Implante Autólogo Ovariano no Omento Maior – Estudo Experimental

Enviado por Andy Petroianu


 

RESUMO

Objetivos: avaliar os aspectos morfofuncionais de ovários implantados no omento maior, bem como a melhor técnica para implantação do ovário: se íntegro ou fatiado.

Métodos: foram divididas aleatoriamente 40 ratas Wistar com ciclos estrais normais em quatro grupos: Grupo I (n = 5), controle – laparotomia; Grupo II (n = 5), ooforectomia total bilateral; Grupo III (n = 15), implante autólogo íntegro no omento maior e Grupo IV (n = 15), implante autólogo fatiado no omento maior. Realizaram-se esfregaços vaginais nos 3º e 6º mes pós-operatório e estudos histológicos dos implantes ovarianos, avaliando-se: degeneração, fibrose, reação inflamatória, angiogênese, cistos foliculares, desenvolvimento folicular e corpos lúteos.

Resultados: os animais do Grupo I ciclaram normalmente. As ratas do Grupo II não apresentaram ciclo, permanecendo em diestro. No Grupo III, 11 ratas permaneceram em diestro, três apresentaram ciclos incompletos e apenas uma ciclou normalmente. No Grupo IV, três animais não ciclaram, oito tiveram esfregaços vaginais incompletos e quatro ciclaram normalmente. Os achados histológicos dos animais pertencentes ao Grupo III evidenciaram histoarquitetura normal em dez ratas, porém nas outras cinco, houve degeneração ovariana. No Grupo IV, 14 ratas tiveram ovários com histoarquitetura preservada e em apenas uma houve sinais de degeneração.

Conclusões: o implante autólogo ovariano no omento maior foi viável, obtendo-se melhor preservação morfofuncional com a implantação de fatias.

PALAVRAS-CHAVE: Ciclo ovariano. Implante autólogo de ovário. Colpocitologia, Ooforectomia. Estudo experimental.

 

Introdução

Muitas pacientes com câncer sofrem perda iatrogênica da função ovariana, mesmo sem o ovário estar envolvido na doença, em decorrência de tratamento radioterápico e quimioterápico1. Essa conduta resulta em menopausa precoce e distúrbios funcionais, tais como disfunção sexual, níveis alterados de lipoproteínas, maior risco de osteoporose e de doenças cardíacas, dentre outros2,3.

Em muitos outros casos, a ooforectomia é realizada por princípio ou necessidade4, em um procedimento sobre a pelve, mesmo sem haver inconveniência de se manter o ovário. Com o objetivo de se manterem os níveis hormonais, fisiologicamente, tem sido proposto o implante autólogo ovariano heterotópico5-7.

Diversas técnicas de implante autólogo ovariano vêm sendo pesquisadas continuamente em animais8-13. O estudo da preservação da função ovariana em várias espécies animais resulta em informações conflitantes na literatura quanto à eficácia da manutenção dos níveis hormonais14,15. Estudos iniciais publicados por Cooper et al.16, em cobaias, e por Long e Evans17, em ratos, mostraram que o ciclo ovariano pode ser monitorado por meio de mudanças na citologia vaginal.

Objetivando analisar a preservação da função ovariana em casos de ooforectomia, o presente trabalho estudou o implante autólogo ovariano no omento maior e pesquisou a melhor forma de implantação do ovário: íntegro ou fatiado. Avaliou-se ainda a capacidade de secreção hormonal dos ovários auto-implantados por meio da manutenção do ciclo estral, com base em esfregaços vaginais.

Material e Métodos

Este estudo experimental foi realizado de acordo com as recomendações das Normas Internacionais de Proteção aos Animais18,19, e aprovado pela Comissão de Ética da Universidade Federal de Minas Gerais.

O presente trabalho foi conduzido em 40 ratas Wistar, pesando entre 200 e 250 gramas, com aproximadamente 60 dias de idade. Para verificar se os animais apresentavam ciclos ovulatórios regulares, esfregaços vaginais foram colhidos diariamente durante um período de sete dias. As ratas com ciclos atípicos foram previamente excluídas.

Os procedimentos foram realizados sob anestesia com éter. As ratas foram divididas aleatoriamente em quatro grupos: Grupo I (n = 5) - controle, submetido apenas a laparotomia e identificação dos ovários; Grupo II (n = 5) - submetido a ooforectomia total bilateral; Grupo III (n = 15) - submetido a ooforectomia total bilateral e reimplante ovariano na forma íntegra no omento maior, sendo fixado com um ponto, utilizando fio de Prolene 5-0, e Grupo IV (n = 15) - submetido a ooforectomia total bilateral. Neste grupo, os ovários retirados foram cortados em três fatias transversais de aproximadamente três milímetros de espessura e fixados ao omento maior com fio de Prolene 5-0.

O útero permaneceu in situ em todos os grupos. Após as cirurgias, os animais receberam água e ração à vontade. Eles foram observados diariamente e não apresentaram anormalidade local ou sistêmica.

Com base nos estudos de Peromtyscus que mostraram interferências no ciclo ovariano por pequenos feixes de luz, precauções foram tomadas na tentativa de minimizá-los, durante os períodos noturnos17.

No terceiro e no sexto mes após os procedimentos, avaliou-se a função ovariana com base no ciclo estral, por meio de esfregaços vaginais diários durante um período de 14 dias, com base em estudos de Cooper et al.16 e Long e Evans17.

Para a realização do esfregaço vaginal, os animais foram imobilizados e 0,25 mL de solução salina a 0,5% foi introduzido na cavidade vaginal da rata, usando-se uma ponteira de pipeta7,16. Após lavar a cavidade vaginal duas vezes, o fluido foi retirado. Cuidados foram tomados ao inserir a ponteira na cavidade vaginal, evitando contato com o colo uterino. Cada ponteira foi usada uma única vez para cada exame20,21 .

Os esfregaços foram fixados com álcool-éter 1:1 sobre uma lâmina de vidro e corados pelo método de Shorr22. O exame foi conduzido sob aumento de 40 e 100X para observação das características celulares, de acordo com o ciclo ovariano descrito anteriormente.

Após a determinação dos ciclos estrais do sexto mês pós-operatório, os animais foram mortos com superdose de éter. Os ovários auto-implantados foram removidos e preparados para exame histológico: foram fixados em formol a 10%, processados e incluídos em blocos de parafina; após serem cortados em fatias de 5 mm, com o auxílio de um micrótomo, foram fixados sobre lâminas e corados com hematoxilina e eosina.

Para comparação entre as formas íntegras e fatiadas dos ovários auto-implantados, avaliaram-se o padrão do ciclo vaginal, os aspectos macroscópicos e os histológicos dos implantes ovarianos, de acordo com os seguintes parâmetros: degeneração, fibrose, reação inflamatória, angiogênese, cistos foliculares, presença de desenvolvimento folicular e corpos lúteos7,23.

Os resultados foram comparados por meio do teste t de Student e c2 com correção de Yates para pequenas amostras. As diferenças foram consideradas significativas para valores correspondentes a p<0,05.

Resultados

Todos os animais sobreviveram até o sexto mês pós-operatório, sem complicações cirúrgicas. A Tabela 1 apresenta os achados citológicos vaginais de todos os grupos em ambos os períodos avaliados, (3º e 6º mes pós-operatório).

 


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