Conhece-te a ti mesmo - josé outeiral

9006 palavras 37 páginas
Apresentação

Caro leitor, trato de avisá-lo de que quem o convida para leitura é um médico e psicanalista, e, principalmente, um indivíduo que aprecia uma conversa. Este livro não pretende ser um texto científico; busco apenas trazer algumas idéias, uma colagem, rabiscos. Quero trocar idéias sobre a frase Conhece-te a ti mesmo. Isto é o que eu quero: pensar. Assim, fique avisado, este não é um livro de auto-ajuda.
Fique também avisado, curioso leitor, que absolutamente, não é minha intenção responder à pergunta sobre como fazer para conhecer-se a si mesmo. Como, Blanchot, acredito que o pior de uma pergunta é uma resposta que pode acabar com a curiosidade de quem questiona; e mesmo porque não tenho a resposta! Na verdade, como veremos,
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Cyro Martins escreve em Do mito à verdade científica:

(...) Espíritos benéficos e demônios regiam os fenômenos da natureza e o destino das criaturas. Em conseqüência, para o primitivo, toda doença era mental, no sentido de que era espiritual, provocada por “espírito”. (...) O advento do monoteísmo não alterou a concepção médico-psicológica dos povos primitivos. Assim, para a “psiquiatria bíblica” as doenças mentais encontravam sua causa na ira do Senhor. (...) Muitos séculos transcorreram até que surgisse o primeiro homem que, como médico, iria assumir uma atitude racional em face da doença e do doente. Esse foi Hipócrates, saído das filas dos sacerdotes-médicos (...)

A idéia do mito como estruturante da cultura, organizador das relações sociais e da criatividade do homem, é evidente. Assim, outro pensador, um pouco mais moderno do que os até agora citados, diria que a vida é uma pirâmide invertida e o ponto sobre o qual ela repousa é um paradoxo. O paradoxo exige a aceitação como tal e não precisa ser resolvido. Isto é loucura permitida, uma loucura que existe dentro do arcabouço de sanidade. Qualquer outra loucura é uma amolação, uma enfermidade.

O Homem e a Razão

Humberto Eco descreve em seu livro O nome da rosa como foi difícil a passagem de um modelo de pensamento teocrático, em que Deus era o foco de todas as coisas, para um modelo racional de pensamento, o homem e sua razão. Ao final da

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