PALAVRAS POR DIZER

Marie Cardinal

Marie Cardinal inicia suas memórias, retornando às imagens de sua infância e adolescência na Argélia. Marie chega ao consultório de um médico analista por motivo de um sangramento que não cessava, pois este já havia mais de três anos, sua mãe já havia percorrido por vários médicos e ginecologistas e os médicos davam o diagnóstico de que Marie tinha um útero “fibromatoso” no qual os médicos indicavam que seu útero deveria ser extirpado. Denominava como “A coisa” sua angustia: “Alguns remédios controlavam a coisa, colocando a num canto onde ela não mais se mexia” (...) Depois o efeito do remédio foi diminuindo. (...). e, uma bela manhã acordei …exibir mais conteúdo…

Só agora que ela percebe que ela não era ninguém e não tinha desejos, vontade, gosto e desgosto. Ela tinha recalcado seus gestos, suas vontades, seus impulsos. Só pode ser livre quando ela teve a certeza de que o enxerto estava bem preso, de que não tinha condições de “rechaçar as ondas que subiam do fundo de meu ser”, ela estava pronta para viver intensamente. Marie casa-se, passa a cuidar dos filhos, se torna uma compreensível, ganha asas em