alinhamento Brasil e EUA guerra fria

18879 palavras 76 páginas
ISSN 0103-9466

194

De bom vizinho a aliado fiel: comentários sobre o alinhamento econômico e político do Brasil aos Estados
Unidos nos primórdios da
Guerra Fria
Pedro Paulo Zahluth Bastos

Set. 2011

De bom vizinho a aliado fiel: comentários sobre o alinhamento econômico e político do Brasil aos Estados Unidos nos primórdios da Guerra Fria ∗

Pedro Paulo Zahluth Bastos 1

Resumo
O artigo discute o alinhamento do Brasil à política externa estadunidense nos primórdios da Guerra Fria, durante o governo Dutra, avaliando as razões que preservaram a associação herdada da Segunda Guerra
Mundial, embora o governo Truman se mostrasse menos disposto a satisfazer demandas brasileiras do que antes. O argumento central é que certas restrições
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Introdução

É comum se afirmar que a política econômica do governo Eurico Gaspar Dutra
(1946-1951) descreveu idas e voltas. De início, um plano de estabilização inflacionária baseado em liberação de importações e controle da demanda agregada foi executado, visando superar a herança varguista criticada na campanha liberal do final do Estado
Novo e, nas palavras da época, “reequilibrar” o desenvolvimento agrícola e industrial do país.
Aproximadamente em metade do mandato, uma crise cambial forçou o governo a voltar atrás na abertura comercial para preservar reservas cambiais escassas e resguardar importações essenciais, embora não revertesse a abertura financeira inicial.
Neste movimento, o governo anunciou a necessidade de retirar “gargalos” (escassez de divisas, crédito e infra-estrutura) que limitavam o processo de expansão e diversificação industrial induzido pela proteção gerada pela crise cambial. Enfim, depois de tanto elogiar o efeito benéfico das importações, o governo terminaria elogiando a substituição de importações (Saretta, 1990; Bastos, 2004). No entanto, não fez qualquer menção de abandonar a abertura financeira e rejeitar o alinhamento do
Brasil à política externa estadunidense nos primórdios da Guerra Fria.
Este artigo presume que a crise da estratégia liberal não resultou de uma reviravolta ideológica e política desenvolvimentista, mas de sua própria insustentabilidade econômica, manifesta na crise cambial que induziu a reversão da

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