As Metamorfoses da Questão Social: Uma Crônica do Salário, de Robert Castel – uma resenha crítica

5664 palavras 23 páginas
As Metamorfoses da Questão Social: Uma Crônica do Salário, de Robert Castel –uma resenha crítica

Walace Ferreira
Atualmente Professor no CAP-UERJ; Doutorando em Sociologia no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP)/UERJ; mestre em Sociologia pelo IUPERJ; bacharel e licenciado em Ciências Sociais pela UERJ. Graduando em Direito na UERJ. Ex-Professor Substituto do Colégio Pedro II; Ex-Professor Substituto da Faculdade de Ciências Sociais da UERJ.
E-mail: walaceuerj@yahoo.com.br.

1. Apresentação

O livro do sociólogo francês Robert Castel, As metamorfoses da questão social: Uma crônica do salário, surge num período em que o problema da insegurança socioeconômica das populações que vivem do trabalho volta a ser colocado
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Assim, é um desafio que interroga, põe em questão a capacidade de uma sociedade para existir como um conjunto ligado por relações de interdependência.

2. Os principais argumentos

No livro aqui tratado, Castel tece uma argumentação em que a questão social, tratada pelo filtro da sua historicidade, como dimensão que se constrói a partir de um equilíbrio frágil entre coesão e conflito, não pode ser vista como puro efeito mecânico, quer do ponto de vista da sua longa constituição, quer do ponto de vista de suas configurações contemporâneas. Assim, é pelo recurso a esta história do presente que os argumentos que constituem o livro escapam de algumas idealizações nostálgicas sobre o passado e de posições que poderiam se filiar ao profetismo ou catastrofismo em relação a um futuro cujas imagens também estão em crise.
Daí um dos sentidos da recuperação das formas de constituição das sociedades que puderam ser caracterizadas como sociedades salariais, com suas zonas de assistência inseridas ou não em políticas sociais empreendidas pelo Estado, a partir das quais vão tomando corpo e ganhando nomes os que ficaram de fora, os “desfiliados”, tais como os estrangeiros, os vagabundos e os incapacitados.
Utilizando-se desse conceito de “desfiliação” a fim de substituir o termo “exclusão” – como já mencionado antes – Castel apresenta como uma das conseqüências dos processos de

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