Políticas sociais, formação do capital social e desenvolvimento

Enviado por Dejalma Cremonese


  1. Apresentação
  2. Uma conjuntura em crise
  3. Capital social, políticas públicas e desenvolvimento
  4. Organização socioterritorial e desenvolvimento
  5. Considerações finais
  6. Referências bibliográficas

1. APRESENTAÇAO

Este artigo foi elaborado com o objetivo de subsidiar as discussões com os participantes do II Simpósio de Debates Sobre "Políticas Sociais: Estratégias e Tendências", promovido pelo Curso de Serviço Social e do Curso de Extensão "O Ensino nas Ciências Sociais" da UNIJUÍ – Campus Santa Rosa.

A parte inicial do presente artigo trata da discussão sobre o capital social, origem conceitual, evolução e pertinência do tema para o debate nas Ciências Sociais, seguindo, principalmente, a teorização do cientista político Robert Putnam. Considerando a crescente deficiência das políticas sociais protagonizadas pelo Estado (nível Federal e Estadual), o capital social surge como mais um mecanismo alternativo de buscar, através da cooperação, associativismo e confiança entre as pessoas, as soluções para os problemas sociais cada vez mais crescentes em nosso meio.

Na segunda parte do trabalho, o artigo trata do evidente confronto dialético entre aspectos da globalização com a discussão da importância do espaço-local. Se existe uma lógica econômica global dominante, que acaba devastando nações, territórios/regiões existe também, uma dinâmica de desenvolvimento que possibilita o fortalecimento do espaço (local-regional). É o que o se convencionou chamar de "organização socioterritorial". É exatamente na dinâmica territorial que também se expressa o capital social. É através da sinergia entre instituições e Estado, pela intensificação dos inter-relacionamentos (densidades institucionais) que é possível alcançar mais rapidamente as soluções para os graves problemas de ordem socioeconômica, que afetam nossas cidades e região.

2. UMA CONJUNTURA EM CRISE

Passado mais de uma década da aplicabilidade das políticas neoliberais, formuladas pelo Consenso de Washington[1]percebe-se a deterioração dos valores ético-morais em todos os níveis da sociedade latino-americana. Valores como solidariedade, amizade, confiança recíproca nas pessoas e nas instituições políticas nunca estiveram tão fragilizados. Além do mais, o modelo neoliberal tem se mostrado perverso ao acentuar a exclusão social, ao agravar os problemas estruturais que se refletem no desemprego crônico, na desconfiança e desencanto com a política e na situação de incerteza dos cidadãos com o seu futuro. Assim, percebe-se que a insatisfação com a democracia tem aumentado, da mesma forma que tem aumentado os níveis de pobreza e exclusão[2]

No âmbito individual e social perdeu-se alguns valores essenciais, o que levou à fragilidade das relações interpessoais, à perda do lazer coletivo, ao individualismo, à falta de cooperação, à desconfiança e à prática desenfreada do hedonismo. No âmbito político, o resultado não poderia ser diferente: efetiva-se o surgimento de uma cultura política caracterizada pela apatia e pela desconfiança dos cidadãos em todas as esferas da vida cotidiana. Se, por um lado, a globalização neoliberal trouxe relações verticais autoritárias, ditadas pela lei do mercado, onde se logrou um minguado crescimento econômico e o agravamento dos problemas sociais em boa parte dos países latino-americanos, por outro lado, suscitou a criação e o fortalecimento de antigos e novos movimentos sociais contestatórios que começam a utilizar os benefícios do capital social, proliferando relações horizontais de confiança mútua, redes de cooperação, associativismo e voluntarismo[3]Desta maneira, o capital social tem sido um instrumento eficiente para se contrapor a política econômica hegemônica e, aos poucos, indicar novas relações sociais que remete para um novo modo de agir, mais solidário e participativo fortalecendo a sociedade civil e o processo democrático[4]

O declínio da participação em todos os níveis da sociedade, a falta de confiança mútua e a desconfiança nas instituições políticas, assim, configura em um déficit de capital social. É necessário, por isso, que se re-estabeleça a confiança, a participação e se fortaleça o capital social, pois só o capital social pode proporcionar novos caminhos na direção de pensar mecanismos que potencializem a capacidade participativa da sociedade.

3. CAPITAL SOCIAL, POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO

3.1 Origem e evolução do conceito de capital social


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