Resenha de "Viagem Fluvial do Tietê ao Amazonas”, de Hercules Florence

1758 palavras 8 páginas
Obra analisada: “Viagem Fluvial do Tietê ao Amazonas”, de Hercules Florence

O autor é muito detalhista quando descreve a natureza. Isso, claro, se deve ao fato de Florence ter sido designado como o segundo desenhista na chamada expedição Langsdorff, nome do cônsul geral da Rússia, que organizou a viagem, Jorge Henrique de Langsdorff. Era protegido do imperador russo na época, Alexandre I, que queria mostrar a força do seu império em relação aos demais países europeus. Por isso, patrocinou a expedição Langsdorff, que fez um trajeto que, se fosse feito em 2012, já seria capaz de descobrir muito sobre o país, mas feito entre 1825 e 1829, foi capaz de mostrar a visão dos cientistas de um Brasil àquela altura absolutamente desconhecido.
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O papel da natureza no que era o Brasil, na sua caracterização, para o autor, é exatamente pelo seu papel ainda com espírito colonial. Com o sistema de trabalho escravista e o que o autor chama de um terreno de produção fértil, Florence considera que essa facilidade para produzir na terra torna o trabalho menos valorizado e, portanto, parte da característica do povo brasileiro e do Brasil. Para ele, não seria preciso trabalhar com afinco para se colher o resultado, o que torna esse traço de desleixo uma marca do povo do país. Aliado a isso, a sociedade baseada no escravismo, com seus imensos vícios, suscitava a corrupção. Assim como a proximidade com os índios, que, para ele, tinham uma falsa liberdade e que se passava por civilizado, sem o ser, na verdade. Em nenhum momento o autor deixa a entender que os índios possuem uma forma de civilização, ainda que ele reconheça suas diferentes formas de organização e costumes.

Florence procurou retratar mais as regiões rurais, que não só é sua preferência pessoal, mas também é a maior parte do território visitado pela expedição. E nessas regiões rurais, destaca como até mesmo os valores da igreja católica estão distanciados, com padres vivendo com concubinas, ou outros valores do costume da época sendo ignorados pelos locais, inclusive o traço da violência com irmãos matando uns aos outros por motivos torpes. O caráter dos habitantes, desde índios e negros

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