Influência da ooforectomia e da gravidez na função fagocitária do sistema mononuclear fagocitário em modelo experimental

Enviado por Andy Petroianu


 

RESUMO

INTRODUÇÃO: A interação dos hormônios ovarianos e placentários com o sistema imune ainda é controversa na literatura.

OBJETIVOS: Determinar a influência da ooforectomia e da gravidez na atividade fagocitária do sistema mononuclear fagocitário (SMF) em modelo experimental.

MATERIAL E MÉTODO: Foram utilizadas 45 ratas wistar adultas divididas em três grupos (n = 15): grupo 1 – controle; grupo 2 – ratas ooforectomizadas; grupo 3 – ratas grávidas. A função do sistema mononuclear fagocitário foi determinada pela captação de enxofre coloidal marcado com 99mTc pelos órgãos do SMF, além de avaliar a quantidade de radiofármaco remanescente na circulação sangüínea por meio de um coágulo sangüíneo. O peso e a radiação de cada amostra foram medidos e comparados pelo teste t de Student. Realizou-se também análise histológica desses órgãos.

RESULTADOS: Em todos os animais, a captação do radiofármaco foi maior no fígado, seguido por baço e pulmão. O coágulo sangüíneo apresentou uma quantidade mínima de radiação. A ooforectomia não foi acompanhada de mudanças na captação do colóide. Entretanto as ratas grávidas registraram menor captação do colóide no fígado e maior captação no pulmão. Não houve alteração na histoarquitetura dos órgãos estudados.

CONCLUSÕES: Conclui-se que a gravidez altera a atividade fagocitária do SMF, porém a ooforectomia não parece interferir nessa função.

Unitermos: Ooforectomia, Gravidez, Sistema mononuclear fagocitário, 99mTc enxofre coloidal, Rata

ABSTRACT

INTRODUCTION: The influence of ovarian and placental hormones on the immune system is still controverse in the literature.

OBJECTIVES: Assess the influence of oophorectomy and pregnancy on the phagocytic function of phagocytic mononuclear system (PMS) in experimental model.

MATERIAL AND METHOD: 45 adults female wistar rats were divided into three groups (n = 15): Group 1 – control, Group 2 – oophorectomized rats, Group 3 – pregnant rats. The phagocytic function of PMS was assessed by uptake of sulphur colloid labeled with 99mTc by liver, spleen and lung. The remnant colloid in the blood steam was verified by mears of a blood clot. The weight and radioactive level of the samples were measured and the results were compared by Student's t test, with significance for p < 0.05. Histological analyses of these organs were also performed.

RESULTS: The scintigraphic values were higher in liver followed by spleen and lung. The blood clot presented only little amount of radiation. The oophorectomized rats did not registered alterations in colloids uptake when compared with the control group. Although the pregnant rats registered lower radiation in the liver and higher in the lung no histological abnormality was found in all groups.

CONCLUSIONS: In conclusion, pregnancy interferes with the phagocytic function of PMS, however oophorectomy does not seem to modify this function.

Key words: Oophorectomy, Pregnancy, Phagocytic mononuclear system, 99mTc sulphur colloid, Rat

Introdução

O sistema mononuclear fagocitário (SMF) responsabiliza-se por grande parte da imunidade celular, atuando na defesa contra microorganismos, incluindo bactérias, fungos, vírus, parasitas e corpos estranhos, bem como na remoção de células mortas, partículas inaladas, entre outros. Suas células apresentam motilidade e respondem a fatores quimiotáxicos derivados principalmente de linfócitos T(44, 32).

As células do SMF são produzidas na medula óssea e lançadas na corrente sangüínea sob a forma de monócitos para posteriormente migrarem aos tecidos, na forma de macrófagos ou histiócitos, e se estabelecerem em diversos tecidos(52). O SMF também atua na modulação do sistema imune humoral, controla a hematopoiese, além de produzir enzimas, componentes do sistema complemento, proteínas de ligação, citocinas, fatores de coagulação e de angiogênese, bem como fatores de crescimento(20).

O metabolismo dos esteróides sexuais femininos vem sendo pesquisado na literatura, porém, devido à sua complexidade, ainda não há consenso sobre a totalidade de suas funções, sendo necessários maiores esclarecimentos sobre as diversas interações endócrinas com o metabolismo corpóreo. A privação dos hormônios ovarianos acarreta distúrbios endócrinos e funcionais, como disfunção sexual, perda da libido, maior risco de osteoporose e de doenças cardíacas, níveis alterados de lipoproteínas, entre outros(48). Do mesmo modo, durante a gravidez o organismo materno também sofre diversas adaptações anatômicas, fisiológicas, bioquímicas e psíquicas. Muitas dessas alterações já foram estudadas na literatura, como náuseas, vômitos, aumento do apetite, ganho ponderal, aumento dos fatores de coagulação, além de diminuição da albumina, aumento da fosfatase alcalina, elevação da volemia, aumento da freqüência cardíaca, hipocloridria, hipercolesterolemia, redução do peristaltismo, etc.(47). Contudo são conflitantes as informações disponíveis sobre os efeitos da ooforectomia e da gravidez no sistema de defesa.

Os níveis de imunoglobulinas séricas (IgG, IgA, IgM, IgD e IgE) e o de células linfocitárias do tipo B são mantidos em níveis normais durante a gravidez, segundo a maioria dos autores(24, 36). Por outro lado, diversos trabalhos identificaram uma queda sérica de anticorpos humorais, provavelmente por efeito hemodilucional decorrente do aumento da volemia no período gestacional(19, 22). Quanto à imunidade celular, é conhecida a leucocitose (14.000 a 18.000 céls/mm3), que se torna mais pronunciada no período do trabalho de parto. Ela é principalmente constituída por polimorfonucleares, com diferencial variável de basófilos e eosinófilos(9, 47).

Além das alterações quantitativas, as variações funcionais das células imunitárias também já foram foco de estudo. Krause et al. (1987) observaram diminuição da quimiotaxia e da atividade fagocitária entre o segundo trimestre do período gestacional e o primeiro trimestre de puerpério(24, 26, 50). Outros estudos relacionaram a depressão imunitária gestacional com a melhora clínica de doenças auto-imunes(1, 2, 49).

Na década de 1980, alguns trabalhos postulavam que o sistema imune pode ser regulado pelos esteróides sexuais, por interações no eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal-tímico(15, 25, 35). Posteriormente, essa teoria passou a ser subsidiada pela possibilidade de hormônios gonadais modularem a resposta imune e contribuírem para o tratamento de doenças auto-imunes. Por outro lado, a redução dos hormônios sexuais diminui a função dos macrófagos e aumenta a suscetibilidade para infecções(23).

As enzimas antioxidantes dos macrófagos, a catalase e a superóxido-dismutase, também sofrem influência dos hormônios femininos, principalmente do estrogênio, que eleva a ação da catalase(6, 7). Mondal e Raí (2002) relataram que o aumento do nível circulante de interleucina 1 (IL-1) produzida por macrófagos esplênicos pós-gonadectomia sugere ação inibitória dos hormônios gonadais na atividade citotóxica dos macrófagos(31).

Diante das possíveis interações descritas entre hormônios ovarianos e placentários e o sistema imunitário, o presente trabalho teve como objetivo verificar a influência da ooforectomia e da gravidez na função fagocitária do sistema mononuclear fagocitário.

 


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