As algas marinhas e respectivas utilidades

O litoral português, com um total de 830 quilómetros comporta, separados por grandes areias, extensões rochosas, muitas delas ricas em algas. Grande parte das zonas costeiras encontram-se muito expostas à acção do mar (Lewis, 1964) e as algas do patamar médiolitoral encontram-se sobretudo no horizonte inferior, delimitado pelo nível mínimo da maré baixa (Múrias, 1994; Pereira, 1996b).

Ardré (1970; 1971), que estudou exaustivamente a flora algal portuguesa no final da década de 60 (do século passado), identificou e descreveu 246 espécies de Rhodophyceae, 98 Phaeophyceae e 60 Chlorophyceae, números que não se alteraram significativamente desde então (Sousa-Pinto, 1998).

A costa portuguesa apresenta um gradiente acentuado na distribuição da flora algal.

A flora do patamar médiolitoral do Norte do país é similar à encontrada na zona central da Europa (Bretanha e Sul das ilhas Britânicas). A flora algal do Sul do país é, no entanto, bastante diferente, havendo aí uma nítida influência do Mediterrâneo e da zona Norte da costa ocidental Africana (Sousa-Pinto, 1998; Afonso et al., 2000).

As algas do litoral ocidental, com uma orientação Norte-Sul, podem ser agrupadas em dois grupos: as algas da zona Norte (entre a foz do rio Minho e a foz do rio Tejo); e as algas da zona Sul (entre a foz do rio Tejo e o Algarve). A costa portuguesa é o limite Sul, na Europa, de mais de 40 espécies, enquanto que 20 espécies típicas do Mediterrâneo e da costa Atlântica de África, têm aqui o seu limite Norte (costa Algarvia). Exemplos das primeiras: algas castanhas (Phaeophyceae) – Saccharina latissima (antes denominada Laminaria saccharina), L. hyperborea, Fucus serratus, Pelvetia caniculata, Ascophyllum nodosum, Himanthalia elongata, Chorda filum; algas vermelhas (Rhodophyceae) – Ahnfeltia plicata, Chondrus crispus, Palmaria palmata, Ceramium shuttleworthianum e Delesseria sanguinea (Ardré, 1971; Afonso et al., 2000; Pérez-Ruzafa et al., 2003).

Exemplos das segundas: Zonaria tournefortii, Amphiroa beavoisii, Griffithsia opuntioides, Ulva linearis e Valonia utricularis (Afonso et al., 2000). Outras algas, que são tipicamente de águas temperadas, têm o seu limite Norte na costa ocidental de Portugal. Estas incluem as algas castanhas (Phaeophyceae) Bifurcaria bifurcata, Cystoseira spp., Padina pavonica, Dictyota dichotoma, Dictyopteris polypodioides (antes denominada D. membranaceae) e Halopteris filicina.

Uma outra característica da costa portuguesa é a de apresentar um incremento do número de algas vermelhas (número de espécies) e um decréscimo do número de algas castanhas (número de espécies), do Norte para o Sul (Palminha, 1951; Mesquita Rodrigues, 1963; Ardré, 1970).



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Leonel Pereira
leonel[arroba]bot.uc.pt


 
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