbiana para utilização dos lipídios como fonte de crescimento desencadeia uma série de alterações no ambiente ruminal. Um dos principais efeitos deletérios da inclusão de elevadas concentrações de lipídios é a redução na digestão ruminal da fibra (Ikwuegbu & Sutton, 1982; Wettstein et al., 2000). Desse modo, as quantidades e as proporções de ácidos graxos voláteis produzidos no rúmen podem ser negativamente alteradas, especialmente a relação acetato:propionato (Chalupa et al., 1986; Doreau et al., 1990), promovendo a diminuição das produções de leite e de gordura no leite. Essas respostas, no entanto, não devem ser generalizadas, pois estão intimamente relacionadas à forma de inclusão dos lipídios nas dietas, ao grau de sua insaturação e ao comprimento da cadeia.

Para minimizar estes efeitos, tem-se sugerido o uso de gorduras ruminalmente inertes. Nos primeiros trabalhos com lipídios inertes, foi utilizada matriz protéica tratada com formaldeído. Posteriormente, o uso de gordura animal também foi proposto como alternativa para aumentar a concentração energética das dietas, sem afetar a fermentação ruminal, apresentando, no entanto, maior grau de saturação, que implica menor absorção intestinal. Atualmente, o termo gordura inerte foi substituído por gordura protegida e, neste grupo, encontram-se os sais de cálcio de ácidos graxos, que têm sido mais amplamente estudados e utilizados em rebanhos leiteiros. Esses sais (ou sabões) são obtidos pela reação de íons de cálcio com ácidos graxos de cadeia longa (insaturados e saturados), cujo princípio baseia-se na passagem deste complexo pelo rúmen e na sua dissociação nas condições ácidas do abomaso, tornando-os disponíveis para digestão e absorção.

Nesse contexto, é necessária a busca por outras fontes lipídicas que possam ser facilmente manipuladas visando ao melhor aporte energético para o animal, sem comprometer o ambiente ruminal.

O Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja (em torno de 50 milhões de toneladas de grãos) e, de acordo com Moreira (1999), a maioria dos cultivares de soja apresenta de 15 a 25% de lipídios. No aspecto da nutrição de ruminantes, a soja grão pode ser considerada suplemento lipídico parcialmente protegido da hidrogenação ruminal, visto que as gotículas de lipídios em sementes oleaginosas se encontram inseridas na matriz protéica dos grãos, conferindo-lhes proteção natural.

Várias pesquisas têm sido desenvolvidas com lipídios (protegidos ou não) em dietas de vacas lactantes, mas, em caprinos, os estudos ainda são incipientes. Chilliard et al. (2003) sugeriram que o metabolismo mamário dessa espécie é diferenciado e, portanto, as respostas à suplementação lipídica podem ser distintas daquelas apresentadas por bovinos.

Desta forma, objetivou-se avaliar a adição de lipídios, em diferentes formas de proteção à hidrogenação ruminal, em dieta para cabras e verificar sua influência sobre o consumo, a digestibilidade dos nutrientes, o comportamento alimentar, o balanço dos compostos nitrogenados e as possíveis alterações na resposta animal, avaliadas pela produção de leite e de seus constituintes.


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