Compreendendo o fio, a rede e o/a equilibrista: teoria e busca em Psicopedagogia

Enviado por João Beauclair


  1. Resumo
  2. Reconhecendo e (re)significando o fio como conhecimento
  3. Referencias
  4. Bibliografia

"Olhar teu olhar
é pousar

sem parar de voar ".
Mário Pirata

RESUMO:

Sabemos que a Psicopedagogia no Brasil está se consolidando, cada vez mais, num movimento de busca concreta por respostas e alternativas aos problemas vinculados ao aprender, que se avolumam no cotidiano da escola, cujas conseqüências se fazem, cada vez mais, presentes no contexto social.
Enquanto campo do conhecimento em construção sobre a articulação entre o psíquico e o cognitivo e suas profundas relações com a gênese da aprendizagem, a Psicopedagogia tem se constituído num espaço plural e multidisciplinar, na procura constante de aportes teóricos construtores de sua epistemologia e propiciadores de sua fundamentação.
Minha proposta de reflexão neste trabalho é pensar como num mundo repleto de idéias tão abrangentes e plurais, é possível encontrar eixos fundadores desta epistemologia.

Reconhecendo e (re)significando o fio como conhecimento:

"Por que escrever? Para ser surpreendido".
O escritor senta-se com a intenção de dizer uma coisa e escuta seu escrito dizendo algo mais ou algo completamente diferente.
A escrita surpreende, instrui, questiona e
conta sua própria história
e o escritor torna-se um leitor, imaginando o que acontecerá a seguir."
Donald Murray

As metáforas expressas aqui, "fio, rede, equilibrista",  surgiram com a releitura de algumas interessantes idéias expressas num trabalho de Alícia Fernandéz, além do meu reconhecimento da existência, entre nós, de uma densa teia de múltiplos saberes sobre o sujeito como autor, o social como contexto e o aprendizado como processo.  
Por uma opção didática, tratarei a seguir de cada uma das metáforas citadas, propondo-me a vislumbrar as inter-relações que perpassem o terreno da práxis psicopedagógica e, assim, refletir sobre a busca permanente de uma ou mais teorias, que a fundamentem.
Etimologicamente a palavra texto possui uma aproximação com as palavras tecer e textura. Na língua latina textus significa tecido. Para tecer, precisamos de fios. À medida que nos dispomos a manuseá-los e nos propomos a escolher com quais iremos tecer, é no entrelaçamento de fios que o tecido se faz possível. Podemos optar por cores, matizes, espessuras, pontos e formas de tecer. Dos fios, faz-se o tecido.
Para se fazer teoria, é preciso tecer, é necessários ter fios. Fios que nos conduzam pela tessitura, que vá se constituindo um corpo e assim ganhe uma corporeidade significativa, que surja, apareça, configure-se. É preciso, para fiar na roca da teoria, conhecer os fios com os quais se quer tecer, aproximar-se de sua essência, observar suas particularidades, suas "consistências" e seus limites, sem esquecer o todo.    
No paradigma da complexidade, proposto por MORIN (1990), o todo é complexo e a complexidade pode ser compreendida considerando um belo exemplo por ele citado:
"Consideramos uma tapeçaria contemporânea. Comporta fios de linho, de seda, de algodão, de lã, com cores variadas. Para conhecer esta tapeçaria, seria interessante conhecer as leis e os princípios respeitantes a cada um destes tipos de fios. No entanto, a soma dos conhecimentos sobre cada um destes tipos de fios que entram na tapeçaria é insuficiente, não apenas para conhecer esta realidade nova que é o tecido (quer dizer, as qualidades e as propriedades próprias desta textura), mas, além disso, é incapaz de nos ajudar a conhecer sua forma e configuração".    

 


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