Partes: 1, 2, 3, 4, 5

 

Quanto às finanças, pode parecer que se integrar aos mercados (financeiros) internacionais possibilite um maior crescimento, porém cria uma vulnerabilidade muito maior. Nesse sentido,

se os países confiam em investimentos de papéis "portfólios", ou em movimentação de investimentos de curto prazo, para financiar déficits de contas correntes, precisam então manter sólidas taxas de câmbio e altas taxas de juros: sólidas taxas de câmbio para manter a credibilidade, altas taxas de juros para manter a lucratividade. Mas, como as altas taxas de juros estrangulam investimentos, as altas taxas de câmbio estrangulam exportações. E à medida que os déficits de mercados se elevam, os aumentos dos déficits de contas correntes requerem maiores injeções de capital, ao ponto em que, mesmo que o governo consiga manter o controle das taxas de câmbio, existe um forte abalo na confiança. E, quando a crise acontece, existe evasão de capital e uma evasão da moeda corrente. (Idem, p.125-126)

E prossegue,

Existem, naturalmente, variações em torno desse tema na América Latina e na Ásia, mas a essência da história é quase a mesma, a lição é clara. Uma integração rápida e prematura no mercado financeiro internacional não somente cria uma alta vulnerabilidade, como também pode deixar as economias atreladas em termos das reais variações. O resultado de uma crise financeira é terrível. Ainda, a chamada liberalização de recursos de capital reduz o grau de liberdade na administração macroeconômica. Por conseguinte, não é possível utilizar políticas de expansão fiscal para estimular uma demanda agregada, ou políticas de expansão monetária para estimular investimentos. E, no Brasil, particularmente, é importante ressaltar que os países da Ásia que escaparam dessa derrocada dos mercados financeiros internacionais, Índia e China, foram precisamente os países que agiram com rigor, mas com muito cuidado [para] não espantar os investidores. (Ibidem idem. p. 126)

No tocante a resposta da terceira pergunta, ou seja, quais os conselhos para os paises que buscam o desenvolvimento baseados na experiência asiática? O professor Nayyar levanta algumas considerações, entre elas a de que é importante a abertura dos mercados, mas ela tem de ser seletiva e seqüenciada, criando-se, introdutoriamente, as condições necessárias iniciais. Os mercados precisam também, serem regulados e orientados em suas formas funcionais, institucionais e estratégicas. Deve existir um papel estratégico do governo sobre o equilíbrio das aberturas e regulamentação dos mercados.

Portanto, mercados e globalização têm suas próprias lógicas, que normalmente implicam em inclusão para uns e exclusão para outros. Diante desta realidade é necessário pensar em formas corretivas e intervenções nas estratégias nacionais de desenvolvimento, as quais devem tornar o processo de desenvolvimento econômico mais uniforme e uma base de desenvolvimento social mais ampla.

Concluindo pois, com as observações do professor Deepak Nayyard a respeito da experiência sobre desenvolvimento na Ásia, pode-se dizer que a mudança no contexto internacional atribuída à globalização, trouxe implicações importantes para as estratégias de desenvolvimento, e que portanto,

a escolha para os países está entre uma inserção passiva ou uma integração estratégica e seletiva no mundo da economia. Evidentemente, a escolha mais provável seria a última. Existe, também, uma escolha a ser feita entre a globalização acima, que é dirigida pelas corporações transnacionais, as Instituições Bretton Woods e o WTO, ou a globalização abaixo, que é dirigida pelas estratégias nacionais de desenvolvimento, que, por sua vez, são conduzidas pelo interesse do povo. Se o objeto do desenvolvimento é melhorar as condições de vida do povo, uma vez mais, a melhor escolha é a última. Essas são, talvez, as mais importantes lições que emergem das histórias de sucesso da experiência asiática sobre o desenvolvimento. (NAYYAR, 2000. p.131-132)

      1. O caso italiano de desenvolvimento regional

Um outro tema sobre desenvolvimento, apresentado no seminário internacional de Recife, foi tratado através da palestra do professor Arnaldo Bagnasco da Universidade de Turim, Itália, que a intitulou de "O caso italiano: uma quase experiência para a teoria do desenvolvimento".

O professor começa informando que,

Nenhum país tem uma receita para o desenvolvimento que possa oferecer diretamente ao outro. Não existe nenhuma melhor maneira, e, mesmo nesta era da globalização, cada país tem que achar sua própria maneira de colocar o crescimento em ação e oferecer sustentação. Não obstante, através da comparação de diferentes experiências, cada sociedade é capaz de melhorar, utilizando seus próprios recursos e dificuldades. Desse ponto de vista, o caso italiano é de interesse geral, e, ainda assim, pode ser considerado um tipo de experiência social com relação às importantes questões sobre a teoria do desenvolvimento. (BAGNASCO, 2000. p. 175)

A partir daí, passa a detalhar a construção da (quase) experiência do desenvolvimento italiano, enaltecendo as diferenças regionais existentes naquele país, desde o século XIX até os dias atuais.

Inicialmente comenta a respeito da região sul da Itália, conhecida como Mezzogiorno, que no século XIX, com a reunificação do país desde a queda do império romano, era a região que possuía as maiores cidades (Nápoles com pouco menos de meio milhão de habitantes era a maior), e caracterizava-se economicamente, através dos recursos gastos pelos ausentes donos de terras nos rendimentos obtidos do arrendamento de suas propriedades latifundiárias. A região nordeste, ao contrário, caracterizava-se como uma região de cidades, vilas e área rural bem definida.

 

À época em que a Itália foi reunificada, a diferença per capita entre o norte (nordeste) e o sul, já era de 20%. Em 1951 estes números cresceram para 45%, diminuindo pela metade em meados dos anos setenta e voltando mais ou menos ao patamar de 1951, na atualidade.

E o que se passou ou se passa no sul?

Na verdade desde o século XIX as cidades do sul eram consideradas "cidades parasitas", ou seja, nos dizeres de Hoselitz (apud Bagnasco, 2000. p.178), "cidades que falharam na tentativa de gerar desenvolvimento, seja para elas próprias ou para regiões sobre seu controle, de onde obtém os recursos para seu próprio consumo".

Mas o que exatamente provoca este atraso no sul da Itália? Seria a falta de recursos para alavancar o desenvolvimento?

Na verdade não. Muito pelo contrário. De acordo com Bagnasco (2000), por volta de 1957, enormes quantias de recursos foram destinadas, mediante instrumentos políticos, para o desenvolvimento da região. Porém o que se pode ver, foi uma grande ineficiência da administração pública em gerir os recursos destinados a tirar o sul do atraso econômico. Além disso, um outro fator foi observado: como os recursos destinados ao sul eram grandes, isso elevou consideravelmente a renda dos sulistas, mas por outro lado os deixou reféns dos produtos do nordeste, que eram de muito melhor qualidade e de preços mais competitivos.

Alia-se aos dois fatores citados anteriormente, o fato de que, junto com os recursos públicos para o desenvolvimento do sul, vieram também investimentos em industrias auto-sustentadas pelo governo, tais como siderurgia e petroquímica.

Por sua própria natureza, esses setores foram incapazes de criar um sistema indutor para pequenas empresas, além de serem muito extensos para as necessidades da economia nacional, fazendo assim com que a sua administração fosse derrotada pelo patronato político. Nos anos 70, entraram virtualmente numa crise geral. No entanto, surgiu uma linha de operação de salvamento por parte do setor público, com a finalidade de dar suporte à população, e que se tornou permanente nos dias de hoje.(BAGNASCO, 2000. p. 179-180)

Portanto, observou-se claramente que, não basta apenas injetar capital e outros recursos em determinada região menos desenvolvida, mesmo que por longos períodos, nem tampouco, inserir industrias que não tenham um compromisso direto com a população local, para se alcançar uma condição autopropulsora do desenvolvimento.

E o que se pode fazer então para conseguir se desenvolver a nível regional?

Como já se disse, não existe uma receita padrão nem a nível nacional ou regional, porém o caso do nordeste da Itália pode servir para se tirar algumas lições.

Em primeiro lugar, é importante que se diga que o nordeste da Itália possuía mais recursos interiores para a exploração do que o sul. Mais como diria David Landes em seu Best-seller "A riqueza e a pobreza das Nações": "sorte foi apenas no começo", ou seja, essa alusão se refere a que uma determinada nação (ou região) possuir melhores recursos naturais, não significa necessariamente que se obterá sucesso, são necessários outros fatores, tais como cultura, além de requerer iniciativa e inovação.

Assim sendo, o que se deu no nordeste da Itália?

Bagnasco (2000), nos lembra que houve um segundo meio de desenvolvimento capitalista, surgido em face da crise do fordismo e da produção em massa, e que tem contribuído para acelerar o processo de globalização: foi o retorno das pequenas empresas ao cenário econômico.

Vários aspectos confirmam essa assertiva, entre elas o fato da segmentação e flutuação dos mercados, a hostilidade para com o trabalho repetitivo remunerado e com poucas possibilidades do indivíduo fazer carreira em grandes fábricas, as novas tecnologias adaptadas para uma produção em menor escala, melhoria nos sistemas de comunicação etc.

A Itália foi um país no qual este segundo meio de desenvolvimento capitalista, surgiu desde cedo (já nos anos setenta) e muito intensamente, porém quase que exclusivamente no nordeste e muito raramente nas outras regiões. E um dos aspectos evidentes dessa nova industrialização, tem sido a propagação de um sem número de distritos industriais – verdadeiras cidades fábricas – especializadas em um ou mais produtos.

Quanto às especializações dos distritos industriais, pode-se fazer distinções entre,

... áreas produtivas de especialização direta - onde, por exemplo, produtores de móveis ou cerâmicas se multiplicaram pelo processo de imitação - sistemas produtivos locais - com uma divisão de trabalho entre empresas, visando a produção final do produto, tudo a partir de um único setor, e, finalmente, áreas-sistemas com uma divisão mais complexa de trabalho entre as empresas, desenvolvidas a partir da especialização inicial "upstream" nível-acima e "downstream" nível-abaixo, e em um sem número de setores diferentes. (GAROFOLI apud BAGNASCO, 2000. p. 182) [grifo nosso]

Ao que se faz o seguinte parecer,

Essa referência dá uma dupla idéia, da variedade organizacional dos distritos industriais e da sua capacidade para o desenvolvimento. Entretanto, a minha pergunta é porque certas áreas – certas cidades e municípios e, num nível integrado, certas regiões – têm sido capazes de traçar, sucessivamente, o caminho para o desenvolvimento, enquanto outras não. A resposta depende do nível de envolvimento da economia na sociedade local. (op cit, p. 183)

No nordeste da Itália, portanto, o envolvimento da sociedade local na economia foi justamente o que fez a diferença do seu desenvolvimento mais promissor, em comparação com as demais regiões. Lá no nordeste, foram as cidades e municípios que ativaram o processo de interação com as áreas rurais, contratando a mão-de-obra ruralista mais não deixando que perdessem o contato com as famílias e também absorvendo os seus ensinamentos advindos de seu meio (o rural).

Além disso, as atividades de produção não se concentravam nas grandes cidades, mas se espalhavam em cidades menores, os empresários não eram somente urbanos em suas origens, combinou-se também diferentes formas de lucros tanto da industria como na agricultura, de forma que, mesmo pequenos agricultores conseguiram recursos suficientes para permitirem a seus filhos se estabelecerem por conta própria e também, essas tais sociedades do nordeste italiano, faziam uso seletivo de fontes socais e culturais das suas raízes tradicionais, investindo em novas oportunidades econômicas que se descortinavam.

Portanto,

No Nordeste da Itália, não foi somente o livre mercado, mas a combinação de oportunidades de mercado e as fontes específicas da sociedade regional que produziram o desenvolvimento. Atualmente, nós utilizamos muito o termo "capital social" para nos referir a essas fontes culturais e sociais (Coleiam, 1990). Capital social é uma estrutura de relações, construída através do tempo e baseada na cultura cooperativista, confiança mútua e em formas de organização social que podem ser utilizadas em muitas direções. A família, associações e grupos comunitários são vistos, neste sentido, como fontes para o desenvolvimento. A importância do capital social torna-se evidente no caso do desenvolvimento espontâneo da propagação de uma economia, como já descrevi. Isto tem sido observado por autores diferentes que lidam com desenvolvimento e modernização (R. Putnam, 1993) e (F. Fukuyama, 1995), que particularmente consideram o inesperado caso italiano de ascensão ao desenvolvimento como altamente emblemático a partir dos novos rumos. Entretanto, estas análises, ultimamente, têm produzido uma nova ideologia: isto significa que, se não é propriamente o mercado que produz o desenvolvimento, é uma combinação decisiva de mercado e capital social. O aspecto ideológico é o da idéia de que a política tem que parar de intervir nos processos de desenvolvimento. Intervenções políticas submissivas destroem o tradicional capital social e põem em cheque ou mesmo elimina a capacidade auto-organizada da sociedade. E verdade que, em certos casos, políticas podem falhar no reconhecimento e podem até destruir a relação dos recursos tradicionais, um ponto comprovadamente decisivo na disparada do desenvolvimento. Mas é também verdade que ações políticas podem ajudar a conservá-los ou mesmo gerá-los onde ainda eles não existirem. O caso dos distritos industriais italianos demonstra, efetivamente, a importância de uma combinação entre mercado livre e recursos de capital social, mas de nenhum modo exclui o papel das políticas. (BAGNASCO, 2000. p.185)

Nesta quase experiência italiana vista acima, parece ficar claro o quão complexo é se atingir o desenvolvimento. O caso do sul da Itália, por exemplo, demonstra que mesmo com recursos fartos, más políticas podem levar ao insucesso um bom programa de crescimento ou mesmo desenvolvimento econômico.

O caso do norte, por sua vez, mostra que não há uma receita específica para se obter o desenvolvimento, mas que geralmente este passa por uma mistura de mercado, capital social (capacidade auto-organizadora da sociedade) e boa diligência política nos processos diretivos.

Ou seja, quando uma economia esta em atraso, é necessário que se façam avaliações e se verifiquem a necessidade ou não de ajuda externa. É preciso também que se estabeleçam políticas e programas para se erradicar esse atraso econômico. No entanto tais ações só devem ser preferencialmente efetivadas, se contarem com a participação da sociedade local, a quem deve caber o sucesso ou o insucesso das ações que irão se desenvolver.

3. AQUICULTURA E PESCA: CONSIDERAÇÕES PARA UM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Antes que sejam levantados aspectos referentes à aqüicultura e a pesca, e suas implicações com o desenvolvimento sustentável, levantar-se-á conceitos e aspectos gerais dessas duas atividades humanas, no que concerne a produção e comercialização de espécies e culturas aquáticas, a nível global, nacional e regional.

Em seguida, faz-se as necessárias e devidas considerações para que se busque, no cotidiano dessas duas atividades, atingir um desenvolvimento que seja sustentável. Finalizando o capítulo, traça-se, sucintamente, um paralelo entre os assuntos abordados até o momento e o objeto de estudo desse trabalho.

3.1 Aspectos gerais sobre a pesca e a aqüicultura

A bem conhecida teoria Malthusiana (Thomas R. Malthus – 1766-1834), previa um crescimento em progressão geométrica da população humana, enquanto a produção de alimentos cresceria em progressão aritmética. Tal perspectiva destinaria ao homem, ter uma qualidade de vida cada vez mais modesta, caso não se reduzisse o crescimento populacional.

Entretanto, as preocupações de Malthus relacionavam-se a extensão do solo agrícola, ou aos recursos do subsolo que, quando explorados até ao esgotamento, provocariam o colapso da vida no planeta.

Por outro lado, contradizendo a teoria de Malthus, os recursos marinhos foram vistos como sendo uma fonte inesgotável de recurso alimentares, a ponto do também inglês, o biólogo Thomas Henry Huxley (1825-1895), afirmar que por maior que fossem os esforços humanos em capturas, o seu efeito sobre os recursos marinhos seriam insignificantes, pois os estoques sobreviventes haveriam de repor, sem qualquer dificuldade, o equilíbrio biológico anterior (D’OLIVEIRA, 1997).

Tal afirmativa acima, já não encontra qualquer respaldo científico nos dias atuais. Ao contrário, o Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), afirma que a produção máxima sustentável de pesca nos oceanos é de 100 milhões de toneladas por ano.

Em artigo publicado na revista Ciência Hoje, o oceanógrafo Yusunobu Matsuura, do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), comenta as previsões do Clube de Roma sobre o aumento populacional e suas implicações nas atividades do próprio homem.

De acordo com Matsuura (2001), as previsões do Clube de Roma, publicadas em 1972, no livro "Os Limites para o Crescimento", diziam que em permanecendo a taxa de aumento populacional nos patamares atuais (do início dos anos setenta), os recursos naturais da terra não subsistiriam além do ano de 2100, mesmo com o avanço da tecnologia.

Independentemente dos erros ou acertos do Clube de Roma, o fato é que a população triplicou nos últimos sessenta anos, passando de dois bilhões para 6 bilhões, do ano de 1940 até o ano 2000. Isso significa uma biomassa (o peso total de seres humanos) de 300 milhões de toneladas. Na análise de Matsuura (op. cit.),

Uma biomassa desse porte, para uma só espécie, o Homo sapiens, é um recorde na história natural da Terra. Como comparação, pode ser citada a captura anual de uma das espécies de peixes mais abundantes do oceano, a anchoveta peruana (Engraulis ringens), que alcança cerca de 12 milhões de toneladas. Para sustentar uma captura com essa magnitude, a população total da anchoveta deve ter um peso de, pelo menos, 48 milhões de toneladas. Nenhuma outra espécie de animal apresenta biomassa total com esse porte, ainda bem distante da biomassa da espécie humana.

Para alimentar seis bilhões de habitantes, grande parte da superfície da Terra foi transformada em área de cultivo e pastagem. Hoje, a agricultura é a principal fonte de alimentos para a população humana, mas essa fonte é limitada. Segundo estimativa do Clube de Roma, a área total cultivável sobre a Terra é de cerca de 3,2 bilhões de hectares, e metade dessa área já estava sendo utilizada em 1965. Aproveitar a outra metade, porém, será mais difícil, pois o custo para transformar essa parcela - que inclui, por exemplo, campos e florestas remanescentes - em áreas cultiváveis é muito alto.

Portanto, a fonte alternativa, citada por Matsuura, para garantir a produção de alimentos para o homem e contrariar a tese do Clube de Roma, é o mar.

Porém, apesar dos recursos pesqueiros serem considerados recursos renováveis, eles já não são vistos como àquela idéia de Huxley, de renovabilidade infinita, mas sim, sabendo-se que têm limites e que seu uso racional é fundamental para garantir o aproveitamento futuro.

No entanto, como já havia sido citado, de acordo com dados da FAO (2000), foi estimado como sendo de 100 milhões de toneladas, a produção pesqueira oceânica sustentável. Levando-se em conta esse valor como certo, em 1999, a produção pesqueira oceânica mundial (ver Quadro I) foi de 92,3 milhões de toneladas. Considerando, também de acordo com os dados da FAO, que na pesca comercial há um descarte de espécies antieconômicas da ordem de 30%, somando-se, portanto, o percentual de descarte à produção mundial, teremos um total de cerca de 120 milhões de toneladas de espécies capturadas nos oceanos, o que já suplanta e muito, o total sustentável.

Quadro 1 - Produção Mundial de Pescado

Produção
(milhões de toneladas)

1997

1998

1999

INTERIOR

Captura

7,5

8,0

8,2

Aqüicultura

17,6

18,7

19,8

Total Interior

25,1

26,7

28,0

MARINHA

Captura

86,1

78,3

84,1

Aqüicultura

11,2

12,1

13,1

Total Marinha

97,3

90,4

97,2

Total Captura

93,6

86,3

92,3

Total aqüicultura

28,8

30,9

32,9

Total da Produção
de pescado mundial

122,4

117,2

125,2

Fonte: Organização das Nações Unidas para agricultura e alimentação (FAO), Disponível em «http://www.comciencia.br/reportagens/modelagem/mod03.htm » Acesso em: 12 maio 2002.

De acordo com o biólogo francês M. Pauly, citado por Matsuura (2001), a produção primária dos ecossistemas marinhos (em diferentes pontos do oceano) para sustentar a retirada de 100 milhões de toneladas de pescado, seria de 2,7 bilhões de toneladas de carbono por ano, o que representa cerca de 8% de toda a produção primária global marinha. Aparentemente esse número representa pouco, porém quando se analisa esse valor para os diferentes ecossistemas, vê-se que a produção primária necessária para sustentar a produção de pescado, irá subir para 24,2% na plataforma continental da região tropical, e isso considerando apenas para a produção sustentável.

Estes resultados demonstram que, apesar da pouca influência da pesca comercial sobre os organismos situados nos níveis inferiores da cadeia trófica (plânctons, por exemplo), a margem de aumento da produção pesqueira é limitada (MATSUURA, op. cit.).

No caso do Brasil, que possui 8,4 quilômetros de costa, esse aumento da produção pesqueira é ainda mais limitante, tendo em vista que o país se encontra rodeado de ecossistemas marinhos de regiões tropicais e subtropicais, consideradas de baixa produtividade primária, apesar de grande diversidade (VALENTI, 2000).

A biomassa pesqueira brasileira é comparativamente pequena, girando em torno de 600.000 ton/ano, e a maioria dos estoques naturais de peixes, crustáceos e moluscos capturados na pesca artesanal e industrial, estão, comprovadamente, em fase de sobrepesca (PAIVA apud VALENTI, 2000, p. 109).

Uma alternativa para atender a demanda humana por alimentos e garantir a preservação dos estoques naturais brasileiros, bem como os mundiais, para as gerações futuras, parece vir da aqüicultura.

De acordo com Arana (1999, p.26),

Acreditamos que através de uma aqüicultura estritamente tecnológica podemos produzir suficiente alimento para sustentar todo o mundo. Mas também acreditamos que só por meio de um modelo correto de desenvolvimento da atividade aquícola, que seja coerente com seu contexto social e ambiental, é que conseguiremos a socialização destes suprimentos e, por fim, colaborar efetivamente com a derrubada deste flagelo histórico, tristemente conhecido como fome.

Porém, é bom salientar que na Tailândia, com a utilização dos manguezais para o cultivo de peixes e camarões, a produtividade acabou ficando abaixo da conseguida no próprio ambiente natural (VALENTI, 2000).

Além disso, e apesar de toda a mudança tecnológica conseguida através da aqüicultura, a produção marinha de peixes, crustáceos e moluscos é, ainda, bem menor do que a pesca extrativista obtida dos recursos naturais, como será visto mais adiante.

Portanto, ambas as atividades, aqüicultura e pesca, devem ser estudadas pelas diversas ciências, de forma a se conseguir os conhecimentos necessários para a obtenção dos melhores resultados de suas produções, de maneira a garantir alimentação para a população humana, bem como garantir a preservação do meio ambiente e dos estoques aquáticos para as gerações futuras.

3.1.1 A Pesca

Pesca é o termo genérico empregado para designar a captura de animais aquáticos, seja para o próprio consumo, seja por esporte ou para aproveitamento comercial (NOVA ENCICLOPÉDIA BARSA, 2000).

Entende-se por pesca, a extração ou exploração ou captura de organismos aquáticos feita em mar aberto ou em águas continentais (rios, açudes, lagos) de domínio público, com pouca ou nenhuma preocupação com o manejo ou cultivo das espécies (RANA apud VALENTI, 2000).

As origens da pesca remontam as origens do próprio homem, quando de sua luta pela sobrevivência em busca de alimentos.

Pode-se dizer que, apesar de sua origem bastante longínqua, a pesca evoluiu de forma bastante lenta, a ponto de poder-se afirmar que, mesmo nos dias atuais, em sua grande maioria, ainda emprega métodos bastante rudimentares.

Os primeiros instrumentos de pesca foram pedras lascadas, lanças, flechas e posteriormente os arpões. Surgiram também os anzóis, inicialmente de ossos, depois de madeira e só depois se empregou os metais, que são usados até hoje.

Quando o homem aprendeu a aprisionar os peixes em braços de rios ou estuários, através de barragens com pedras soltas, a pesca passou de simples captura de exemplares isolados à obtenção de grupos de exemplares.

Com o aparecimento da rede de pesca, através do entrelaçamento de fibras vegetais, a pesca ganha um grande impulso a ponto de começar a escassear o produto pesqueiro, fazendo com que o homem tenha que se aventurar cada vez mais, litoral adentro.

Segundo Freitas (2001), a invenção da rede e do anzol, aliada a invenção das "embarcações", marcam definitivamente a evolução da pesca, separando-a definitivamente da caça e permitindo ao homem utilizar, sobre toda a hidrosfera, os métodos e engenhos até então utilizados na franja costeira.

Com o avanço da ciência e da tecnologia, principalmente no século passado, o homem aperfeiçoou ainda mais suas técnicas de capturas psícolas, através de instrumentos como o GPS e sonares, que detectam a presença de cardumes e os perseguem aonde quer que eles vão.

Porém, de acordo com Freitas (op.cit.), "não obstante toda essa evolução, a pesca deve ser entendida no sentido da modernização da prática de pesca - evolução tecnológica - e não evolução de princípios, sabendo que continua a ser uma atividade de recolha da produção que a natureza oferece, numa relação de predador natural em que o homem é".

Tipos de Pesca

Freitas (ibidem) ainda demonstra, que podem existir diversas classificações para tipos de pesca, a depender do local aonde é exercida, da espécie visada, além de outras classificações que se queira ter. Porém, de forma geral, a pesca pode ser incluída em dois grandes grupos:

  • Pesca Artesanal, engloba os tipos de pesca mais antigos e tradicionais e é praticada principalmente em zonas onde o desenvolvimento econômico é ainda reduzido. Os pescadores que praticam esse tipo de pesca costumam a trabalhar isoladamente ou em pequenos grupos de dois ou três. As embarcações são de reduzidas dimensões, muito mais adaptadas as condições locais de navegação do que ao tipo de pesca que efetuam. Essas embarcações são movidas a remo ou a motores fora de bordo. Caso exista algum tipo de transformação de pescado ligado a este tipo de pesca, os processos utilizados para o efeito são tradicionais, nomeadamente a seca, a salga e a fumagem (defumação).
  • Pesca Industrial, é aquela caracterizada pela utilização de tecnologia avançada e por pescadores qualificados. Nesse tipo de pesca são utilizados navios de grandes dimensões e que necessitam de instalações fixas em terra ou de navios-mãe.

Mas, além desses dois grandes grupos, a pesca, de acordo com o local onde é exercida, pode ser classificada em:

  • Pesca Fluvial: quando é praticada nos rios
  • Pesca Lacustre: quando é praticada nos lagos (naturais ou artificiais)
  • Pesca Marítima: quando é praticada no mar

A classificação para a pesca, dada acima, pode também ser subdividida em:

  • Pesca Local: quando em praticada junto à costa, coincidindo praticamente com a chamada pesca artesanal.
  • Pesca Costeira: nesse tipo de pesca os operadores afastam-se já um pouco da costa, mas sem se perder a vista da terra, sendo essencialmente artesanal, de curta duração.
  • Pesca do Alto: é um tipo de pesca efetuado a maior distancia do porto de origem. Os navios que praticam a pesca do alto deslocam-se para pesqueiros distantes e a maior parte das vezes sem terra a vista. Já é uma atividade industrial praticada por embarcações de maior porte, com autonomia e, portanto com fainas que podem atingir várias semanas, com um raio de ação normalmente dentro das ZEE (Zona Econômica Exclusiva).
  • Pesca Longínqua ou Oceânica: é a pesca exercida em zonas longínquas do globo, praticada por unidades pesqueiras de grande porte e autonomia e aptas para conservar as capturas, podendo a faina durar de várias semanas a meses. O raio de ação estende-se às zonas de domínio internacional e às ZEE de outros países.

As vantagens desta categorização, ou classificação, acima, estão essencialmente relacionadas com as necessidades de gestão da atividade, aliadas aos direitos de acesso aos recursos bem como aspectos de segurança nas unidades de pesca.

Também segundo a espécie visada, a pesca pode ser classificada em:

  • Demersal – incide sobre as espécies que vivem junto ao fundo do mar.
  • Pelágica – incide sobre as espécies que vivem a superfície ou meia-água.

Ainda podemos encontrar outras categorias de pesca, tais como:

  • Amadora - Atividade exercida a titulo recreativo ou de subsistência, tendo neste ultimo caso por finalidade a obtenção de espécies comestíveis para o consumo próprio e da família.
  • Comercial - Atividade praticada com intuito lucrativo, dando lugar à venda das capturas.
  • De Investigação Cientifica - Atividade que visa o conhecimento dos recursos ictícos.

3.1.2 A Aqüicultura

O FAO, entende a aqüicultura como sendo a exploração de organismos aquáticos, tais como peixes, moluscos, crustáceos e plantas aquáticas, com a finalidade de melhorar a produção, além de assegurar a garantia da propriedade das espécies cultivadas, a quem a esta explorando. Sobre esse entendimento observa-se a seguinte conceituação e análise:

aqüicultura é o processo de produção em cativeiro de organismos com hábitat predominantemente aquático, em qualquer estágio de desenvolvimento, ou seja: ovos, larvas, pós-larvas, juvenis ou adultos. De acordo com a FAO, três fatores caracterizam essa atividade: o organismo produzido é aquícola, existe um manejo visando à produção, e a criação tem um proprietário, isto é, não é um bem coletivo como são as populações exploradas pela pesca. (RANA apud VALENTI, 2000, p.25)

Nesse contexto, a aqüicultura estaria muito mais relacionada à agricultura, do que com a pesca, pois implica em criar e manejar as espécies aquáticas em um certo ambiente restrito, com a posse e os direitos sobre este ambiente e sobre os meios de produção. Diferentemente da pesca, que normalmente ocorre em mares e rios de domínio público, de forma livre (extrativa) e comunitária.

O Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa a define como "a arte de criar e multiplicar animais e plantas aquáticas". Nos instrumentos legais vigentes no Brasil, o termo pode ser encontrado com diferentes graus de abrangência: "o cultivo de organismos que tenham na água seu normal ou mais freqüente meio de vida" (no Decreto nº 1.695, de 13/11/95, sobre a prática da aqüicultura em águas de domínio da União) ou "o cultivo ou a criação de organismos que apresentam seu ciclo de vida inteiramente em meio aquático (na Portaria IBAMA nº 145-N, de 29/10/98)".

Assim, dependendo da definição adotada, animais como jacarés, tartarugas, rãs e outros podem ou não ser incluídos como objetos da aqüicultura.

Existe, entretanto, uma forte tendência de restringir a aqüicultura a organismos eminentemente aquáticos pertencentes aos grupos dos peixes, moluscos, crustáceos, algas e macrófitas de água doce.

Histórico

Os primeiros relatos sob a criação de animais aquáticos em cativeiros, de que se tem conhecimento, datam de cerca de 4000 anos a.C., na china e de 3500 anos a.C. na Mesopotâmia. Sabe-se também, que os romanos praticaram a criação de peixes, desde o antigo império, muito provavelmente proveniente dos conhecimentos absorvidos dos povos orientais durante alguma de suas conquistas territoriais.

Em épocas mais recentes, foram documentadas as produções combinadas de arroz e peixes durante a dinastia de "Han Oriental", na China, durante os anos de 25 a 250 d.C., e os mosteiros cristãos da Europa Central, já utilizavam a piscicultura como parte do sistema de sua produção alimentar Durante a idade média (HALWART, 2000).

No Brasil a atividade de aqüicultura teve os seus primórdios quando da ocupação holandesa, trazida através das idéias inovadoras do príncipe Maurício de Nassau. Tendo se desenvolvido inicialmente em Olinda e Recife, posteriormente se disseminou pelos Estados de Sergipe, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Continua hoje, conforme afirma Rocha,

sendo praticada, na maioria das suas regiões, de forma incipiente, a despeito do seu extraordinário potencial natural. Isso, apesar de que a tecnologia que revolucionou essa atividade no século passado, a hipofisação, foi descoberta por pesquisadores brasileiros nos idos dos anos 30.

Magalhães Filho (2000), reforça o ponto de vista da insipiência ao falar que, por conta da descoberta da hipofisação, ocorrida no ano de 1932, no nordeste brasileiro, graças, principalmente, ao trabalho do cientista Rodolfo von Ihering, a região nordestina é considerada o berço da piscicultura nacional. No entanto, tal descoberta, aliada às condições favoráveis de clima e mesmo (sob certos aspectos) de vastos e variados ambientes aquáticos, ainda não se traduziu na oportunidade de se produzir alimentos protéicos de baixo custo, nem ao menos no nível mínimo de sua potencialidade.

Segmentos da aqüicultura

De maneira geral a aqüicultura encontra-se dividida em três grandes segmentos de sistemas de cultivo: cultivo em água doce, cultivo em água salgada e cultivo em água salobra. A figura abaixo, apresenta o volume de produção e de receitas, em termos percentuais, de cada uma desses sistemas.

Fonte: FAO apud Halwart (2000)

Figura 1 - Contribuição dos Ambientes para a Aqüicultura

Igarashi e Neto (2001, p.151), dividem a atividade da aqüicultura em três categorias: 1- aqüicultura sem alimentação; 2- aqüicultura com alimentação; 3- cultivo baseado no setor pesqueiro.

Na primeira categoria ocorre o cultivo sem que haja a preocupação com a alimentação dos organismos aquáticos. É o caso do cultivo de ostras, quando o criador não tem necessidade de fornecer o alimento.

Na segunda categoria, os cuidados são muito mais intensos, cabendo ao criador a responsabilidade pelo fornecimento de alimentação as espécies cultivadas, assim como o fornecimento de remédios e vitaminas. É o caso do cultivo de camarões, pargos, carpas entre outras.

A terceira categoria, ou cultivo baseado no setor pesqueiro, trata-se de propagação artificial, para repovoamento de áreas pesqueiras. O trabalho da aqüicultura, nesse caso, consiste em produzir alevinos e cultivá-los até atingirem a idade juvenil, quando são soltos na área que será repovoada.

Outras classificações ou segmentações são dadas à aqüicultura, porém, vale aqui salientar, que a aqüicultura praticada no litoral, seja na costa ou mesmo dentro do oceano, é chamada de maricultura. Já a aqüicultura praticada fora da costa oceânica, ou seja, em rios ou lagos, quer de água doce ou salobra, é conhecida como aqüicultura continental.

Quanto ao cultivo das diversas espécies aquáticas dentro de qualquer um dos segmentos citados mais acima, a aqüicultura também pode ser dividida em diversos ramos, de acordo com a espécie cultivada, é o caso de chamarmos carcinicultura (para o cultivo de camarões), piscicultura (cultivo de peixes), ostreicultura (cultivo de ostras), miticultura (cultivo de mexilhões) etc.

Nesse trabalho, ao se tratar de aqüicultura, estará se dando mais ênfase ao cultivo e manejo de espécies (animais) de habitat predominantemente aquático (podendo ser peixes e crustáceos, como também, tartarugas, rãs etc) e deixa-se um pouco de lado a produção de plantas aquáticas. Inclusive as tabelas que mais adiante se apresentam, excluem a produção vegetal.

Quando, por sua vez, se estiver falando de "pesca", "exploração" ou "captura", estar-se-á, se referindo, a captura de animais (ou plantas – mas não será abordada a produção de plantas) de habitat aquático, feita em mar aberto ou em águas continentais, tais como rios, açudes ou lagos de domínio público, com pouca ou nenhuma preocupação com o manejo ou cultivo das espécies. Porém, quando se estiver falando de "pescado", pode se estar referindo tanto a aqüicultura como a pesca exploratória.

3.2 Cenário global da aqüicultura e pesca

De acordo com dados do FAO (2000), a produção de pescado mundial cresceu 13,9 milhões de toneladas, ou 12,4%, de 1994 a 1999. Nesse mesmo período a população mundial cresceu de 5,6 para 6,0 bilhões de habitantes.

No entanto, ainda segundo a mesma fonte, a aqüicultura teve um incremento da ordem de 13 milhões de toneladas (ver tabela n, abaixo), num período de cinco anos (1994 a 1999), passando de 20.763.869 toneladas para 33.310.349 toneladas (não se esta considerando aqui a produção de plantas aquáticas que foi de 9.460.626 toneladas em 1999), apresentando um crescimento médio anual de 10,2% no período. Enquanto isso, a produção pesqueira extrativa, mostrou-se estabilizada em torno de noventa e seis milhões de toneladas, durante os anos de 1993 a 1997, decaindo em 1999, para 92.866.553 (ver anexo). Dessa forma, a produção pesqueira mundial, apresentou, em 1999, uma produção total de 126.176.902 toneladas, sendo aproximadamente 73% provenientes da pesca extrativa e 27% provenientes da aqüicultura.

Tabela 1 - Produção pesqueira mundial e sua utilização

 

1994

1995

1996

1997

1998

19991

 

(milhões de toneladas)

PRODUCÃO

 

 

 

 

 

 

CONTINENTAL (ÁGUA DOCE)

 

 

 

 

 

 

Captura

6,7

7,2

7,4

7,5

8,0

8,3

aqüicultura

12,1

14,1

16,0

17,6

18,7

19,4

Continental total

18,8

21,4

23,4

25,1

26,7

27,7

MARINHA

 

 

 

 

 

 

Captura

84,7

84,3

86,0

86,1

78,3

84,6

aqüicultura

8,7

10,5

10,9

11,2

12,1

13,9

Marinha total

93,4

94,8

96,9

97,3

90,4

98,5

Captura total

91,4

91,6

93,5

93,6

86,3

92,9

Aqüicultura total

20,8

24,6

26,8

28,8

30,9

33,3

Total da pesca mundial

112,3

116,1

120,3

122,4

117,2

126,2

UTILIZACÃO

 

 

 

 

 

 

Consumo humano

79,8

86,5

90,7

93,9

93,3

95,3

Produção de farinha e óleo de pescado

32,5

29,6

29,6

28,5

23,9

30,9

População mundial (em bilhões)

5,6

5,7

5,7

5,8

5,9

6,0

Consumo de pescado como alimento por pessoa (kg)

14,3

15,3

15,8

16,1

15,8

15,9

1O dado total corresponde ao valor da FAO, os outros dados da coluna são estimados.

FONTE: FAO, 2000.

Na última década, segundo dados da Fishtec Consultores Associados, mundialmente, a aqüicultura apresentou, uma taxa de crescimento anual cinco vezes à apresentada pela bovinocultura, avicultura e suinocultura. Há que se considerar aqui, no entanto, que a aqüicultura ainda é uma atividade incipiente, cujos recursos ainda não foram muito utilizados, podendo, portanto, crescer a taxas maiores que outras atividades mais consolidadas.

Mais vale ressaltar também, a título do desenvolvimento da atividade, que, apesar das enormes possibilidades de expansão (pela insipiência), o crescimento da aqüicultura surpreendeu até aos especialistas da FAO, quando ao atingir, em 1998, o volume de produção de 30 milhões de toneladas de pescado, número este que havia sido previsto em 1995, por tais especialistas, para ser atingido apenas em 2010. O que demonstra que, a estagnação da atividade pesqueira extrativa, tem se traduzido na busca de atividades aquícolas para suprir as necessidades humanas por pescados.

No contexto da produção pesqueira mundial (pesca exploratória e aqüicultura), foi a América Latina e Caribe quem, dentre todas as demais regiões do planeta, obteve a maior taxa de crescimento, 12,8 %. Isso graças, ao desempenho do Chile, que sozinho produziu mais que todos os demais países da América do Sul somados juntos, e representou 41,4 % da aqüicultura da região como um todo. Entretanto, dentro do contexto mundial, a produção da América Latina e Caribe é insignificante, isto é, apenas 1,8% da produção total e 4,4 % do valor de comercialização (NEIVA, 1998).

No entanto, os grandes campeões de produção e vendas de pescado, são os países asiáticos, que possuem oito, dentre os dez maiores produtores mundiais de peixes, moluscos e crustáceos provenientes de manejo e cultivo. Apenas os sete primeiros colocados, que são todos asiáticos, detêm mais de 93 % da produção mundial aquícola. Somente a China, primeira colocada na produção e no consumo de produtos provenientes da aqüicultura, responde por mais de 72 %.

A um quadro interessante a se observar, na produção mundial de pescado: é que, esta produção pesqueira, está quase que totalmente nas mãos dos países em desenvolvimento.

Em realidade, a aqüicultura concentra-se esmagadoramente em países em desenvolvimento os quais respondem por 85% da produção mundial em volume e 71% em valor, segundo dados da FAO. Ainda, segundo a FAO, o potencial da aqüicultura para produzir alimentos de qualidade, gerar riquezas e empregos, tem sido demonstrado pela rápida expansão do setor que tem crescido, desde 1984, a uma taxa anual de 10%, comparado com 3% da pecuária de corte e 1,6% da pesca extrativa. (NEIVA, 1998).

E mesmo que 73% do total dessa produção ainda provenham da captura (que se encontra em declínio, pela superexplotação), no entanto, tem havido um esforço, por parte desses países, no sentido de manter a oferta, e inclusive aumentá-la, de peixes e congêneres, através da aqüicultura, de forma que, em assim procedendo, deverão alavancar ainda mais as suas economias, e quiçá, seguir rumo a um desenvolvimento sustentável, já que a atividade, é vista com grandes possibilidades de conseguir enveredar por este caminho.

Figura 2- Produção aquícola mundial por principais grupos de países

 

FONTE: Tacon, A.G.J. and U. Barg (in prep.) Responsible aquaculture development for the next millenium. Proceedings of ADSEA `99 SEAFDEC/AQD Workshop on Responsible Aquaculture Development in Iloilo, The Philippines, 12-14 October, 1999. Disponível em: http://www.fao.org/DOCREP/003/X7156s/x7156s02.htm#P15_2495

Partes: 1, 2, 3, 4, 5

 
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