Meninos são uma catástrofe na escola: quota de professores homens no magistério alemão pode ser uma solução?



Na Alemanha há uma discussão para aumentar o número de professores no magistério, que atualmente é predominado pelo público feminino. O Ministro da Educação afirmou: "nós temos que aumentar o número de professores homens no campo da docência e seria ótimo se tivéssemos uma quota de homens".[1]

Mas, é importante ressaltar que ainda há muita polêmica referente esse tema, porque alguns especialistas na área da educação questionam qual importância assumiria o critério de qualidade da profissionalização e do ensino, se for exigido uma quota de 50% de homens e de mulheres no magistério.

A Alemanha planejou em 1996, juntamente com a União Européia, que até 2006, aumentaria no mínimo 20% o número de professores homens trabalhando no magistério alemão. Mas, atualmente, constata-se que esse país ainda está distante de atingir o seu objetivo e, que também não aumentou efetivamente o número de homens nos cursos de profissionalização na área da educação.

Essa temática já está sendo discutida internacionalmente, desde a década de 1990, como por exemplo, nos Estados Unidos, na Grã-Bretanha e na Austrália. Dentre esses debates está a importância da figura masculina na vida escolar da criança, como os homens se sentem trabalhando no contexto educacional e, também, por quê poucos possuem interesse em atuarem no campo do magistério.

Alguns autores como Diefenbach & Klein (2002, p. 950) argumentam que a redução do número de professores no magistério, principalmente nos anos iniciais do Ensino Fundamental, possivelmente influenciou no desempenho escolar dos meninos e cogitam a hipótese de que "o baixo índice do desempenho escolar apresentado pelos guris durante a última década e a redução do número de rapazes na taxa de conclusão do Ensino Médio, podem estar relacionadas com a baixa quota de professores homens na docência". (Como podemos observar os dados do Gráfico: há um aumento do número de professoras no magistério a partir da década de 60)

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Abbildung  SEQ Abbildung \ ARABIC 1: Gráfico com número de Professoras/es no magistério alemão.[2]

Por que é importante a imagem masculina na educação de alunas/os? Sanem Kleff[3] defende dois possíveis argumentos para responder essa questão: primeiro, a Alemanha necessita de professores homens para educar meninos e meninas na escola, pois muitas crianças durante o importante período da fase de desenvolvimento (cinco até a puberdade) praticamente não possuem exemplos e, muito menos, convivência com o sexo masculino em casa.

A partir dos dados publicados no site "getrennt, geschieden", "80% das crianças de pais separados vivem com a mãe".[4] O segundo aspecto relevante, "é que a profissão docente é constituída por aproximadamente 70% de mulheres, e nos anos iniciais do Ensino Fundamental (Grundschule) este número ainda é maior" (BEUSTER, 2006, p. 11). Enfim, os garotos possuem poucas chances de se espelharem numa figura masculina tanto em casa como na escola.

O autor alemão Frank Beuster, que escreveu o polêmico livro "Os meninos são uma catástrofe na escola", afirma que "os guris apresentam maiores dificuldades do que as gurias na escola e as professoras, na Alemanha, não estão preparadas para trabalharem com a co-educação" (BEUSTER, op.cit., p. 20), isto é, educar em uma mesma sala meninos e meninas, valorizando e provendo o desenvolvimento integral de cada sujeito.

Nas últimas décadas, as meninas ultrapassam os meninos no desenvolvimento escolar nas escolas alemãs e elas dificilmente abandonam a escola sem concluírem o curso, enquanto que os rapazes estão abandonando com mais frequência a escola ou eles concluem o Ensino Médio com notas inferiores as das moças.

Outra questão apresentada é que os garotos possuem mais problemas de indisciplinas na escola que as garotas.[5] Um terço dos meninos apresenta dificuldades na leitura, na escrita e na interpretação de textos. Eles lêem com mais freqüência revistas em quadrinho e manuais, enquanto que as meninas lêem revistas, jornais, romances e livros de histórias.

Os meninos representam 60% da "Quota de Evasão"[6] nas escolas. Eles são minoria no Ginásio, mas são maioria na Escola Real e na Escola Principal. (Ginásio é um curso que prepara as/os alunas/os para a Universidade, Escola Real oferece cursos profissionalizantes e a Escola Principal é freqüentada por alunas/os que possuem baixas capacidades de aprendizagem – essa escolha sobre qual escola cada criança deve freqüentar é feita no quinto ano, baseada no critério da nota). Esse é um sistema excludente que separa os ótimos, bons e maus alunas/os em 3 diferentes tipos de escola.

Na Alemanha foi realizada uma pesquisa para identificar se as/os alunas/os gostam de freqüentar a escola. Segundo os dados, apenas 32% dos garotos em relação a 50% das garotas gostam de freqüentar a escola.[7] Os rapazes apresentam com mais assiduidade desmotivação, desinteresse, indisciplina e muitas vezes, demonstram os seus medos e suas frustrações através de violências, enquanto que as moças são mais dedicadas, cooperativas e geralmente, resolvem os problemas de socialização por meio do diálogo.


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