A arte de se fazer de vítima



"Um povo que não se habitua à reflexão filosófica, ou seja, à busca da essência das coisas, é presa fácil da manipulação, da propaganda, da mentira" - Prof. João Baptista Herkenhoff in O direito processual e o resgate do humanismo.

No último dia 11 de setembro completaram-se dois anos do atentado às torres gêmeas do World Trade Center em New York City.

O que se viu foi uma "avalanche" de manifestações em favor da paz, e em memória das vítimas do atentado terrorista provocado pelo grupo muçulmano radical liderado por Osama Bin Laden.

Todos choraram a morte dos milhares de civis inocentes no centro da economia mundial. Porém, todos se esqueceram do sofrimento de milhões de inocentes, condenados por uma política norte-americana de dominação, a uma sub-vida, em nada condizente com a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU.

Sobre o tipo de violência exercida pelos EUA, escreveu o grande prof. João Baptista Herkenhoff:

"<...qualquer pessoa identifica o comportamento de violência num homicídio ou num roubo (subtração de coisa alheia móvel, mediante, justamente, grave ameaça ou violência). Entretanto, nem sempre se percebe o conteúdo de violência na cena de uma criança raquítica que morre de sarampo. A violência institucionalizada é mais sutil. é aceita como natural. Às vezes é até interpretada como se fosse a vontade de Deus. Por falta de espírito crítico, as pessoas, com freqüência, não sabem identificar as causas dessa espécie de violência, nem podem imaginar alternativas de organização sócio-político-econômica que suprimiam as situações de violência estrutural. A violência institucionalizada é o conjunto das condições sociais que esmagam parcela ponderável da população, impossibilitando que os integrantes dessa parcela tenham uma vida humana. Não se pode escamotear que estão sendo violentados todos aqueles seres humanos privados das condições mínimas de existência: os adultos que passam fome; as crianças que passam fome e cujo cérebro é, irreversivelmente, deteriorado pela desnutrição; os que não têm direito ao abrigo, à privacidade de uma habitação; os que não têm direito à saúde; os que não têm direito a qualquer descanso ou lazer porque a uma longa jornada de trabalho vem se somar uma longa jornada perdida no transporte urbano; os que não têm direito a qualquer espécie de participação nas decisões públicas; os que não têm direito à solidariedade, condenados ao isolamento por força de uma organização social que pulveriza os contatos no nível de pessoa e de grupo" (in Direito e utopia, pág. 39).

Não quer-se dizer com isso que os mortos em 11 de setembro de 2001 não eram inocentes, nem tão pouco quer-se martirizar Bin Laden e seus seguidores. Tudo o que se quer é estabelecer algumas verdades.

Os EUA sempre se destacaram pela sua política de dominação mundial, desde antes da guerra fria com a antiga URSS até os dias de hoje, com sua "caça às bruxas" terroristas e seu tribunal de inquisição.

Bin Laden ataca o povo americano (como se só fossem verdadeiramente americanos os norte-americanos!), e o que se vê em resposta?

Num primeiro momento, um ataque indiscriminado à todo um país, o Afeganistão, como se todos os afegãos fossem seguidores de Osama.

Não obtendo sucesso, na sua caça à Bin Laden, a vítima, George Walker Bush procura dar uma resposta ao tão sofrido povo norte-americano, e apenas para acabar com a ameaça terrorista, e sem a aprovação da ONU, ataca o Iraque, um país que, até aquele momento, não representava qualquer perigo imediato aos EUA.

Alguns dias antes da guerra contra o Iraque eu cheguei a mandar, via e-mail, a seguinte mensagem para alguns amigos:

"Atenção:

Você tem dois dias para destruir todas as facas de sua casa, caso contrário eu e meus amigos invadiremos sua casa, mataremos você e sua família e destruiremos toda a sua casa!

Qual o motivo?

Você tem facas em casa, e com essa onda de assassinatos bárbaros que andam acontecendo no Brasil, eu tenho medo de que você, ou alguém de sua família tentem me matar, ou alguém de minha família!

Por isso você tem dois dias para destruir todas as suas facas, ou sofrerá as conseqüências, mesmo que a Constituição proíba, mesmo que a polícia tente impedir, mesmo que o STF seja contra..."

E, como fiz naquela época, explico:

Você acha esta ameaça loucura? Pois foi mais ou menos isso que fez Mr. Bush: invadiu o Iraque para destruir as armas nucleares (se é que existem, pois até hoje, ainda não foram encontradas), matou inocentes que estavam em seu caminho, mesmo contra tratados internacionais de paz, mesmo contra a opinião mundial, e mesmo contra a decisão ONU. E por quê? Dizem que é por medo de sofrer ataques destas supostas (supostas sim, pois ainda não foi comprava sua existência) armas químicas, nucleares e biológicas, mas na verdade, o que queria é:

1º - fomentar a economia, e sobretudo a indústria militar Norte-Americana para poder afastar a recessão que assombra o país;

2º - destruir ao máximo possível o Iraque, para que estes, depois de deposto Saddan Hussein, pudessem pedir empréstimos internacionais (de preferência ao próprio EUA), para que o país se afunde em dívida externa, assim como o Brasil, para que possa ser, sempre, submisso aos interesses americanos (assim como nós);


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