Terapia hormonal para a menopausa (TH)

Enviado por Suely Rozenfeld


  1. Resumo
  2. Introdução
  3. A mulher, o médico e a indústria farmacêutica
  4. Perspectivas
  5. Referências

 Múltiplos interesses a considerar

Hormone therapy and menopause (HT): multiple interests to consider

RESUMO

Em 2002, o estudo Women's Health Iniciative (WHI) foi interrompido após as estimativas revelarem que o uso dos hormônios aumentava o risco de doenças cardiovasculares e de câncer de mama. A literatura publicada após o ocorrido aponta três núcleos de interesse: a mulher, o médico e a indústria farmacêutica. Com relação à mulher, destacam-se os aspectos culturais da menopausa, a luta dos movimentos feministas, a escassez de estudos epidemiológicos. Com relação ao médico, é assinalada a precariedade de informação sobre segurança no uso dos fármacos. Com relação à indústria farmacêutica, destaca-se a motivação econômica.

Palavras-chave: Terapia de reposição hormonal, Utilização, Estrogênios, Menopausa

ABSTRACT

In 2002, the Women's Health Initiative (WHI) study was interrupted as evidence indicated that the use of hormones increased the risk of cardiovascular disease and of breast cancer. Since then scientific literature has pointed to three nuclei of interest for that issue: women, the doctor and the pharmaceutical industry. Regarding women, the following issues are emphasized: the cultural aspects of menopause, the feminist movements' struggle and the absence of enough epidemiological studies. With respect to doctors the lack of information on the safety of drugs is an important topic. Regarding the pharmaceutical industry the prevailing motivation is their economic interests.

Key words: Hormone replacement therapy, Utilization, Estrogens, Menopause

Introdução

O tema Terapia Hormonal (TRH) na menopausa ganhou realce em 2002. Em julho, foram divulgados resultados parciais do estudo Women's Health Iniciative Study Group (WHI - 2002), patrocinado pelo Instituto Nacional de Saúde norte-americano, com 16 mil mulheres. Um dos braços do estudo foi suspenso porque as estimativas indicavam que o uso dos hormônios aumentava o risco de doenças cardiovasculares e de câncer de mama. No ano seguinte, a Food and Drug Administration/FDA - agência norte-americana de regulamentação - recomendou que não se deveria usar os estrógenos - associados à progesterona ou não - para prevenir doenças cardíacas, mas apenas para o alívio dos sintomas vasomotores, nas menores doses possíveis, e após pesar riscos e benefícios23. No início de 2004, foi encerrado o outro braço do WHI, com 11.000 mulheres em uso de estrógeno isolado, pois as estimativas mostraram que a TRH não previne a doença cardíaca e aumenta o risco de derrame cerebral1.

No WHI, as 8.506 mulheres tratadas com estrógenos conjugados tiveram 40 eventos coronarianos, 40 derrames, 80 eventos trombo-embólicos e 40 casos de câncer de mama invasivos a mais do que as que receberam placebo. Segundo Sackett21, dada a freqüência com que o tratamento vinha sendo prescrito, centenas de milhares de mulheres saudáveis, no mundo todo, foram seriamente prejudicadas.

A partir de textos e da reflexão sobre o tema, é possível distinguir três núcleos de poderosos interesses em torno a questão da TRH: a mulher, o médico e a indústria farmacêutica.

A mulher, o médico e a indústria farmacêutica

Como mãe, esposa e dona-de-casa, a mulher é provedora das condições que permitem à família ter saúde e bem-estar. Para cumprir esse desiderato, ela adquire bens, através de meios e modos ajustados à organização social de cada espaço/tempo singular. O avanço da economia mercantil e do capitalismo trouxe os efeitos colaterais das funções femininas tradicionais. A mulher passa a ser alvo de cobiçosos interesses econômicos. De mantenedora de condições de vida saudáveis, ela vai se transformando em consumidora compulsiva e receptáculo das mais deturpadas idéias sobre beleza, envelhecimento e longevidade. Eis aí o caldo de cultura apropriado para o florescimento da TRH como mercadoria e instrumento de controle sexista.

Essa visão corresponde a um modo de pensar típico de sociedades ocidentais norteadas pela preponderância do ter sobre o ser. Uma pesquisa realizada na Índia revela que poucas mulheres indianas têm problemas com a menopausa; esperam ansiosamente essa fase, porque já não precisam mais usar véu e viver reclusas; são consideradas sábias15.

Os sintomas vasomotores são uma constelação que atinge órgãos muito distintos; a sua intensidade é muito variada, indo de leve até intensa (e não grave); as suas combinações são múltiplas; e a sua duração, desconhecida. Neles, estão incluídos os calores, a pele seca, a secura vaginal, somados à alteração de libido e insônia, alguns sendo aliviados pelo uso da TRH, outros não25. Os hormônios sintéticos são apenas uma entre as várias ferramentas para o alívio dos sintomas, que costumam aparecer associados aos dilemas, às contradições e às angústias próprias dessa etapa de vida.

Ou seja, os sintomas da menopausa se manifestam de modo muito desigual e fazem parte de um continuum do processo de envelhecimento.

Em termos do número de pessoas acometidas, a magnitude do problema não é desprezível. As ondas de calor no rosto e no corpo atingem cerca de 75% das mulheres norte-americanas ou européias em algum momento da fase de transição para a menopausa. Mas, o conjunto dos sintomas vasomotores definidos como moderados a graves atingem 12,5% das mulheres na menopausa6. Ou seja, não são inevitáveis, embora acometam parcela significativa da população mundial24 - 72 milhões de pessoas - e nacional11 - 2 milhões de pessoas.


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