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Construindo igualdade de gênero (página 2)

Isaura Isabel Conte

A reapropriação do poder roubado, tirado, não permitido, não é tarefa fácil, tampouco, nem todas as mulheres estão dispostas a fazê-lo. Muitas vezes, é bem mais cômodo permanecer na condição de vítima e deixar como está. É comum ouvir que "sempre foi assim". E, o "sempre foi assim" serve para acomodar as mulheres para que não busquem pelo que é seu de direito.

A mesma autora, ainda, fala que o processo de libertação é doloroso como um parto, para permitir o nascimento do novo, da nova mulher: aquela que sabe, ou que começa, a saber que pode. A mulher, que já não é sombra do outro.

Percebe-se em pleno século XXI a desigualdade, gritante, de gênero no mundo todo, em menor ou maior proporção. Em países de primeiro mundo, onde, em termos gerais a situação financeira não serve como justificativa da opressão das mulheres se questiona: porque elas sofrem violência e são submissas? A questão de fundo, então, está no patriarcado que vitima o sexo feminino em qualquer parte do planeta sendo elas urbanas ou camponesas, independente da situação financeira. Há uma identidade subalterna construída nas mulheres, independente de condição em que vive. Evidente, que são as empobrecidas que mais sofrem, sem sombra de dúvida.

Considerando que nem sempre a sociedade foi desequilibrada em termos de distribuição de poder entre os gêneros, e que a luta das mulheres pela tal igualdade é bastante recente, tem-se que questionar: porque houve um decrescente na história feminina? Elas falam em reapropriaçao e o feminismo é colocado como uma das possibilidades de se conseguir a igualdade. Qual igualdade? Seria possível nesta sociedade?

Como ir avançando? Talvez o texto a seguir mostre algumas pistas, ou... mais que pistas, proporcionará algumas reflexões.

Mulheres Construindo o Feminismo rumo a Superação das Desigualdades

Se a palavra feminismo começou a existir, é porque as mulheres já possuíam uma longa história de resistência a opressão patriarcal. E, se o feminismo evoca a existência e consideração das mulheres, é porque isto estava faltando.

Não se pode negar que, historicamente, houve muita resistência, por parte das mulheres, ao patriarcalismo. Mas, como a história é contada e escrita, majoritariamente, por homens, as reações femininas quase desaparecem. No mais, se imagina quantos gritos de resistência rumo a libertação foram calados, silenciados, sufocados, impedidos e proibidos com violência e sangue...

Imagina-se quanta coragem era preciso para se levantar contra um sistema truculento e repressivo, onde às mulheres foi proibido a fala, o canto, a voz. E, no lugar de poderem dizer a palavra[2]impuseram-lhes a culpa de todos as desgraças que aconteciam...Afirma-se as reações das mulheres contra toda a repressão patriarcal, mesmo antes de saberem da existência da palavra feminismo, como semente do que viria a ser e é o feminismo. Logo, ele não aparece repentinamente na história, como um grande feito, inventado por uma grande personalidade.

De forma geral, nos países empobrecidos, a miserabilidade ainda serve desculpa para a violência que as mulheres sofrem, e isto, infelizmente é naturalizado. Não é nenhuma novidade, tampouco espantoso, afirmar que com a progressão do capitalismo, se aprofundou, além da opressão, a exploração sobre as mulheres. E, além disso, se camuflou e se aperfeiçoou as formas de dominação, exclusão[3]e exploração (FARIA e NOBRE, 2003).

Desde antes do capitalismo, ou, no processo germinante desse sistema, a carga de culpa e de negação sobre as mulheres, foi tão grande a ponto de que reações de resistência, mais fortes e coletivas, poderem aparecer, somente, a partir do século XVIII. A maioria dos saberes criados a partir das mulheres, ou foi apropriado, ou destruído, assim como elas queimadas nas fogueiras. Podemos verificar:

Em plena ilustração, encontramos na França Emilie du Chàtelet (1706- 1749). Ela conheceu Voltaire e 1733. Se dedicou a experimentos na ótica newtoniana. Quando publicou "elementos da Filosofia de Newton" atribuindo a Voltaire, este sempre afirmou que madame de Chàtelet havia sido sua única autora. Voltaire, colega e amante, disse a ela: " Foi um grande homem, cujo único defeito consistiu em ser mulher".Mileva Maric, escreveu em uma carta: " Há pouco temos terminado um trabalho muito importante que fará mundialmente famoso meu marido". Mileva foi a primeira mulher reconhecida como gênio Einstein; esta impressionou seus companheiros por seus conhecimentos matemáticos e por sua genialidade. Os amigos e colegas de seu marido disseram a ela: " Sabíamos que ela era a base sobre qual Albert se levantava, que era famoso graças a ela. Resolvia todos os problemas matemáticos, em especial os relacionados com a teoria da relatividade". Nunca nos ensinaram isto nas escolas. (PAÑUELOS EM REBELDÍA, 2007, p. 124)

Percebe-se que o patriarcalismo é responsável pelo ocultamento das mulheres ao passo que vai colocando o homem no centro, como parâmetro. Foi-se criando um estereótipo de sociedade onde as mulheres foram colocadas a margem, para servir, ficar caladas e multiplicar mão-de-obra quando necessário.

Junto a isto, criou-se uma linguagem sexista para invisibilizar as mulheres, onde elas passaram a ter que se sentir incluídas no masculino. Para algumas coisas deveriam se sentir incluídas, para outras não, obviamente, pois não possuem pênis. A linguagem masculinizada é colocada como neutra, cria uma estrutura que limita e condiciona o pensamento, conforme podemos ver:

A língua expressa tradições patriarcais de quem a fala, os usos misóginos do léxico e da gramática pretendem nos simplificar, e simplificar as palavras e seus conteúdos; nesta espécie "em si" se acaba mutilando a humanidade já que uma parte substancial dela não é nomeada. Assim, nós mulheres somos devoradas por uma operação que se postula "inofensiva", "neutra", "genérica" e "inclusiva"; e este ato violento e cotidiano acaba desmistificando-nos individual e coletivamente. (PAÑUELOS EN REBELDÍA, 2007, p. 118).

O sexismo na linguagem, conforme pode-se perceber, faz com que as mulheres desapareçam, deixam de existir para aquilo que não devam existir. As palavras que parecem ser tão normais no cotidiano das pessoas, na maioria das vezes não são percebidas como carregadas de machismo e preconceito para com as mulheres. Contudo, a sociedade desigual, criada pelo patriarcado, se encarregou de cristalizar algumas "normalidades", onde o normal é a invisibilizaçao delas.

A linguagem sexista, por sua vez, apenas externaliza comportamentos e práticas, que nas entrelinhas, as pessoas passam considerar normal que as mulheres não estejam em certos espaços, porque os espaços já possuem donos. Demonstra-se uma dificuldade tão grande de dialogar com o diferente, sendo elas, as consideradas diferentes.

É diante da negação e discriminação das mulheres que surge, como reação, o feminismo, como questionador de práticas arcaicas.

Para Gebara(2001), o feminismo serve para questionar papéis e lugares hierarquizados para homens e mulheres, onde um possui e o outro é expropriado de poder. O feminismo é para não aceitar o poder que está distribuído de forma desigual entre os sexos. É para desnaturalizar as injustiças tidas como normalidades.

A partir da autora fica evidente que a construção do feminismo, pelos desafios que o mesmo coloca, como forma de superação das desigualdades não é algo fácil. É construído com luta e organização, que é subversão das mulheres, porque vem a abalar a estrutura patriarcal que as nega. Acredita-se que para se chegar a uma Nova Sociedade, é preciso pautar e propor o feminismo, ou não haverá nova sociedade.

Antes não se levava em consideração que além dos interesses de classe existem interesses de gênero. Agora, nós mulheres, estamos mostrando nas relações sociais, nas relações de classe, nas diferentes relações, presentes na nossa cultura que existem interesses de gênero. E, os interesses de gênero revelam a dominação social de um gênero sobre o outro,dominação econômica de um gênero sobre o outro (GEBARA, 2001. p. 09).

Para frei Betto (2001), o feminismo surge a partir de movimentos de mulheres urbanas, de classe média na Europa, após a segunda guerra mundial e nos Estados Unidos, a partir da década de 1960. Num primeiro momento aparece como reivindicação e, também, pergunta: por que eu não tenho direito? O direito a que se referia era direito a voto, a cidadania, a ser considerada pessoa. Segundo o mesmo autor, vale ressaltar, entretanto, que no século XIV e XV, na Itália, pelo menos três mulheres[4]elaboraram e publicaram escritas feministas denunciando a condição de clausura que viviam.

Com o retorno de muitas lutadoras que estavam exiladas na Europa se começa organizar movimentos feministas na América Latina. E, através destes movimentos, estabelecido com maior força a partir dos anos de 1970, que as mulheres latinas começam, então, reivindicar direitos e poder. (PAÑUELOS EN REBELDÍA, 2007).

Em se tratando de poder, obviamente, que deveria assustar os homens e que a igreja celibatária o consideraria coisa do demônio. Não há estranhamento em verificar que por parte do pensamento da igreja hegemônica, a excomungação do feminismo até os dias atuais, por que: ele vem para revirar aquela paz falsa que impôs a culpa, o silenciamento e a violência às mulheres.

Se houve possibilidade de começar a organizar movimento feminista no Brasil a partir da década de 1970, é lógico, que haviam muitas mulheres que já e construíam o feminismo anterior a isto.

No Brasil, o feminismo propriamente conhecido como reação organizada, ainda conforme Frei Betto (2001), surge no final da década de 1960 em diante, com impulso de publicações de Simone de Beauvoir[5]e de Betty Fridman[6]Já, a partir do final da década de 1970, naquilo que chama de segunda fase, passa da reivindicação de direito ao voto ao direito ao prazer, com as palavras de ordem: "o privado também é político"; "diferentes, mas não desiguais"; "nosso corpo nos pertence". Dos anos de 1970 a 1980, o movimento feminista centra força, também, na redemocratização do país.

Constata-se, também, que nesta mesma época a Teologia da Libertação e o Movimento de Educação Popular estavam em alta, porém, nenhum deles chegou a pautar as questões específicas das mulheres. Com essa afirmação se percebe que ou são as mulheres que lutam para a superação daquilo que as oprime, ou não haverá libertação.

O movimento feminista surge como algo fora da lei e, desde logo começa a ser combatido, por isso é subversivo e vai ganhando mais e mais adeptas. A ONU[7]foi pressionada e declarou em 1975, o Ano Internacional da Mulher e, posteriormente, declarou de 1975 a 1985 a década da Mulher em todo o mundo. (FREI BETTO, 2001). Todas aquelas que, até então, não tinha voz e vez, têm de certa forma um instrumento que começa a lhes dar força coletiva, para a transformação das relações desiguais de gênero.

E, já que se está resgatando um pouco da história, vale constar que o movimento das esquerdas brasileiras após a ditadura militar não foi capaz de incluir em sua agenda, de forma efetiva, as questões das mulheres. Havia o entendimento que tais questões se resolveriam automaticamente com as transformações de cunho econômico. Falava-se em socialismo, e as lutas das mulheres eram tidas como coisas secundárias, para depois do socialismo, como se isto fosse possível acontecer.

Agora me pergunto se a incapacidade do socialismo de abrir espaço para a agenda feminista – para realmente adotar esta agenda à medida que emerge naturalmente em cada história e cada cultura – seria uma das razões pelas quais o socialismo não poderia sobreviver como sistema (MÉSZÁROS, 2002, p. 290).

É oportuna a colocação do autor acima citado, entretanto, não há de se concordar que o movimento feminista é algo que surge naturalmente na história. Se fosse pela naturalidade e pela naturalização das coisas, justamente "o deixa como está" que o feminismo jamais existiria. As mulheres feministas eram acusadas, pelos chamados esquerdistas, de dividirem a luta, de serem contra o socialismo, e de serem anti-revolucionárias, etc.

Parece bastante estranho, se analisado neste momento, mas se acreditava, então, que haveria socialismo e depois se veria como seriam as relações entre as pessoas, como se o socialismo fosse feito mecanicamente, sem as pessoas, e, sem a participação das mulheres. Obviamente que as mulheres lutadoras da época, dificilmente iriam reconhecer como socialismo algo que continuasse perpetuando a condição subalterna delas. Ora, imagino que elas não se proporiam a construir um tal socialismo onde ficassem à margem novamente.

Contudo, atualmente, se pode afirmar que com o clamor do olhar para a diversidade, o feminismo vem criando força e se alastrando tanto no Brasil, quanto em outros países. Fica "feio" negar as mulheres, mesmo que se faça isso, somente, nas aparências por que muitos homens não estão acostumados com a presença/participação delas em todos os espaços. A presença das mulheres trás outra forma de perceber as coisas e de pensar, sendo que isto é tido, ainda, como incômodo e não como algo que enriquece dos debates, análises e ações.

Segundo Faria e Nobre (2003), o feminismo atual tem a obrigação de se caracterizar como anti-racista e pela defesa do planeta, sendo, também, anticapitalista, pois é preciso construir uma outra sociedade, com outros valores. É através do movimento feminista que acredita-se que as mulheres vão se colocando em âmbito de poder, e assim sendo, firmando a caminhada rumo a uma sociedade mais igualitária.

De fato, não é possível nenhuma perspectiva de igualdade, até que as relações são balizadas por qualquer tipo de preconceito e discriminação. O feminismo deve servir para questionar e desmantelar todo o poder desigual de classe, gênero, etnia e orientação sexual. Deve estar a serviço da desconstrução todas as injustiças cometidas contra as mulheres ao longo da historia patriarcal, inclusive com relação aos e às homossexuais, transexuais, negros, negras, indígenas, etc.

Como várias autoras falam em igualdade, ressalto que o entendimento, colocado aqui no texto, vai na linha da diminuição das desigualdades. Reafirmo a citação de Mészáros quando diz que na sociedade capitalista a igualdade de gênero não será possível. Mas, acredito que a luta feminista deve ir negando a velha estrutura social patriarcalista e construindo a nova, com equiparidade[8]entre os seres humanos.

Se a nova sociedade que se deseja construir, ou que já está em construção, mesmo dentro da velha estrutura que nega as mulheres, não for capaz de colocar as mulheres como sujeitos, efetivamente, continuará sendo uma farsa. O feminismo é bastante ousado, a ponto de pautar as transformações nas relações de gênero, que por sua vez só será possível com as transformações, de classe. E, agora, as mulheres camponesas ousam em falar e assumir o feminismo. Seria verdadeiro? Onde querem chegar?

Mulheres Camponesas e a Busca por Igualdade

Dizer mulheres camponesas ou do campo, é uma forma de afirmar o campesinato. Mas e daí, será que a busca por igualdade, colocada pelo feminismo, combina com campesinato? Não seria ousadia demais querer fazer esta mistura de temas?

Feminismo e campesinato são temas carregados de contradições, pelo menos, de ponto de vista do entendimento da sociedade que analisa de maneira genérica esses dois temas. Segundo Carvalho (2005), não há como falar de campesinato sem abordar as relações estabelecidas entre os sujeitos camponeses e camponesas que moram e trabalham no campo.

Para o autor, ao contrário do agronegócio, o campesinato deve, obrigatoriamente, compreender o campo com as pessoas que nele vivem e estabelecem ou estão em vínculos entre si. Quanto ao feminismo, o mesmo possui o objetivo de colocar as mulheres em equiparidade com os homens. (GEBARA, 2001).

Juntar os conceitos feminismo e campesinato, na perspectiva de refletir em torno deles, e, afirmar que é possível e necessário o feminismo no campo, em vista das mulheres camponesas se libertarem, é um tanto desafiador e novo, mas, eis aí um esforço. Desde já, se é possível falar e escrever sobre tais temas, é porque, concretamente, isto já existe.

Como vai se abordar mulheres camponesas e a luta por igualdade, ou, equiparidade, é necessário um primeiro olhar para a formação camponesa do Brasil. E, neste olhar, alguns elementos do ponto de vista feminista sobre os acontecimentos, na medida do possível.

Segundo Ribeiro (1995), antes da invasão do país no século XV, a maior parte dos grupos indígenas do Brasil praticavam a agricultura e a horticultura. E, eram as mulheres as responsáveis pelas plantações e pelo preparo de grande parte dos alimentos. Em geral as tribos tinham posse relativa de territórios, cada uma segundo seus costumes e necessidades. Haviam, também, tribos que viviam da caça, pesca e extrativismo, sem a prática da agricultura.

É difícil falar em campesinato daquela época nos moldes que o conhecemos e o conceituamos atualmente. Havia produção de alimento e relação com a terra, técnicas de plantio, cultivo, colheita, conservação e armazenamento, porém sem a mediação de um mercado regulador. As leis eram baseadas na cultura sendo que aparecem, fortemente, elementos como troca e rituais envolvendo alimentos (produto do trabalho).

Conforme Maestri (2000) a ocupação da América Latina acontece entre 20 000 e 10 000 anos atrás, ou seja, justamente, quando segundo Muraro, surge o patriarcado, mais fortemente, na história da humanidade que se tem conhecimento. Diante disso não se pode ser ingênuo(a) a ponto de pensar que por serem indígenas, tudo era tranqüilo, bonito, romântico. Em muitas tribos havia todo um regramento que proibia as mulheres, além da divisão sexual do trabalho, que impunha uma jornada bem maior e penosa äs mulheres.

Para evidenciar a existência do patriarcado nas sociedades indígenas antes da colonização, podemos acompanhar o seguinte:

Nas comunidades caingangues o cacique designava territórios as diversas comunidades, escolhida os caciques subordinados (...) e cedia as mulheres da tribo como esposas. (...) Nas comunidades Jês, havia divisão sexual do trabalho (...) as mulheres permaneciam sob autoridade masculina e o adultério feminino era duramente castigado. Os homens podiam repudiar suas esposas e os grandes caçadores podiam ter diversas mulheres (MAESTRI, 2000, p. 44).

Com a invasão portuguesa se inaugurou, no Brasil, a era escravocrata. E, foram, desde logo, estabelecidos os latifúndios para produção do que deveria ser exportado para a metrópole. A expropriação de riquezas do Brasil, seja do extrativismo, seja da produção só foi possível graças ao trabalho escravizado, num primeiro momento á custa de gastar índios e índias, e num segundo momento, de negros e negras, trazidos da África, à força. Esse ciclo dura até o século XIX (RIBEIRO, 1995).

Ainda segundo o autor acima citado, os europeus invasores tomavam para si, todas as mulheres índias quantas pudessem, pois "o desejo obsessivo deles era multiplicar-se no ventre delas", a fim de gerar braços e pernas para o trabalho. Constata-se que praticamente todas as índias, salvo as que conseguiam fugir, eram estupradas por brancos. Por isto o autor considera A Índia sendo mãe do povo brasileiro.

Com o extermínio indígena, se fez necessário incorporar milhões[9]de negros e negras no trabalho escravo, pois os latifúndios agroexportadores requeriam muita mão de obra.

Segundo Stédile (2005), em 1850, é criada a Lei de Terras[10]sendo que, nessa época já era proibido o tráfico de escravos/as. Muitos negros e negras, sendo elas em menor quantidade, fugiam da escravidão das fazendas para formar os Quilombos. Os quilombos eram, a única forma de resistência a escravidão.

Não é nenhuma novidade afirmar que nos quilombos se praticava a agricultura, pois esta era uma das únicas formas de sobrevivência, além da caça e pesca. Sendo assim, tem-se um campesinato marginal[11]onde na maioria das vezes a propriedade era coletiva.

Pelo que se sabe, nos quilombos, a proporção dos homens com relação às mulheres, chegava a ser, em média, quinze por uma. E, diante disso fala-se em solidariedade sexual, por parte das mulheres, mas, pouco ou quase nada se ouviu por parte delas.

Em 1888 com "libertação" dos escravos pela Lei Áurea[12]surge milhares de sem terras e uma situação não resolvida até os dias atuais. A terra já estava aprisionada pela lei de 1850 e a necessidade era a produção de alimento para um país que se disse independente na utopia de se desenvolver - como uma metrópole. Nesta mesma época, alguns autores relatam que se falava em "branqueamento" do Brasil, e por isso, a vinda de imigrantes: Os pobres sobrantes europeus, principalmente (MAESTRI, 2000).

Segundo o mesmo autor, os imigrantes vieram para o trabalho agrícola, ocupar os morros no Sul, e trabalhar, também, ao longo das construções das ferrovias, cuja tarefa principal era: produzir muitos filhos, homens de preferência, e muito alimento para que fosse possível viabilizar a industrialização nas cidades. E, é daí, segundo Carvalho (2005), que se fala em campesinato brasileiro com maior ênfase.

A política estabelecida era de que os primeiros imigrantes, ainda nos primeiros anos do século XIX, recebessem parcelas de terras, sementes e ferramentas. Os que vieram depois conseguiram menos terra. Depois, somente sementes e ferramentas. E, os que vieram por último tinham que disputar territórios com negros ex -escravos ou descendentes de quilombos, e, alguns poucos indígenas que restaram das guerras e dos tratados (MAESTRI, 2000). Os indígenas e negros, praticamente, não foram contemplados com auxílios para a produção por parte dos governos. Haviam exceções como no estado de Mato Grosso, onde era necessário conceder terra aos indígenas e negros para que cumprissem a função de demarcação de fronteira com Bolívia e Venezuela (CARVALHO, 2005).

O campesinato a partir da chegada de imigrantes é feito de muito trabalho e boas parideiras, além de, pairar a ilusão de trabalharem tanto a ponto de poderem voltar ricos para a Europa. Diante do fato de necessidade de muita mão-de-obra, as mulheres que na Europa faziam controle de natalidade (geralmente aborto), agora, recebem por obrigação, gerar de dez a vinte filhos, "naturalmente" e, a negação do prazer conforme a igreja mandava para manter o puritanismo.

A cobrança sobre as mulheres, era feito pela própria família, bem como, diretamente, pelos padres nas igrejas. Neste período, que é da República Velha, ao qual estamos nos referindo, as mulheres, de forma geral, não podiam admitir que sentissem prazer, pois isto não era coisa para "mulher direita".

O bom da história é que sempre houve resistência frente as opressões... tanto é que, no Brasil, segundo MMTR RS (1999), contata-se que a partir de 1950 as mulheres já ousavam fazer movimento a favor da abolição por exemplo. Em 1975, mulheres entram numa junta militar em Barra do Bacalhau e queimam documentos, sendo contrárias ao alistamento de jovens para a guerra contra o Paraguai. Na primeira década do século XX é fundado o Partido Feminino Republicano, e, na segunda década, há muitas greves pelo país a fora, inclusive com grande número de mulheres, pois eram maioria nas indústrias têxteis.

Com relação às mulheres camponesas, segundo a mesma referência acima citada, a jornada de trabalho era tripla (roça, casa e filhos/as), sendo seus trabalhos não considerados trabalho. Na troca de dias de trabalho entre vizinhos, por exemplo, o trabalho de uma mulher, valia a metade do que a de um homem. Diante da desconsideração e das proibições, vale a pena ressaltar as resistências, como: sentir prazer sexual e realizar abortos às escondidas por parte de muitas camponesas.

Nesta época as mulheres camponesas jamais sonhavam com o feminismo por mais que o jugo do mando masculino era muito pesado. Criar uma filha e saber que o marido que a iria receber, teria, também, ter o direito de bater nela, era quase que natural, inclusive entre as mulheres. Para as camponesas não havia alternativa a não ser se casar e agüentar a situação imposta. Uma filha não casada para uma família camponesa, era quase uma desonra, e, a filha passava a ser vista como um estorvo.

A grande maioria das mulheres eram analfabetas, pois, a educação pública, até a década de 1950, conforme Paludo(2001) ainda não era realidade na maior parte das cidades do Brasil, deveras no campo.

A Igreja, em grande parte, se encarregava de pregar, abertamente, a submissão e a obediência da mulher com relação ao homem. Era preciso tratar de casar logo as filhas para não correr o risco de elas ficarem sem alguém (que as subjugasse). Mulheres não eram consideradas como seres com capacidade de pensamento/reflexão. E, se pensassem, "pensavam errado", por isso, uma mulher sem um homem, era um perigo. O ritual do casamento, até os dias atuais reproduz muito bem isso: a entrega da filha que sai do mando- braço do pai ou irmão mais velho, para o braço do novo dono, o marido.

Na década de 1930, com a República Nova e Getúlio Vargas no poder, se inicia uma boa efervescência do povo, por influência de descendentes italianos anarquistas, principalmente. O povo era em sua grande maioria camponês, ou seja: em torno de 80%. (CARVALHO, 2005). Nesta mesma época, em 1928, quinze mulheres brasileiras, do Rio Grande do Norte, se atreveram votar no seu Estado, no entanto, os votos não foram considerados válidos pela federação.

A partir de mais ou menos 1945, a revolta dos que quase nada possuíam, levou a formação das Ligas Camponesas no nordeste (STÉDILE, 2005), e também, foi nesta época que apareceu a primeira mulher feminista, ás escondidas no Brasil.

Trata-se da vinda de Betty Fridman, a "temida feminista", com apelido de Betty, a feia. Este fato foi de conhecimento de poucas mulheres e causou muito alvoroço no Rio de Janeiro. Era uma primeira tentativa de falar e convencer as mulheres que elas poderiam possuir algum direito (MURARO, 2004). Houve, ainda, na década de 1950, boa efervescência feminina. Em 1951 houve o Primeiro congresso da Federação de mulheres Brasileiras e, em 1952 houve duas Assembléias nacionais de mulheres. Mas, tudo o que levaria a libertação de homens e mulheres, foi abortado pelo golpe militar de 1964 (MMTR, 1999).

Na década de 1950 para 1960, enquanto os militares ensaiavam o golpe de estado, a situação das mulheres camponesas não mudara muito com relação a opressão patriarcal. No máximo o feminismo ficou entre algumas consideradas loucas na cidade, e, se ensaiava pelo menos falar a palavra "gênero" na tentativa de colocar as mulheres em cenário, ainda não de poder, mas de alguns direitos. Acredita-se que o feminismo, como toda a subversão, margeava pelos corredores secretos.

O processo desenvolvimentista trouxe novidades ao campo desde a década de 1930, pois os pacotes agro-químicos que sobraram das guerras vieram para a agricultura brasileira. Mas, foi sentida com mais força os impactos da Revolução Verde na década de 1960, imposto pelos militares. (PINHEIRO, 2005). Diante disso, sabe-se que as mulheres camponesas pouco ou quase nada opinavam acerca do que estava acontecendo. A condição da grande maioria delas, no campo, era de obediência e poucas tinham acesso à escolarização.

Das décadas de 1970 para 1980, quando caem de podres as ditaduras na América Latina e, conseqüentemente, no Brasil com a reabertura democrática, que se volta a falar em direitos sociais, direitos das mulheres, reforma agrária... Eclode a voz das chamadas minorias, e, dentre elas, as mulheres, mesmo não sendo minoria.

Durante as duas décadas de repressão dura sobre tudo e sobre todos os pobres, que as idéias e ideais andam na clandestinidade. Com certeza o feminismo, como vontade de superação do ser menos, habitava um grande número de mentes com gana de liberdade.

A partir do final da década de 1970, é tempo de tentar desprender os gritos sufocados de décadas e centenas de anos, enquanto mulheres camponesas.

As contradições de todas as proibições até então, sobre as mulheres fizeram emergir o feminismo como forma de revolta, que não se sabia direito como era ou vira a ser. Só se sabia que as mulheres, mesmo camponesas, e tão proibidas de ousar, não deveriam aceitar que eram tão menos que os homens.

Da década de 1970 em diante, já paira no ar a palavra Feminismo, mesmo que desde o surgimento, é entendida como sendo o contrário de machismo, distorcendo sua intenção.

O feminismo parecia combinar mais com a cidade demorando um pouco mais para ser debatido, discutido e vivencidado no campo. Isto devido ao fato das mulheres camponesas não terem acesso a amplitude do mundo que as cercava, da jornada penosa de trabalho, do fato de quase não saírem de casa, de não conhecerem a cidade do município, da pouca escolaridade, do cerceamento moralista da igreja reproduzido por homens e naturalizado por mulheres, do número de filhos e filhas, da divisão sexista de tarefas, da baixa estima como mulher camponesa, de suportar violência física, moral, psicológica e sentir vergonha e culpa e não poder denunciar...

É fazendo análise do parágrafo acima, e, afirmando que sobre tudo que aconteceu e acontece atualmente, porém, de forma mais velada, foi que se firmou o campesinato no Brasil. Recém agora, em pleno século XXI se evidencia a necessidade do feminismo para a superação da condição de inferioridade das mulheres camponesas. Pergunta-se: a que custo se firmou este campesinato? Sabe-se, também, que o massacre sobre as mulheres não provém do campesinato em si, mas, do patriarcado que encontra um campo fértil de conservadorismo e desinformação no campesinato.

No início da década de 1980, juntamente com a eclosão de movimentos sociais e populares, as mulheres camponesas começaram a se organizar em Movimentos reivindicando direitos. Nasce no Sul do Brasil, em 1983 o Movimento de Mulheres Agriculturas em Santa Catarina e a Organização de Mulheres da Roça no Rio Grande do Sul. (MMTR, 1999).

A palavra feminismo em si é provocadora porque evoca as Mulheres, e, o poder delas que grita por reapropriação. A palavra é associada á libertação – liberação – liberalização das mulheres, que agora, falam em querer decidir, mandar sobre si e seus corpos. A Igreja hegemônica[13]não deixa barato e continua no contraponto dizendo que o feminismo é coisa do demônio. Concorda-se que o feminismo transita com maior facilidade nas cidades, mas, já consegue agradar certo número de as mulheres camponesas, mesmo que a maioria não tenha coragem de afirmar e falar sobre o assunto.

Na década de 1990, em pleno neoliberalismo e processo globalizante do capital, incidindo sobre as relações no campo e entre as pessoas, entra-se na era da informática, da virtualidade, dos mercados, mercantilização, blocos econômicos e grupos transnacionais como controladores da produção e do trabalho. Facilmente criam-se necessidades de consumo como nunca. O fato é que, com toda a modernização, para os camponeses e camponesas, não diminui ou pouco diminui a penosidade do trabalho cotidiano. Os agrotóxicos se tornam caso de saúde pública, pois causam muitas doenças.

De forma geral, no novo século, a palavra feminismo ainda soa mal aos ouvidos da grande maioria, entretanto, já há várias organizações de grupos feministas, que fazem questão de serem pouco discretas no país. Além disso, muitos movimentos sociais populares já conseguiram fazer o exercício da desmitificação do que realmente é o feminismo. A palavra feminista, assim como a própria luta feminista agrada quem consegue compreender sua amplitude

Do novo século para cá, as palavras e exigências dos grupos chamados minorias começam a ecoar com muito mais força em nome da diversidade e dos direitos. É aí que surge como Movimento camponês autônomo de mulheres, em amplitude nacional, no Brasil, o MMC- Movimento de Mulheres Camponesas[14]

Segundo o MMC(2007), as mulheres camponesas do MMC defendem o campesinato como forma de existência e de resistência, no entanto, apostam na construção do feminismo para superar opressão sobre as mulheres. Querem que o campo seja um lugar bom de viver, onde elas não sejam consideradas menos que ninguém, tampouco, sobrecarregadas de trabalho e negadas de prazeres.

A junção dos temas feminismo e campesinato parece ser bastante estranha, até porque se sabe do conservadorismo existente nas comunidades rurais. Mas, como uma Organização, o MMC assumiu-se feminista e camponês[15]entendendo que é preciso enfrentar e destruir o pensamento patriarcal onde quer que ele esteja; seja nas relações cotidianas, no poder do estado, nas políticas públicas, enfim, em todos os espaços.

Eis o grande desafio da construção e da consolidação do feminismo no campesinato. Sem feminismo não haverá igualdade- equiparidade de gênero, nem na cidade, tampouco no campo.

Portanto, as mulheres só se colocarão em equiparidade com relação aos homens se houver luta e organização por parte delas. Jamais, pelo que se conhece da história da humanidade, alguém privilegiado veio a oferecer poder e liberdade ao oprimido (a). Jamais quem está na condição de opressor irá dizer: "toma este poder que te pertence". São elas, acima de tudo, que precisam forjar a Nova Sociedade, onde serão inclusas e libertas.

Referências Bibliográficas

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Autor:

Isaura Isabel Conte

isauraconte[arroba]yahoo.com.br

Graduada em Pedagogia, séries iniciais, pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (2007). Atualmente é dirigente da Fundação de Desenvolvimento, Educação e Pesquisa da Região Celeiro; dirigente e militante do Movimento de Mulheres Camponesas - MMC RS. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação popular, atuando principalmente nos seguintes temas: feminismo, mulheres camponesas, trabalho de base, relações de gênero e movimentos sociais.


[1] Graduada em pedagogia pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul - UERGS, camponesa, dirigente do Movimento de Mulheres Camponesas MMC RS.  Patriarcado ou patriarcalismo - se estabelece com base na superioridade masculina (patris-pai- poder) entre 20.000 a 10.000 anos A.C, quando a sociedade primitiva dá lugar á sociedade escravocrata, já com o germe do capitalismo (segundo Muraro, 2004). Para Saffioti (2001) apud Richartz (2004), o patriarcado trás implícita a noção de relações hierarquizadas entre os seres humanos com poderes desiguais, além disso, trás as ferramentas explicativas para as desigualdades transformadas em subordinação das mulheres.

[2] Conforme Freire, 1989.

[3] A exclusão a que foi feita a referência, é do ponto de vista dos e das pobres, porque da parte do sistema capitalista, os e as pobres, estão incluídos(as) no sistema como parte da engrenagem.

[4] Trata-se de Lucrecia Marinelli (escreveu "A nobreza e a excelência da Mulher"); Moderata Fonte (escreveu "Valor da Mulher") e Arcângela Tarabotti (escreveu " Anti-Sátira")

[5] Beauvoir, feminista francesa que publica em 1949 " O segundo sexo" e Fridman publica " A mística feminina", em 1963.

[6] Feminista estadunidense que esteve no Brasil na década de 1950 e reuniu-se ás escondidas com um grupo de mulheres, entre elas Rose Marie Muraro. Segundo Muraro, houve uma grande perseguição por parte da imprensa e da burguesia para identificar tais feministas com suas idéias...

[7] Organização das Nações Unidas.

[8] O uso da palavra equiparidade ao invés de igualdade, justamente, quer mostrar que a igualdade tal como é dita, não é suficiente, pois, em termos legais, ela já existe, mas as mulheres continuam em situação de desvantagem.

[9] Ribeiro, segundo estudos, calcula que chegou-se a um número de 13 000 a 20 000 escravos negros no Brasil.

[10] Criada em 1850 regularizando a situação dos que os que detinham posse, ou seja, sacramentando os latifúndios, sendo que aqueles/as que não tinham a posse da terra continuaram sem. Foi a grande jogada antes da "libertação dos escravos/as".

[11] Expressão minha, visto que a maioria dos estudiosos do tema, não reconhecem como campesinato a agricultura praticada pelos indígenas e quilombolas.

[12] Promulgada pela Princesa Izabel, por interesse da coroa Inglesa.

[13] Entendida como a parte que tem e concentra poder.

[14] Movimento de Mulheres Camponesas em parâmetro nacional a partir da realização do primeiro congresso nacional realizado em Brasília de 05 a 08/03/2004.

[15] Por ocasião do primeiro congresso nacional do Movimento, ocorrido em março de 2004, em Brasília.



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