Os (des) caminhos dos cursos técnicos no Brasil



  1. Resumo
  2. Quem guarda os portões da fábrica?
  3. Um museu de grandes novidades
  4. Referências bibliográficas

Resumo

Neste artigo é abordada o processo pelo qual se condicionou a formação profissionalizante em seu contexto histórico. Delineando vertentes de grande releváncia que irão repercutir até os dias atuais. Principalmente no atual momento, onde se reestruturam os cursos técnico-profissionalizantes. O artigo analisa também as principais idéias surgidas neste contexto de reestruturação destes cursos, bem como os distintos sentidos de uma formação profissionalizante.

Palavras chave: formação - profissionalizante - politecnia

Quem guarda os portões da fábrica?

No século XVIII, na Inglaterra, começa a se caracterizar um novo modo de produção, que no séc. XIX iria se espalhar por quase toda a Europa e no séc. XX por quase todo mundo. A Inglaterra tinha a primazia de ser o país a realizar a Revolução Industrial.

A Inglaterra viveu o pioneirismo neste novo modo de produção devido a reunir determinados fatores como: o intenso comércio marítimo, as grandes reservas naturais de carvão, o acúmulo de capitais, os "enclousures" (cercamento dos campos) e o desenvolvimento do sistema de créditos financeiros (com o Banco da Inglaterra). (Huberman, 1962, p. 192)

Transformações no modo de produção modificam diretamente as relações econômicas, interferindo também nas relações sociais e políticas.

Um "novo mundo" estava sendo delineado, um mundo onde a energia física passava a ser substituída pela energia mecánica (máquinas a vapor), as ferramentas davam lugar às máquinas e as manufaturas às fábricas. Era espantoso naquele momento o aumento da capacidade produtiva; cada vez mais produzia-se em menor escala de tempo, originando assim a produção em série - intensificando a divisão do trabalho nas fábricas (exigindo uma especificação das funções do empregado).

Nas relações sociais, a dicotomia entre a burguesia industrial e o proletariado era precisa e evidente. A burguesia industrial era a proprietária do meio de produção (indústria), do instrumental (máquinas) e do capital; o proletariado vendia sua força de trabalho em troca de um salário, conseqüentemente a situação de vida dos proletários assalariados contrastava com a vida de riqueza e luxo da burguesia industrial. Os proletários assalariados possuíam péssimas condições de saúde devido à falta de higiene, péssimas moradias, além de encontrar no ambiente de trabalho (fábrica) entre outros fatores, o ar em alto grau de poluição (devido às máquinas a vapor).

Não havia legislação trabalhista que regesse as relações de trabalho do proletariado assalariado; as "regras trabalhistas" eram ditadas pela burguesía industrial, que obviamente ditava estas "regras" conforme seus interesses.

Os proletários assalariados trabalhavam até quinze horas por dia, seis dias por semana. Não tinham direito a férias, nem seguridade previdenciária (assistência médica e aposentadoria). Pagavam-se baixos salários, freqüentemente aplicava-se aos proletários assalariados multas por atraso ou por quebra de peças. Havia também o trabalho feminino e o trabalho infantil, as mulheres e as crianças recebiam salários menores. Esta exploração da classe trabalhadora possibilitou uma grande acumulação de riqueza nas mãos da burguesia; quanto menores os salários, maiores os lucros. Sendo assim:

"A jornada de trabalho não é, portanto, constante, mas uma grandeza variável. é verdade que uma das suas partes é determinada pelo tempo de trabalho exigido para a contínua reprodução do próprio trabalhador, mas sua grandeza total muda com o comprimento ou a duração do mais - trabalho. A jornada de trabalho é, portanto, determinável, mas em si e para si, indeterminada." (Marx, 1996, p. 346) é relevante relatar que além destas transformações descritas, houve também com a Revolução Industrial um crescente processo de urbanização e progressiva decadência da sociedade rural, além de um extraordinário desenvolvimento dos meios de transporte (navio a vapor, locomotiva) e de comunicação (telégrafo).

Diante de todo esse contexto surgiram vários pensadores e teorias para explicar as novas relações político-econômico-sociais. O liberalismo econômico procurava justificar a organização industrial com idéias como "leis da natureza" e a "lei da oferta e da procura".

Nesse período da Revolução Industrial, devemos destacar ainda a origem do pensamento socialista e suas ramificações. O socialismo utópico representado por Saint Simon, Fourier, Prodhon e Owen pregava a criação de uma sociedade harmoniosa, onde os cidadãos viveriam em comunidades livres e cooperativas.

O socialismo cristão, representado por Lamennais, Adolf Wagner, J. Maurice e o Papa Leão XIII, procurava lançar apelos às classes dominantes a fim de que fossem aliviados os sofrimentos das classes dominadas.

E em meio a uma onda de protestos e agitações, em 1848 é lançado o "Manifesto Comunista" por Karl Marx e F. Engels. A partir daí surge o socialismo científico (principalmente após a publicação de "O Capital"), que possui em sua base, como forma de análise, a dialética (segundo a qual a evolução histórica das sociedades dá-se através da superação constante das contradições). (Sader, 1986, p. 10)


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