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Influência da época de semeadura no comportamento de cultivares de arroz irrigado por aspersão em Se (página 2)

Carlos Alexandre Costa Crusciol; José Ricardo Machado; Orivaldo Arf; Ricard

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores médios da umidade relativa do ar (%), precipitação (mm) e temperatura máxima e mínima (ºC) observados durante a condução dos experimentos nos dois anos agrícolas (1995/96 e 1996/97), estão apresentados nas Figs. 1 e 2. Pelos dados apresentados, pode-se observar que o ano agrícola 1996/97 apresentou maiores valores de precipitação e umidade relativa no período de setembro a maio. No ano agrícola 1995/96, houve maior desuniformidade de distribuição de chuvas, pois ocorreu baixa precipitação em novembro/1995. No que se refere à temperatura, os maiores valores ocorreram em dezembro, janeiro e fevereiro, e a partir de março a temperatura começou a declinar; entretanto, mesmo no mês de maio a temperatura mínima média foi superior a 15ºC. No primeiro ano agrícola, a temperatura mínima diária foi inferior a 15ºC somente nos dias 18, 19 e 20 de abril, e 20 e 31 de maio de 1996. Já no segundo ano agrícola, valores inferiores a 15ºC foram observados em 27 de abril, 29 e 31 de maio de 1997.

Os resultados obtidos na avaliação do número de dias para florescimento e ciclo das cultivares de arroz utilizadas nas diferentes épocas de semeadura estão apresentados na Tabela 1. Pelos dados, verificou-se que as cultivares IAC 201, Carajás e Guarani apresentaram, em cada época de semeadura, número de dias para florescimento muito próximos e o mesmo ciclo nos dois anos de cultivo. Comportamento semelhante ocorreu com as cultivares Caiapó, Rio Paranaíba e Araguaia. Os resultados obtidos são concordantes com Arf (1993), Oliveira (1994) e Nakao (1995). Quanto ao ciclo, verificou-se, ainda, que nos dois anos de cultivo, as cultivares IAC 201, Carajás e Guarani apresentaram ciclo mais curto, ou seja: 80 a 104 dias no ano agrícola 1995/96 e de 90 a 96 dias no ano agrícola 1996/97. Já as cultivares Caiapó, Rio Paranaíba e Araguaia apresentaram ciclo mais longo, de 97 a 116 dias (1995/96) e 103 a 113 dias (1996/97), enquanto as cultivares IAC 202, CNA 7800 e CNA 7801 apresentaram valores intermediários. Pode-se ainda verificar que tanto o número de dias para florescimento, quanto o ciclo das cultivares, nos dois anos de cultivo, apresentaram uma diminuição, se for comparada a semeadura realizada em setembro, com a realizada em janeiro/fevereiro. Este comportamento pode ser explicado pela variação principalmente da temperatura entre as diferentes épocas de semeadura (Fig. 1). Na mesma figura, pode-se observar que os valores de temperatura diminuíram a partir do mês de fevereiro. Os resultados são concordantes com Chang & Oka (1976), Vergara (1976), Chaudhary & Sodhi (1979) e Yoshida (1981).

Os resultados obtidos na avaliação da altura de plantas, grau de acamamento e número de panículas/m2, produção de grãos e rendimento de inteiros estão apresentados nas Tabelas 2 a 5 e Figs. 3 e 4. Houve efeito significativo no que diz respeito a cultivares, época de semeadura, e da interação cultivar x época de semeadura referente a todas as características avaliadas nos dois anos de cultivo, com exceção da interação cultivar x época de semeadura no ano agrícola 1996/97, referente ao número de panícula/m2. Pela Tabela 2, verifica-se que, de maneira geral, as cultivares CNA 7800, CNA 7801 e IAC 202 apresentaram os menores valores quanto à altura das plantas, em todas as épocas de semeadura, nos dois anos de cultivo. Já as cultivares Caiapó, Rio Paranaíba e Araguaia apresentaram os maiores valores de altura das plantas, e as cultivares IAC 201, Carajás e Guarani, valores intermediários. No que se refere à época de semeadura, quando realizada nos meses de novembro e dezembro de 1995/96 e novembro de 1996/97, verificou-se a obtenção dos maiores valores quanto à altura das plantas, o que pode ser explicado em razão da ocorrência de temperaturas mais elevadas na fase vegetativa das plantas, principalmente nos meses de dezembro e janeiro (Fig. 1), concordando, assim, com Terres & Galli (1985) e Tanaka (1987).

Os resultados obtidos na avaliação do acamamento de plantas encontram-se nas Figs. 3 e 4, em que se pode observar que, de maneira geral, as semeaduras realizadas mais cedo - em setembro e outubro - ou mais tarde - fevereiro - apresentaram ausência ou baixo índice de acamamento na maioria das cultivares utilizadas. Estas épocas também apresentaram menores valores de altura das plantas (Tabela 2). As cultivares IAC 202 e CNA 7800 apresentaram ausência de acamamento em todas as épocas de semeadura nos dois anos de cultivo. Já a cultivar Guarani apresentou os maiores índices de acamamento, principalmente nas semeaduras realizadas nos meses de novembro, dezembro e janeiro. Arf (1993) também verificou que a cultivar Guarani apresentou acamamento total em todos os tratamentos utilizados, dificultando muito a operação da colheita, e sugerindo que a cultivar apresenta colmos fracos, considerando que outras cultivares com plantas mais altas apresentaram menores índices de acamamento. A cultivar CNA 7801 também apresentou ausência ou baixo índice de acamamento na maioria das épocas de semeadura, nos dois anos de cultivo.

Na Tabela 3 estão apresentados os dados obtidos quanto ao número de panículas por m2, em que se verifica efeito significativo da interação cultivar x época de semeadura somente no ano agrícola 1995/96, sendo que as cultivares Carajás e IAC 202 apresentaram os maiores números de panículas/m2; porém não diferiram significativamente das cultivares Guarani, CNA 7800 e CNA 7801, e as semeaduras realizadas em novembro e dezembro propiciaram a obtenção do maior número de panículas/m2. No ano agrícola 1996/97, houve apenas efeito significativo quanto à cultivar e à época de semeadura, e os maiores números de panículas/m2 foram obtidos pelas cultivares Carajás e CNA 7801, não diferindo significativamente das cultivares IAC 201, Guarani, CNA 7800 e Caiapó. Quanto às épocas de semeadura, o maior número de panículas/m2 foi obtido com a semeadura realizada em outubro, que não diferiu estatisticamente das semeaduras realizadas em setembro, novembro e fevereiro. Os menores valores obtidos na semeadura realizada em dezembro pode ser explicado pela maior ocorrência de cupins, que causou redução na população de plantas, mesmo apesar da aplicação de inseticida granulado no sulco de semeadura. Na Tabela 3, observa-se, ainda, que a média geral do número de panículas/m2 obtida em 1996/97 foi inferior à obtida no ano agrícola 1995/96.

Os resultados referentes à produção de grãos encontram-se na Tabela 4, na qual se pode verificar que houve destaque para a cultivar CNA 7801 nos dois anos de cultivo, apresentando média geral de 4.009 e 4.997 kg/ha nos anos agrícolas 1995/96 e 1996/97, respectivamente, não diferindo, portanto, estatisticamente, da cultivar Carajás, que apresentou 3.775 kg/ha (1995/96) e 4.669 kg/ha (1996/97). As cultivares IAC 201 e CNA 7800 também apresentaram destaque em produção, apresentando valores superiores a 3.300 kg/ha (1995/96) e 4.100 kg/ha (1996/97). No segundo ano de cultivo, a cultivar Guarani também se destacou das demais, apresentando produção de grãos de 4.448 kg/ha, e atingindo 5.494 kg/ha na semeadura realizada em setembro/96. Na semeadura de novembro, esta cultivar apresentou a maioria das plantas acamadas por ocasião da colheita (50% a 75%). No que se refere à época de semeadura, o comportamento foi semelhante nos dois anos de cultivo, com destaque para a semeadura no mês de novembro, em que a cultivar CNA 7801, que apresentou destaque em produção, atingiu 5.765 e 6.037 kg/ha nos anos agrícolas de 1995/96 e 1996/97, respectivamente. Na semeadura realizada em novembro, as cultivares IAC 201, Carajás, IAC 202 e CNA 7800 também apresentaram destaque, com produção de grãos superior a 4.195 e 5.046 kg/ha em 1995/96 e 1996/97, respectivamente. Ainda na Tabela 5, pode-se observar que a média de produção de grãos, obtida em cada época de semeadura e geral, foi maior no ano agrícola 1996/97 em relação a 1995/96. A maior produção de grãos obtida em 1996/97 pode ser explicada pela melhor distribuição de chuvas ocorrida no período de cultivo (Fig. 2). Os dados obtidos são concordantes com Sant'Ana (1989) e Fornasieri Filho & Fornasieri (1993).

O rendimento de inteiros está apresentado na Tabela 5, onde verifica-se que houve destaque para a cultivar Caiapó nos dois anos de cultivo, pois apresentou média geral de 53,14% (1995/96) e 63,36% (1996/97). No primeiro ano de cultivo, houve destaque também para as cultivares IAC 201, IAC 202, Carajás e CNA 7801; e no segundo ano de cultivo, todas as cultivares apresentaram, como média geral, nas épocas de semeadura, valores superiores a 50% de rendimento de inteiros. Quanto às épocas de semeadura, os maiores valores de rendimento de inteiros foram obtidos na semeadura realizada em fevereiro, nos dois anos de cultivo. A média geral obtida nos dois anos de cultivo mostra que em 1996/97 o rendimento de inteiros obtido foi aproximadamente 10% maior que em 1995/96. Também neste caso a melhor distribuição de chuvas no ano agrícola 1996/97 pode explicar o maior rendimento de inteiros obtido.

CONCLUSÕES

1. As cultivares CNA 7801, Carajás, IAC 201, CNA 7800 e IAC 202 apresentam comportamento superior no cultivo de sequeiro irrigado por aspersão.

2. A semeadura realizada em novembro propicia a obtenção de produtividade mais elevada.

3. Semeaduras antecipadas (setembro-outubro) ou retardadas (fevereiro) causam menores índices de acamamento.

4. As cultivares IAC 202, CNA 7800 e CNA 7801 apresentam ausência ou baixo índice de acamamento, nas diferentes épocas de semeadura.

5. Semeadura retardada (fevereiro) oferece maior rendimento de inteiros.

REFERÊNCIAS

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Orivaldo Arf (2), Ricardo Antônio Ferreira Rodrigues (3), Marco Eustáquio De Sá (2) e Carlos Alexandre Costa Crusciol (4)
arf[arroba]agr.feis.unesp.br

1. Trabalho desenvolvido com apoio financeiro da FAPESP e do CNPq.
2. Eng. Agrôn., Dr., Dep. de Fitotecnia, Economia e Sociologia Rural, Faculdade de Engenharia  (FE), Universidade Estadual Paulista (UNESP), Caixa Postal 31, CEP 15385-000 Ilha Solteira, SP. E-mail:
arf[arroba]agr.feis.unesp.br, mesa[arroba]agr.feis.unesp.br
3. Eng. Agrôn., Dr., Dep. de Ciência do Solo e Engenharia Rural, FE, UNESP. E-mail:
ricardo[arroba]agr.feis.unesp.br
4. Eng. Agrôn., Dr., Dep. de Agricultura e Melhoramento Vegetal, Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA), UNESP, Caixa Postal 237, CEP 18603-970 Botucatu, SP. E-mail:
secdamv[arroba]fca.unesp.br



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