O que aprende quem ensina?

Enviado por João Beauclair


  1. Resumo
  2. Aprender e ensinar: contribuições de Abraham Maslow, David Paul Ausubel e Paulo Freire
  3. As idéias de David Paul Ausubel
  4. As idéias de Paulo Freire
  5. Novos paradigmas e educação: uma breve discussão
  6. ¿O que aprende quem ensina? Uma pergunta, muitas respostas...
  7. Referências bibliográficas

Navegando em redes, revendo trajetórias, construindo outros roteiros.

RESUMO:

Este ensaio pretende discutir a questão dos novos paradigmas em Educação e sua conseqüente importância para a revisão da prática pedagógica de educadores envolvidos em cursos de graduação e pós-graduação na contemporaneidade. A partir da sistematização de um conjunto de idéias sobre currículo e aprendizagem significativa, ressalta a importância das propostas de intervenção educativa onde a pesquisa seja o foco da ação docente e discente e, ainda, ocorra a construção de novos olhares sobre os complexos processos do ensinar e aprender na atualidade. Baseando nos pressupostos da Psicologia Humanista, presentes em Abraham Maslow, David Paul Ausubel e Paulo Freire, este pequeno ensaio teórico visa redimensionar questões referentes a aprendizagem cognitiva, contribuindo assim para o fomento de discussões a respeito da formação, do trabalho e da educação neste limiar do século XXI.    

Palavras-Chave: Aprendizagem Significativa, formação continuada, novos paradigmas educacionais.

I - Aprender e ensinar: contribuições de Abraham Maslow, David Paul Ausubel e Paulo Freire.

Desde as décadas iniciais do século passado, perguntas sobre o aprender, o conhecer e o ensinar permanecem num questionamento contínuo aos modelos educativos tradicionais, e com isso fazendo com que permanentemente ocorram significativas transformações na prática educativa, sejam voltadas para os enfoques ou para os processos vinculados ao ato de ensinar e do aprender.

Este questionamento contínuo dos processos de aprender e de seus respectivos objetos, esta cada vez mais presente nos variados campos do conhecimento humano, renovando pesquisas na Pedagogia, na Psicopedagogia, na Psicologia, na Biologia, enfim, nas ciências contemporâneas. Muitas são as contribuições a serem estudadas, comparadas, analisadas e repensadas e as Abraham Maslow, de David Paul Ausubel e de Paulo Freire, priorizadas aqui para ampliar nossas compreensões sobre aprendizagem e cognição, ajudam nos processos de melhor percepção sobre a construção de conhecimentos no espaçotempo da sala de aula e possibilitam, ainda, pensares sobre nossos papéis enquanto educadores/as envolvidos no diálogo transdisciplinar, tão necessário em nossa contemporaneidade.

A experiência e investigação que estamos tecendo, no decorrer de nossa caminhada, nos aponta que o ensinar e o aprender são componentes de uma busca conceitual cada vez mais complexa e abrangente. E apesar de percebermos uma postura consensual sobre o ato educativo em si, algumas questões emergem tanto no que tange a aprendizagem e ao desenvolvimento, como também no que concerne às relações existentes entre estes dois movimentos humanos.

Sabemos que a aprendizagem é uma atitude, uma ação humana construída no âmbito da subjetividade de cada indivíduo, e cada processo emergente nesta construção é derivado de movimentos pessoais voltados à interpretação de cada dado que se tem contato na própria trajetória de cada aprendente.

Aprender, entretanto, "não quer dizer fazer uma interpretação e representação interna da realidade ou informação externa, mas fazer uma interpretação e representação pessoal de tal realidade. Isto faz com que o processo de aprendizagem seja único e "irrepetível" em cada caso. Esta construção individual não se opõe à interação pessoal, pelo contrário, as duas se complementam".

Desta forma, nosso entendimento de aprendizagem pode ser, então, inicialmente ampliado com algumas idéias de Abraham Maslow, de David Paul Ausubel e de Paulo Freire, comentadas a seguir.

As idéias de Abraham Maslow:
"Bebida é água, comida é pasto
Você tem sede? Você tem fome de quê?"

Psicólogo experimental e professor de Psicologia na Universidade de Brandeis, junto com Anthony Sutich, no final da década de 50 e início os anos 60 do século passado, articulou, organizou e institucionalizou o Movimento Humanista, considerado pelos estudiosos da Psicologia como a Terceira Força da Psicologia.  

Com interesses pouco ortodoxos e desafinados à forte predominância do behaviorismo nos espaços acadêmicos, tinha dificuldade de veicular suas idéias e tornar publico seus estudos e idéias. Em meados da década de 50, junto a diversos outros estudiosos, fundou a Rede Eupsiquiana, geradora do Movimento Humanista. Em 1961 foi lançado com o primeiro número da Revista de Psicologia Humanista, cujo nome passa a designar, oficialmente o Movimento por ele fundado.

Para Maslow, a motivação humana é o cerne de todos as questões relativas ao sucesso na aprendizagem. Segundo este autor, comportamentos tais como a recusa de responsabilidade e até mesmo a passividade diante dos dilemas da vida humana são, na verdade, sintomas gerados pela Insatisfação das Necessidades Egoísticas.

De acordo com suas idéias, presentes na Teoria da Hierarquia das Necessidades, a frustração é tão complexa quanto a desnutrição nos seres humanos.  São as organizações e instituições sociais que devem estar preocupadas não somente com a satisfação das necessidades básicas de cada sujeito, mas também com suas necessidades de auto-realização.

HIERARQUIA DAS NECESSIDADES
PIRÂMIDE MOTIVACIONAL
Figura 1: Hierarquia das necessidades na Pirâmide Motivacional.
Fonte: Adaptado de Chiavenato, 1994, p.170.

Necessidades biológicas como a sede, a fome e o sono são necessidades fisiológicas, cuja relação estabelece com as necessidades fundamentais do sujeito. Quando não se estão satisfeitas plenamente ou satisfeitas apenas superficialmente são as necessidades que se apresentam com mais dominância e premência no comportamento humano:

"Se todas as necessidades estão insatisfeitas e o organismo é dominado pelas necessidades fisiológicas, quaisquer outras poderão tornar-se inexistentes ou latentes. Podemos então caracterizar o organismo como simplesmente faminto, pois a consciência fica quase inteiramente dominada pela fome. Todas as capacidades do organismo servirão para satisfazer a fome.."  

Assim, quando um sujeito é dominado pela necessidade fisiológica, a tendência maior de suas ações é a de elaborar percepções voltadas essencialmente aos mais variados estímulos que objetivem a sua satisfação. Isso é problemático, porque tanto o seu olhar sobre o seu futuro e, principalmente, sobre o seu presente, fica comprometido, determinado e limitado. O autor em destaque salienta que conceitos abstratos como solidariedade, liberdade, respeito e amor, entre outros, são praticamente impossíveis de serem assimilados e vivenciados efetivamente por sujeitos que não tenham suas necessidades fisiológicas básicas atendidas.  


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