Reabertura do piloro gastroduodenal após sua cerclagem, em ratos

Enviado por Andy Petroianu


 

RESUMO

OBJETIVOS: A lesão duodenal é um evento pouco freqüente, que incide em 3% a 12% dos pacientes com trauma de abdome. A sutura dessa ferida e a drenagem adequada da região é o tratamento mais utilizado nas lesões menores. Entretanto, as feridas de maior dimensão continuam sendo um desafio para a escolha do melhor tratamento. O fechamento do piloro e o desvio do trânsito digestório por meio de anastomose gastrojejunal é a conduta mais freqüente nessas situações. Os objetivos deste estudo foram verificar se há diferença entre o tempo de reabertura pilórica após sua oclusão com diferentes fios e se a vagotomia influencia nas alterações tissulares locais.

MÉTODO: Foram estudados 30 ratos, submetidos à cerclagem do piloro gastroduodenal e derivação gastrojejunal. Os animais foram divididos em três grupos (n = 10), de acordo com o tipo de fio utilizado no fechamento pilórico: categute simples, ácido poliglicólico e polipropileno. Metade dos animais de cada grupo (n = 5) foram também submetidos a vagotomia troncular. O estudo pós-operatório consistiu de radiografia abdominal após injeção intragástrica de contraste baritado, semanalmente até a constatação de trânsito gastroduodenal. Em seguida, as regiões pilórica e da anastomose gastrojejunal foram retiradas para análise histológica. A comparação entre os grupos foi feita pelo teste de Kaplan-Meier.

RESULTADOS: O fio de polipropileno manteve o piloro fechado por mais tempo (36,3 ± 11,6 dias) em relação aos demais fios (p < 0,05), não havendo diferença entre os fios de ácido poliglicólico (25,8 ± 14,2 dias) e categute simples (18,7 ± 10,2 dias). A vagotomia não influenciou no tempo de reabertura pilórica, mas acompanhou-se de menor reação inflamatória gástrica.

CONCLUSÕES: O fio inabsorvível foi o mais adequado para a exclusão do trânsito pilórico e a vagotomia não influenciou no tempo de reabertura pilórica, mas reduziu a intensidade da gastrite pós-operatória.

Descritores: Duodeno; Piloro; Vagotomia; Radiologia; Ratos.

ABSTRACT

BACKGROUND: The duodenal damage occurs in about 3% to 12% of patients with abdominal traumas. The suture of this wound and local drainage is the most common treatment in minor injuries. The challenge remains choosing the best option to treat larger wounds. The closing of the pylorus and the deviation of the digestive transit through a gastrojejunal anastomosis is the most frequent choice in these situations. The objectives of this study were to observe the differences between the time of the pyloric reopening after the occlusion with different suture material and the influence of vagotomy on the local tissue changes.

METHODS: Thirty rats were studied and submitted to the closure of the gastroduodenal pylorus and gastrojejunal anastomosis. The animals were divided into three groups (n = 10), according to the type of suture material: plain catgut, polyglycolic acid and polypropilene. Half of the animals in each group (n = 5) were submitted to a troncular vagotomy as well. The studies after the operations consisted of abdominal x-ray following intragastric injection of contrast, on a weekly basis until the gastroduodenal transit has been established or during a maximum period of four weeks. At the end of the study, pyloric region and the gastrojejunal anastomosis were removed for histological analysis. The comparison among the groups were performed by the Kaplan-Meier test, with significance for p<0.05.

RESULTS: Polypropilene suture maintained the pyloric closure during a longer period (36.3 ± 11.6 days) (p < 0.05). There were no differences between the polyglicolic acid suture (25.8 ± 14.2 days) and the plain categut suture (18.7 ± 10.2 days). The vagotomy did not influence the time of the pyloric re-opening, but was associated to less gastric inflammatory reaction.

CONCLUSION: The inabsorbable suture was the most adequate for the exclusion of the pyloric transit and the vagotomy had no influence in the time of the re-opening of the pylorus, but reduced the gastric inflammation.

Key words: Duodenum; Pylorus; Vagotomy; Radiology; Rats.

INTRODUÇÃO

Lesão de duodeno pode estar presente em 3% a 12% dos pacientes com trauma abdominal 1-4. Essa incidência corresponde a 10% dos ferimentos do sistema digestório e constitui um dos grandes desafios da traumatologia 5. Na Primeira Grande Guerra, foram registrados 10 casos de trauma duodenal, perfazendo 6% de todas as feridas de intestino delgado, com uma mortalidade de 80%.2 Desde então, o seu número vem aumentando, principalmente em decorrência de acidentes automobilísticos, além de agressões por armas branca e de fogo6-8. Essa lesão pode também ocorrer como complicação iatrogênica, em 1% a 7% dos procedimentos endoscópicos sobre o duodeno e a via biliar 1, bem como no tratamento cirúrgico da úlcera péptica gastroduodenal 3 . Fístula e infecção são as principais complicações intra-abdominais das lesões de duodeno e ocorrem em 2% a 14% dos casos4, 9.

Não há consenso em relação ao tratamento mais adequado para lesões duodenais5, 10, 11. A maior parte dos autores concorda que a melhor operação para as feridas simples é a sutura em dois planos e a drenagem adequada da região. Essa conduta é suficiente em 75% a 85% de todas lesões restritas ao duodeno6, 10-13. Já nas lesões complexas e mais extensas, prefere-se a duodenectomia total acompanhada de pancreatectomia cefálica 8, 14, 15.

Entretanto, a tática operatória para tratar lesão duodenal de nível intermediário continua controversa 11. O fechamento pilórico é utilizado clinicamente com sucesso 4, 9. Algumas questões permanecem sem resposta, em relação à cirurgia de exclusão pilórica e derivação gastrojejunal, entre as quais destacam-se a opção pelo fio de sutura, de acordo com a sua eficácia em manter o piloro fechado durante o período necessário para sarar a lesão duodenal. É importante ainda saber a influência da vagotomia nos resultados dessa operação.

 


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