Influência da época de semeadura no comportamento de cultivares de arroz irrigado por aspersão em Selvíria, MS

Enviado por Orivaldo Arf


RESUMO

Este trabalho teve por objetivo avaliar os efeitos da época da semeadura no comportamento de diferentes cultivares de arroz (Oryza sativa L.) de sequeiro (IAC 201, Carajás, Guarani, IAC 202, CNA 7800, CNA 7801, Caiapó, Rio Paranaíba e Araguaia) irrigados por aspersão, quanto à produção e qualidade dos grãos. As sementes foram semeadas no início da segunda quinzena dos meses de setembro, outubro, novembro, dezembro, janeiro e fevereiro. Os experimentos foram instalados no Município de Selvíria, MS, durante os anos agrícolas 1995/96 e 1996/97. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, com quatro repetições. O controle da irrigação foi realizado por meio de tensiômetros, e a suplementação hídrica foi realizada quando o potencial matricial atingiu -0,033 MPa, durante a fase reprodutiva e -0,058 MPa, nas demais fases. De acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir que as cultivares CNA 7801, Carajás, IAC 201, CNA 7800 e IAC 202 apresentaram comportamento superior; a semeadura realizada em novembro propiciou produtividade mais elevada; semeaduras antecipadas (setembro-outubro) ou retardada (fevereiro) resultaram em menores índices de acamamento; as cultivares IAC 202, CNA 7800 e CNA 7801 apresentaram ausência ou baixo índice de acamamento, nas diferentes épocas de semeadura e, a semeadura retardada (fevereiro) proporcionou a obtenção de maior rendimento de inteiros.

Termos para indexação: Oryza sativa, grãos, componentes de rendimento, produtividade, qualidade, acamamento, arroz de sequeiro.

Effects of Sowing Dates on Performance of Dryland Rice Cultivars Under Sprinkler Irrigation, in Selvíria, Ms, Brazil

ABSTRACT

This study was carried out to evaluate the effects of sowing periods on the performance of dryland rice (Oryza sativa L.) (IAC 201, Carajás, Guarani, IAC 202, CNA 7800, CNA 7801, Caiapó, Rio Paranaíba and Araguaia cultivars) under sprinkler irrigation. The seeds were sowed at the beginning of the second fortnight of September, October, November, December, January and February. The experiments were conducted in Selvíria, MS, Brazil, during the agricultural years of 1995/96 and 1996/97. The experimental design used in each sowing was in randomized blocks, with four replications. The irrigation control was done through tensiometer and the water supply was established when the matric potential reached -0.033 MPa, during the reproductive phase and -0.058 MPa, in the other phases. The results showed that CNA 7801, Carajás, IAC 201, CNA 7800, and IAC 202 presented better performance; November sowing reached higher productivity; earlier sowings (September-October) or delayed (February) caused smaller laying indexes; IAC 202, CNA 7800, and CNA 7801 presented absence or lower laying index, in the different sowing times and, in delayed sowing (February) larger whole grain rate was obtained.

Index terms: Oryza sativa, grain, yield components, productivity, quality, layering, upland rice.

INTRODUÇÃO

No Brasil, cerca de 60% da produção de arroz (Oryza sativa L.) origina-se de lavouras de sequeiro, em que a água disponível para a planta provém somente das chuvas. As plantas cultivadas nesse sistema estão sujeitas a períodos de estiagens de duas a três semanas, que caracterizam os chamados veranicos. A deficiência hídrica, a alta demanda evapotranspirativa durante esse período e a baixa tecnologia normalmente utilizada reduzem a produtividade e podem até causar a perda total da lavoura. Uma das alternativas para a solução do problema é o uso da irrigação por aspersão, que, além de minimizar o risco de perda da lavoura, pode aumentar a produtividade e melhorar a qualidade dos grãos produzidos. Com a garantia conferida pelo uso da irrigação, o agricultor sente-se estimulado a usar um maior nível de tecnologia. Entretanto, a maioria das cultivares atualmente recomendadas para cultivo irrigado são do tipo tradicional, com forte tendência ao acamamento, quando cultivados em solo fértil ou com suprimento adequado de água e nutrientes.

O tipo de planta ideal para o cultivo irrigado por aspersão seria intermediário entre o tradicional de arroz de sequeiro e o moderno de arroz irrigado por aspersão (Pinheiro et al., 1985). Deve possuir basicamente as seguintes características: alta capacidade produtiva, resistência ao acamamento, ciclo precoce a médio, resistência à brusone e à mancha-parda, certo grau de dormência, grãos largos, finos e translúcidos (Sant'Ana, 1989).

A luz e a temperatura são os fatores climáticos que mais influenciam o comportamento da cultura do arroz (Chang & Oka, 1976; Vergara, 1976; Chaudhary & Sodhi, 1979; Yoshida, 1981). Poucas são as informações sobre épocas de semeadura do arroz de sequeiro irrigado por aspersão; o que se sabe é que para o arroz irrigado, o período de semeadura, na região sul do Brasil, é curto, em comparação com o de regiões com menores latitudes. Assim, no Rio Grande do Sul, a época de semeadura mais adequada é outubro-novembro (Amaral, 1979; Infeld, 1984, 1987). Outubro-novembro também é o período mais indicado para a semeadura no sul de Minas Gerais (Morais et al., 1978) e em São Paulo (Fornasieri Filho & Fornasieri, 1993). Em estados brasileiros sob menor latitude, o período de semeadura é mais longo. Em Goiás, a semeadura antecipada, em agosto, propiciou obtenção de maior produção (Santos et al., 1978). De acordo com Sant'Ana (1989), a semeadura do arroz de sequeiro irrigado por aspersão deve ser realizada na época normal de semeadura do arroz de sequeiro.

Embora o sistema de cultivo do arroz irrigado por aspersão seja prática recente, a área de cultivo está se expandindo rapidamente, principalmente no Brasil central, carecendo, porém, de informações técnicas para sua perfeita implementação (Sant'Ana, 1989). Este trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos da época de semeadura no comportamento de diversas cultivares de arroz de sequeiro, irrigadas por aspersão, quanto à produção e qualidade de grãos.

MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos foram conduzidos no município de Selvíria, MS, em área experimental pertencente a Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira - UNESP, situada aproximadamente a 51o22' de longitude Oeste de Greenwich e 20o22' de latitude Sul, com altitude de 335 metros. Caracteriza-se, climaticamente, por uma temperatura média anual de 23,5oC, umidade relativa do ar média anual entre 70% e 80% e a precipitação média anual de 1.370 mm.

O solo do local é do tipo Latossolo Vermelho-Escuro, epieutrófico álico, textura argilosa, e cultivado anteriormente com a cultura do milho. As características químicas foram determinadas antes da instalação dos experimentos, segundo a metodologia de Raij & Quaggio (1983) e apresentou os seguintes resultados: M.O. = 30 g/dm3; P(resina) = 8,0 mg/dm3; pH (CaCl2) = 4,7; K, Ca, Mg, H + Al e Al = 2,9; 22,0; 4,0; 42,0 e 5,0 mmolc/dm3, respectivamente e V = 41%.

As chuvas que ocorreram durante a condução dos experimentos foram quantificadas diariamente através de pluviômetro instalado na área experimental.

O solo foi preparado por uma aração e duas gradagens, sendo a última realizada às vésperas da semeadura. A seguir, realizou-se a sulcação mecânica, no espaçamento de 0,40 m entre fileiras.

A adubação química básica nos sulcos de semeadura constou da aplicação de 250 kg/ha da formulação 4-30-10 + 0,4% Zn. Na adubação de cobertura foram utilizados 30 kg/ha de N na forma de sulfato de amônio, ao redor de 35 dias após a emergência das plantas.

A semeadura foi realizada manualmente, no início da segunda quinzena de cada mês: 19/setembro, 20/outubro, 17/novembro, 19/dezembro, 18/janeiro e 16/fevereiro, no ano agrícola de 1995/96 e 19/setembro, 18/outubro, 18/novembro, 18/dezembro, 20/janeiro e 18/fevereiro de 1996/97, utilizando-se número de sementes necessário para se obter um estande em torno de 120 plantas/m2. Junto com as sementes aplicou-se 1,5 kg/ha de carbofuran (i.a.), visando principalmente ao controle de cupins e lagartas-elasmo.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com quatro repetições. As parcelas foram constituídas por seis linhas de 4,5 m de comprimento, totalizando uma área de 10,8 m2, sendo a área útil constituída pelas quatro linhas centrais, desprezando-se 0,5 m em ambas as extremidades de cada linha.

As cultivares utilizadas foram as seguintes: IAC 201, Carajás, Guarani, IAC 202, CNA 7800, CNA 7801, Caiapó, Rio Paranaíba e Araguaia.

As irrigações foram realizadas por um sistema convencional de aspersão; e para determinar a necessidade de irrigação, utilizaram-se tensiômetros, colocados a 10-20 cm de profundidade, conforme método proposto por Faria (1987).

O controle de plantas daninhas foi realizado com aplicação do herbicida pendimenthalin, na dose de 1.100 g/ha do ingrediente ativo. As plantas daninhas não atingidas pelo herbicida foram eliminadas por meio de capina manual.

Quando 90% das panículas apresentavam os grãos com coloração típica de maduros, realizou-se a colheita manualmente utilizando-se altura de corte de 15 a 20 cm. Em seguida, foi realizada a secagem ao sol, durante um a dois dias, em terreiro cimentado, e, posteriormente, a trilha mecânica.

Foram avaliadas as seguintes características: floração e maturação, ou seja, o número de dias transcorridos entre a emergência e a floração de 50% das plantas e entre a emergência e a maturação de 90% das panículas das parcelas; altura das plantas, pela determinação, durante o estádio de grãos na forma pastosa, em dez plantas ao acaso, na área útil de cada parcela, da distância média compreendida desde a superfície do solo até a extremidade da panícula mais alta esticada para cima; acamamento: obtido por meio de observações visuais na fase de maturação, utilizando-se a seguinte escala de notas: 0 - sem acamamento; 1 - até 5% de plantas acamadas; 2 - 5% a 25%; 3 - 25% a 50%; 4 - 50% a 75% e 5 - 75% a 100% de plantas acamadas; número de panículas/m2: determinado mediante a contagem das panículas coletadas, e, posteriormente, realizada matematicamente a conversão para número de panículas/m2; produção de grãos, obtida por meio de pesagem dos grãos em casca, proveniente da área útil das parcelas, corrigindo-se a umidade para l3% e convertendo-a em kg/ha; e rendimento de inteiros (retirou-se uma amostra de 100 g de arroz em casca passando-a em engenho de prova Suzuki, modelo MT, por 1 minuto; em seguida foram pesados os grãos brunidos assim obtidos, e o valor encontrado foi considerado como rendimento de benefício, em porcentagem, posteriormente, os grãos brunidos foram colocados no "trieur" n° 2, e a separação dos grãos foi processada por 0,5 minuto; foram pesados os grãos que permaneceram no "trieur", e o valor encontrado foi considerado rendimento de inteiros).

 


Página seguinte 



As opiniões expressas em todos os documentos publicados aqui neste site são de responsabilidade exclusiva dos autores e não de Monografias.com. O objetivo de Monografias.com é disponibilizar o conhecimento para toda a sua comunidade. É de responsabilidade de cada leitor o eventual uso que venha a fazer desta informação. Em qualquer caso é obrigatória a citação bibliográfica completa, incluindo o autor e o site Monografias.com.