Crença pré-atitudinal. Da não conformação da crença a uma teoria das atitudes proposicionais

Cunhada por Bertrand Russell, a expressão ‘atitude proposicional’ designa qualquer estado mental que apresente explicitamente uma dada atitude, por parte de um sujeito, face a uma dada proposição. Exemplarmente, enunciam-se atitudes face a uma dada proposição p da seguinte forma: ‘Eu creio que p’, ‘Tu desejas que p’, ‘Ele espera que p’, etc.. Os verbos conjugados ‘Crer’, ‘Desejar’, ‘Esperar’ expressam linguisticamente os diferentes tipos de atitude assumíveis face a uma dada proposição.

O módulo dual atitude/proposição tem tido particular importância no quadro da caracterização daqueles estados mentais que são acerca de algum conteúdo e que, por isso, se dizem intencionais. Com efeito, não é raro encontrar-se na bibliografia filosófica sobre filosofia da mente a ideia de que, no essencial, a vida mental é composta por duas classes de elementos, por um lado os estritamente sensoriais, base hilética e não intencional da percepção, e por outro as ditas atitudes proposicionais.

Ora, em contraste com o exposto, procurarei esclarecer que o desempenho da crença no processo cognitivo de uma mente, longe de poder ser contido no âmbito estrito das atitudes proposicionais, como uma espécie entre outras, deve poder ser pensado também num plano mais fundante. Para esse efeito, procurarei caracterizar o que designarei por ‘crença pré-atitudinal’ – trata-se de uma crença não expressa, ainda que expressável, que não corresponde a uma espécie de estado mental, mas a momentos constitutivos dos estados mentais, identificáveis, portanto, também em todas as atitudes proposicionais. Além disto, e já do ponto de vista de uma compreensão do processo cognitivo, esta crença pré-atitudinal exemplifica bem a insuficiência de estratégias de estudo que tomam a linguagem, com a sua forma sintáctica, como paradigma que molda a abordagem aos estados mentais.

Tomarei como autor de referência para a exposição John Searle, pela clarificação conceptual que introduz no estudo da mente com o seu Intentionality, mas igualmente pelo facto de exemplificar cabalmente as dificuldades que aponto à opção por uma abordagem à mente através de lentes linguísticas.



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André Barata
abarata[arroba]ubi.pt


 
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