Silagem de grãos de milho úmido

Enviado por Wignez Henrique


  1. Resumo
  2. Introdução
  3. Material e Métodos
  4. Resultados e Discussão
  5. Conclusões
  6. Literatura Citada

Avaliação da silagem de grãos de milho úmido com diferentes volumosos para tourinhos em terminação. Desempenho e características de carcaça

RESUMO

O experimento foi realizado com o objetivo de comparar os efeitos do fornecimento de silagem de grãos de milho úmido com o milho em grão seco, associados à silagem de milho ou ao bagaço in natura de cana-de-açúcar, sobre o desempenho e as características da carcaça de bovinos em terminação. Em blocos ao acaso e esquema fatorial 2 × 2, 28 tourinhos Santa Gertrudes (dez meses de idade e peso corporal inicial de 245 kg) foram mantidos em confinamento durante 142 dias. Os animais foram mantidos em baias individuais e receberam dietas com 12 e 20% da MS em forma de bagaço ou silagem, respectivamente. O milho úmido foi moído e ensilado quando se encontrava com 30% de umidade. Não houve interação significativa tipo de volumoso x tipo de processamento do milho sobre as variáveis estudadas. O bagaço mostrou-se viável como fonte exclusiva de fibra, apesar de os resultados de ganho de peso, eficiência alimentar, peso e rendimento de carcaça e espessura de gordura subcutânea terem sido inferiores aos obtidos com a silagem de milho. O ganho diário de peso nos animais alimentados com o bagaço foi em torno de 1,3 kg, enquanto, com a silagem, foi de 1,5 kg. O consumo de MS não foi influenciado pelo tipo de volumoso ou pelo processamento do milho. O uso da silagem de grãos de milho úmido melhorou a eficiência alimentar em 9,7% e reduziu o peso do fígado quando comparado ao milho seco, mas não alterou as demais características avaliadas.

Palavras-chave: alto concentrado, bagaço de cana-de-açúcar, milho em grão seco, silagem de milho

ABSTRACT

The objective of this trial was to evaluate the effects of feeding diets containing corn silage or sugarcane bagasse plus high moisture corn or dry corn grain on performance and carcass characteristics of finishing young bulls. Twenty-eight Santa Gertrudis young bulls averaging 10 months of age and 245 kg of body weight were assigned to a completely randomized block design with a 2 x 2 factorial arrangement of treatments. Animals were maintained in individual pens during 142 days and were fed sugarcane bagasse (12% diet DM) or corn silage (20% of diet DM) supplemented with two energy sources: high moisture corn or dry corn grain. The high moisture corn was grounded and ensiled with 70% of DM. There was no significant interaction between forage and corn type for any measured variable. Feeding sugarcane bagasse as the sole dietary forage source was satisfactory despite the reduced body weight gain, feed efficiency, carcass weight and dressing, and fat thickness compared to corn silage. The average daily body weight gain with feeding sugarcane bagasse was 1.3 kg while that with feeding corn silage was 1.5 kg. Intake of DM was not affected by forage type or corn source. High moisture corn improved feed efficiency by 9.7% and reduced liver weight compared to dry corn but no significant differences were observed for the remaining variables.

Key words: corn silage, dry corn grain, high moisture corn, sugarcane bagasse

Introdução

A utilização do grão de milho com alta umidade como alimento para animais no Brasil teve início no Paraná, principalmente em criações de suínos. Segundo Kramer & Voorsluys (1991), a denominação alta umidade justifica-se pelo teor de umidade do grão no momento da colheita, tendo sido recomendado de 35 a 40% de umidade para uma rápida e favorável fermentação do produto no silo.

Esses autores apontaram algumas vantagens da utilização dessa técnica, entre elas, a minimização das perdas na colheita, a liberação mais cedo da área para outras culturas, a redução do tempo gasto com a secagem e das perdas ocasionadas por insetos e roedores durante a armazenagem e a diminuição dos custos do alimento produzido.

O principal componente energético do grão de milho é o amido, que, nos ruminantes, pode ser fermentado no rúmen ou no intestino grosso ou digerido enzimaticamente no intestino delgado. A digestibilidade total do amido do milho é geralmente superior a 90% em bovinos (Owens et al., 1986), mas, em algumas situações, envolve a digestão do amido no intestino grosso, resultando em menores benefícios para o animal. A digestão microbiana do amido no rúmen ocasiona a produção de ácidos graxos voláteis, que são a principal fonte de energia dos ruminantes. A quantidade de energia extraída do amido depende principalmente da taxa de digestão no rúmen (Theurer, 1986).

O processamento dos grãos de cereais altera o local de digestão do amido no trato digestivo dos ruminantes. Os tratamentos que provocam alterações químicas do amido aumentam consideravelmente a utilização destes grãos em comparação aos processos mecânicos, principalmente em decorrência do aumento da digestibilidade do amido no rúmen (Theurer, 1986); ou seja, o maior efeito do processamento adequado de grãos é a mudança do local de digestão do amido do intestino para o rúmen e o aumento concomitante da porcentagem digerida em ambos os compartimentos. Huntington (1997) revisou trabalhos sobre a digestibilidade do amido e concluiu que métodos de processamento como floculação com vapor e grãos de alta umidade aumentam a digestibilidade ruminal do amido do milho e do sorgo, mas não beneficiam a digestibilidade do amido da cevada, do trigo e da aveia, pois as taxas de degradação do amido desses alimentos já são elevadas nos grãos não processados. A melhora na digestibilidade do amido com a utilização de grãos de alta umidade é ocasionada pela redução da interferência das matrizes protéicas do endosperma na hidrólise dessa fração, visto que estas matrizes ainda não estariam completamente formadas e solidificadas (Hale, 1973). Goodrich et al. (1975) afirmaram que o milho colhido com alta umidade poderia passar por fermentação mais longa durante o processo de ensilagem, o que resultaria em maior solubilização e digestibilidade de outros nutrientes além do amido.

Assim, ao utilizar grãos de milho com alta umidade, espera-se aumento na digestibilidade do amido e de outros nutrientes, o que, conseqüentemente, promoveria elevação no ganho de peso e/ou na eficiência alimentar. Entretanto os resultados experimentais têm sido variáveis, principalmente em decorrência do teor de umidade do grão, do processamento antes e após o armazenamento, do método de armazenamento e do nível de inclusão na dieta. Tonroy et al. (1974) verificaram diminuição no consumo de alimentos e ganhos equivalentes na utilização do milho úmido em relação ao milho seco, com melhoras de 9 a 25% na eficiência alimentar, e sugeriram a ocorrência de uma melhora na digestibilidade dos nutrientes. Resultados semelhantes foram obtidos por Stock et al. (1991).

O bagaço in natura, resultante da moagem da cana-de-açúcar, é um alimento rico em constituintes da parede celular, de baixo conteúdo celular, baixa digestibilidade, baixa densidade e pobre em proteínas e minerais. Por isso, quando comparado a outros alimentos para ruminantes, principalmente em dietas com alta proporção de volumoso, o desempenho dos animais foi prejudicado (Castro, 1989).

Objetivou-se neste trabalho comparar a silagem de grãos de milho úmido ao milho em grão seco em dietas com alto teor de concentrado, tendo como volumoso o bagaço de cana-de-açúcar in natura ou a silagem de milho, na terminação de tourinhos Santa Gertrudes em confinamento.


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