Incidência sazonal de perfuração e sangramento grave por úlcera péptica

Enviado por Andy Petroianu


Unitermos: úlcera péptica, complicações da úlcera péptica, hemorragia, perfuração, periodicidade, estações do ano.
Unterms: peptic ulcer, complications of peptic ulcer, hemorrhage, perforation, periodicity, seasons of the year.

RESUMO

Objetivo: A periodicidade das complicações relacionadas às úlceras pépticas tem sido sugerida desde o início do século XIX. Entretanto, ainda há controvérsia sobre esse tema na literatura.

Métodos: Foram estudados 735 pacientes, que receberam tratamento para perfurações e sangramentos graves secundários a úlceras pépticas durante um período de dez anos. As complicações das úlceras foram comparadas de acordo com sua incidência durante os quatro trimestres do ano, a localização da úlcera, bem como idade, sexo e cor da pele dos pacientes.

Resultados: Essas complicações foram mais freqüentes em homens jovens do que em mulheres. A idade média dos pacientes com perfurações foi menor do que aquela dos pacientes com hemorragia. As perfurações ocorreram predominantemente nos pacientes feodérmicos. Perfurações ocorreram em maior número no terceiro trimestre e foram mais freqüentes do que hemorragias, as quais ocorreram em maior número no segundo trimestre do ano.

Conclusão: A hemorragia e a perfuração decorrentes da úlcera péptica se relacionam com estações do ano específicas. A perfuração ocorreu mais freqüentemente do que a hemorragia grave, sendo ambas mais comuns em homens.

INTRODUÇÃO

A periodicidade da úlcera péptica tem sido estudada há mais de um século. A influência dos aspectos climáticos na saúde humana, principalmente relacionada ao sistema digestório, é conhecida desde Hipócrates(3-5). Dentre os autores que mais destacaram essa relação está Moynihan (1910)(1,2). Uma das hipóteses que explicaria a piora fásica das úlceras seria a variação sazonal do clima(1,3-5). Em 1944, Bockus também observou o efeito das estações do ano na periodicidade das úlceras(4). Em diversos trabalhos se atribuiu à época que precede o inverno(3,4) e às mudanças climáticas mais intensas(1,4,5) uma relação com complicações das úlceras pépticas. Entretanto, há muita controvérsia com respeito a essas observações(2,6,7), tendo em vista que vários autores não encontraram correspondência entre a periodicidade das úlceras e as estações do ano ou as mudanças climáticas.

Antes de 1900, a úlcera gástrica era considerada a mais comum, porém, no século passado, verificou-se que a incidência da úlcera duodenal era muito maior. Esse fato pode ter ocorrido devido a uma interpretação inadequada dos médicos do século XIX ou a uma real alteração na incidência da localização dessa moléstia, decorrente, pelo menos em parte, de mudanças de hábitos e sócio-ambientais(13,16-20). Segundo a literatura atual, a úlcera péptica ocorre em 12% dos homens e 9% das mulheres(13) e suas complicações diferem entre os sexos, havendo maior morbidade entre as mulheres, tanto pela doença quanto pelo procedimento operatório(14,15,18).

A associação entre úlcera e cor da pele é um outro aspecto que ainda foi pouco estudado. A literatura mostra que a sua epidemiologia nas diferentes raças está relacionada a fatores genéticos e dietéticos, mais do que ao aspecto cutâneo.

Nesse sentido, o objetivo do presente trabalho foi verificar a periodicidade de complicações agudas graves decorrentes das úlceras pépticas e a influência de fatores epidemiológicos como a idade, o sexo, a cor da pele e a localização das úlceras.

 


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