Mudanças nos padrões epidemiológicos das úlceras pépticas nos últimos 20 anos

Enviado por Andy Petroianu


Unitermos: úlcera péptica, epidemiologia, tendências.
Unterms: peptic ulcer, epidemiology, trends.

Introdução

A úlcera péptica (gástrica e duodenal) se destaca por sua freqüência na população e pelos altos custos econômicos que suscita. Suas recidivas são elevadas e a doença é onerosa tanto diretamente (limitações impostas ao doente, consultas médicas, hospitalizações, medicações) quanto associada à redução da produtividade (absentismo nos locais de trabalho)(1).

A mortalidade anual por causa da doença ulcerosa é baixa, sendo ela conseqüente a complicações das úlceras em pacientes debilitados por outras moléstias ou do tratamento cirúrgico. Por outro lado, a morbidade dessa afecção é considerável, com dor, sangramento, quadros obstrutivos e peritonite quando perfura(1,2).

Entre os múltiplos fatores envolvidos na etiopatogenia da úlcera se destaca a predisposição, provavelmente de origem genética, além de associações à gastrite antral ativa crônica secundária à infecção por Helicobacter pylori e medicamentos antiinflamatórios. Relação com o sexo, grupo sangüíneo O, idade e distúrbios emocionais também já foram estabelecidos(3,4,5,6,7).

Antes de 1900, a úlcera gástrica era considerada como sendo a mais comum, porém, no século passado, a incidência da úlcera duodenal predominou. O motivo dessa mudança não está plenamente compreendido, tendo sido atribuído à urbanização da sociedade e a fatores associados (fumo, estresse e condições sanitárias)(1,4,5,6,7,8).

Segundo a literatura atual, a úlcera péptica ocorre em 12% dos homens e 9% das mulheres(1), porém suas complicações não diferem entre os sexos. Apesar de haver controvérsias, parece que a úlcera apresenta maior morbidade entre as mulheres e as complicações pós-operatórias também são mais freqüentes nesse sexo(5,9,10).

A associação da úlcera com a cor da pele é um outro ponto que ainda foi pouco estudado. A literatura mostra que a sua epidemiologia nas diferentes raças está relacionada à cor da pele e também a fatores genéticos e dietéticos. Pessoas brancas e negras de diferentes lugares em um mesmo país apresentam incidências diferentes. Os brasileiros são uma mistura de várias raças. Existem brancos provenientes de diferentes países europeus, a maioria deles de Portugal, Itália e Alemanha. Há ainda negros, descendentes de países da África Ocidental, principalmente Angola, Moçambique e Nigéria. Um pequeno número de índios aborígines também podem ser encontrados em diversas regiões. Mais de um terço da população brasileira é composta de uma mistura de várias raças e isso a classifica como mestiça(11,12). Essa origem mesclada de nossa população frustra muitas considerações étnicas. Entretanto, uma classificação de acordo com a coloração da pele é possível. Em um estudo prévio, verificamos que a proporção de cor da pele na população de nosso Estado não é diferente da encontrada nos pacientes atendidos em nosso hospital(12). Por conseguinte, é pertinente supor que uma amostra de pacientes portadores de úlcera péptica no Hospital das Clínicas da UFMG é bastante representativa da população geral do Estado de Minas, não só porque a proporção de cor da pele não é diferente, mas também porque esse hospital atende a todas as classes sociais e é referência estadual para tratamento da úlcera péptica.

Apesar da vasta literatura sobre a patogênese e o tratamento da úlcera péptica, não encontramos estatísticas nacionais quanto a suas características epidemiológicas(6).

Diante desse aparente hiato e por causa da particularidade da população brasileira, o objetivo do presente trabalho foi analisar comparativamente a condição e mudança epidemiológica das úlceras pépticas com relação a: sexo, cor, profissão e tipos de úlcera (gástrica e duodenal) nas últimas duas décadas.

 


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