Diálogos e Conflitos Professor-Aluno no Ensino Superior I



Alerto ao leitor que este é apenas um esboço de projeto para um artigo científico. Nesta primeira parte quero apenas expressar o meu ponto de vista e minha possível pretensão de refletir academicamente esse assunto e embasá-lo com algum referencial histórico.

Dito isso, exponho o meu ponto de vista. Antes de tudo é uma preocupação e, por que não, um desafio. Esse desafio começa no quesito primordial: a) o professor do ensino superior quer dar aulas. Não basta só querer e dirigir-se à sala onde deveriam estar os alunos.Estes estão protelando o início das mesmas para a segunda semana letiva da Instituição de Ensino superior. Isso quando não para mais do que isso. Nesse ano, com o carnaval por volta do vigésimo dia do mês de fevereiro, boa quantidade de acadêmicos deixou para retornar à academia somente após as celebrações carnavalescas. São 3 semanas sem aula.

Suponhamos uma carga horária de 20 horas semanais. Formam-se 60 horas se espera e atraso. Afinal existem conteúdos semestrais que ss constituem de 60 horas. Isso significa que alguns perderam, já de início, uma disciplina completa. Até se poderia justificar que um curso superior não precisa ser feito necessariamente em 8 semestres ou quatro anos, mas pode ser prolongado até a sete anos. Mas quando se aproxima o momento da formatura, ninguém quer postergar a sua para mais tarde. Na mesma seqüência, ainda, quando vai se aproximando o final do bimestre ou semestre, então aquela lamentação e aquela corrida em busca de justificar algumas faltas, pedir a conivência do professor para "abonar" algumas faltas. Há ainda o problema das sextas-feiras, dos feriados em meio de semana, marcadamente nas terças e quintas-feiras, as tais "semanas de "saco cheio" "

Um segundo problema enfrentado é que b) o professor imagina aprofundar um determinado tema. Ao tentar fazer essa peripécia ele se esbarra com pelo menos três situações: 1) Os alunos não estão embasados o suficiente.

Então em vez de aprofundamento, o professor tem de iniciar dando conceitos básicos, os quais deveriam ter sido lapidados no ensino médio, mas ali também não foi possível porque a educação fundamental e básica foram ineficazes; 2) Os alunos não gostam, não querem, não sabem e não conseguem ler. Começa com a falta de livro, vai para a falta de tempo, passa pela dificuldade de compreender a leitura e ajunta-se na ojeriza à leitura. Não há ensino superior que consiga deslanchar-se sem bom embasamento teórico do qual a leitura é um dos pilares essenciais; 3) Os alunos não querem aprender

Há também um terceiro elemento: c) O professor pretende contribuir para a formação humana integral do acadêmico. Tal tarefa se parece muitas vezes impossível. Há uma minoria universitária que apresenta e vivencia atitudes e aberturas para uma formação humana. Desde o quesito "boa educação" até outros de "civilidade" e sociabilidade são carentes entre os acadêmicos. As formas de relacionar-se com seus semelhantes, certas indumentárias extravagantes, certos exageros na tonalidade das quase conversas, o porte e uso de celulares em recinto de sala de aula parecem coisas tão normais aos acadêmicos que eles até se surpreendem quando alguém , principalmente se o professor, chama-lhes à atenção para a inconveniência de tais comportamentos.

Uma situação que igualmente se apresenta, e esta é uma quarta, é aquela em que d) o professor tem interesse em repassar conteúdos práticos. Para que possa chegar até eles, o professor precisa apontar certos referenciais introdutórios. O aluno não quer saber de nada que teorize. Sua pseudo vontade é a de que se vá diretamente à prática. Parece não interessar-lhe nenhum porquê. Preocupa-o tão somente o como, o quando, o onde ou o quanto. Nada de reflexão. Só ação.

Existe também uma situação,a quinta, portanto: e) O professor tem intenção de promover o diálogo. Entretanto, as concepções e experiências de diálogo parecem ser tão diferentes entre alunos e professores que parecem ser idéias inconciliáveis.. O professor pode até ter uma noção de diálogo como fala, escuta e busca comum de soluções. O aluno pode estar querendo uma espécie de diálogo onde ele seja ouvido, mas de uma forma que as coisas lhe sejam bem mais favoráveis e cômodas. O diálogo do acadêmico ainda está muito imbuído da "lei de Gérson" . Não que a idéia de diálogo do professor também seja sempre democrática. Mas, em geral, está ficando difícil implantar algum tipo de diálogo em sala de aula. O

professor tem que ter muita habilidade porque ou ele parte para o autoritarismo ou ele abraça o laxismo acadêmico, onde prevalecem as exigências acadêmicas de facilidades e comodidades. Ficar no meio não está nada fácil.

Quanto a um sexto elemento pode-se colocar: f) o comprometimento com a Instituição de Ensino Superior. Nesse, parece ser possível constatar algumas ambigüidades, pelo menos regional e localizadamente. Se o acadêmico é de uma Instituição Pública tem-se a impressão de não haver nenhum comprometimento maior com ela. Afinal é de graça mesmo e quem é responsável por ela é o governo. Observe-se que a evasão de escolas públicas não é de número muito inferior à das Privadas. Se o aluno freqüenta uma Escola Particular ele se compromete pouco com ela. Afinal, eu pago minhas mensalidades, os mantenedores que se danem. Aliás, há alguns que até raciocinam que a Instituição é obrigada a promovê-los de uma série para a outra, desconsiderar suas faltas letivas e disciplinares. Afinal eles pagam, logo eles exigem. E ainda concluem que sem eles a Instituição não sobrevive.


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