Fazer ciência em Psicopedagogia: Uma convergência de olhares para o lugar transdisciplinar do ser o do saber



RESUMO

Este artigo é o resultado de uma reflexão sobre as potencialidades da Psicopedagogia enquanto escopo teórico derivado de múltiplas interações epistêmicas. Uma área de conhecimento que permite investigações num nível mais aprofundado e que concebe o ser integral inserido em um contexto histórico apresentando inúmeras dimensões no que tange aos processos cognitivos, mesológicos, afetivos, psico-sociais, energéticos e relacionais como uma complexa teia que tem seu ponto centralizador nas subjetividades. A contribuição da psicopedagogia na construção de uma sociedade mais operativa é de extrema importância visto que a mesma propõe oferecer aos sujeitos um "modus operandi" de estabelecer um contato mais fidedigno e criativo com as próprias potencialidades.

Palavras-chave: Autorias, ciência, contemporaneidade, dicotomia, educabilidade, individuação, mediação, multideterminação, subjetividade.

A Psicopedagogia no Brasil tem hoje uma trajetória de quase trinta anos de luta, surge como uma área que se propõe a responder importantes questões da aprendizagem humana apresentando possibilidades como: uma prática, um saber científico e um campo do aprender. Com um corpo teórico próprio, fruto de décadas de pesquisas atua na prevenção de insucessos interrelacionais e de aprendizagem dentro das organizações como um todo. Tomando a complexidade do seu objeto de estudo tem muito a investigar e empreender pesquisas que considerem a multideterminação desse processo. São paradoxais os caminhos do aprender e o impacto do não-aprender numa sociedade em que a informação tão somente não promove desafios que leve os indivíduos á ressignificação dos seus constructos, mas que o exercício da contextualização é que geram sinapses significativas ao desenvolvimento do sujeito.

Diante do momento histórico vivido, em que os ensaios de "verticalização do humano" em termos de integração de fatores psicológicos e somáticos e com o aprofundamento das discussões sobre o lugar filosófico das funções mentais superiores, as dicotomias são gritantes e se constituem no enredo das relações cotidianas fazendo com que as instituições venham a se questionar e a reavaliar seus aportes e recursos humanos em termos das múltiplas configurações que a educabilidade cognitiva e emocional permite aos sujeitos.

A Psicopedagogia como ciência vem para contrapor paradigmas, pois se ocupando de um objeto de estudo tão plástico e complexo quanto ás modalidades da aprendizagem humana e as autorias de pensamento dos indivíduos ela está se constituindo a cada sujeito diagnosticado, a cada situação problematizada, num escopo teórico para onde confluem várias ciências que se comprometem em explicar as relações do sujeito com o meio, com o outro e consigo mesmo. Nádia Bossa (2000) diz que "a cada dia o sujeito da psicopedagogia tem se apresentado com contornos mais específicos, que não propriamente o sujeito epistêmico de Piaget, nem o sujeito do inconsciente de Freud, nem o sujeito cindido de Lacan e outros, mas resgatado como um sujeito total: não a soma, e sim a articulação desses sujeitos".

O ser humano em sua inteireza resguarda um manancial de complexidades que a cada sistema de hipóteses levantado se formam mais e mais volutas, requerendo uma leitura apurada do que é pessoal nas multiderterminações do sujeito que imagina, pensa, sonha e age. O olhar psicopedagógico deverá conceber os indivíduos em interação constante, num movimentar "ad infinitum" como seres plurais e singulares que contém em seu âmago a gênese das dicotomias mais profundas, bem como os mecanismos mais bem elaborados de adaptação e construção da realidade.

Sendo assim, o lugar da teoria nos movimentos de ensinagem-aprendizagem em Psicopedagogia poderá estar configurado nas intercadências, onde os conteúdos internos simbolizados dialogam com as teorias que chegam "de fora". O lugar da teoria é o espaço além dos paroxismos que precisam ser re-elaborados a partir da mediação daquele que se debruça como ensinante e co-participa do ato educativo delegando o sentido aos que estão ora como aprendentes. Com um olhar metodológico que valoriza o sujeito como um ser desejante e que reconhece o valor das experiências que o mesmo carrega em si, é possível fazer um "encontro de olhares" onde teoria e prática se confundem num movimento complementar e rico de significados.

A visão de desenvolvimento enquanto processo de apropriação do conhecimento através da experiência histórico-social é relativamente recente e durante longos anos, o papel da interação de fatores internos e externos no desenvolvimento não era destacado. Enfatizava-se ora os primeiros, dentro de uma abordagem inatista, ora os segundos a partir dos pressupostos ambientalistas ou comportamentalistas.


Página seguinte 



As opiniões expressas em todos os documentos publicados aqui neste site são de responsabilidade exclusiva dos autores e não de Monografias.com. O objetivo de Monografias.com é disponibilizar o conhecimento para toda a sua comunidade. É de responsabilidade de cada leitor o eventual uso que venha a fazer desta informação. Em qualquer caso é obrigatória a citação bibliográfica completa, incluindo o autor e o site Monografias.com.