A economia portuguesa: entre espanha e as finanças transnacionais

Os processos económicos contemporâneos são marcados por duas características muito fortes: mobilidades e territorializações. O que correntemente se chama globalização representa uma visão em que é central a noção de liberdade territorial dos agentes, pois o que está em causa é uma intensificação original das interacções socioeconómicas (seja nos planos interestatais, inter-regionais ou transnacionais, seja nos domínios económico, cultural, territorial ou simbólico). Assim sendo, a dependência face ao que é dotado de mobilidade e de capacidade de hierarquização sistémica tornar-se-ia geral, visto que estas são as qualidades dos agentes que têm poder de comando principal, os quais agem num plano aterritorial. O mundo estruturar-se-ia predominantemente a partir de relações de heteronomia. A convergência entre nações é, nestes termos, a regra, já que quer as estruturas de produção, quer as relações entre economia, sociedade, política e Estado, são influenciadas decisivamente pela concorrência, pelo determinismo tecnológico, pela mobilidade de capital, pela difusão das práticas “vitoriosas”, pela imitação.

Acontece, contudo, que ao lado deste modo de ver surgem outras hipóteses e realidades (não necessariamente rivais, embora o ecletismo não seja bom conselheiro). Uma delas é que as decisões dos agentes tanto se alimentam daquela característica geral, representada na intensificação das relações sociais, quanto do que poderíamos chamar uma profunda dependência contextual, no sentido em que não só é grande a variabilidade das expressões concretas dos fenómenos socioeconómicos, como ela radica em mecanismos diferenciados e plurais, de que fazem parte processos e dinâmicas de proximidade. Importará, então, ter em conta tudo o que diz respeito à criação de relações horizontais, de economias de aglomeração e de proximidade, e à formação de dinâmicas territorializadas e, portanto, diferenciadas, assentes na cooperação, em aprendizagens, em conhecimentos tácitos, em culturas técnicas específicas e em inter-relações sinérgicas. Este modo de ver está, evidentemente, dependente da “disponibilidade mental” para perceber que as realidades socioeconómicas concretas, para além de espessura própria, dispõem frequentemente de circunstâncias que as levam a percorrer trajectórias singulares.



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José Reis
jreis[arroba]fe.uc.pt


 
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