Influência da vitamina c e da hidrocortisona sobre a tensão anastomótica jejunal em ratos

Enviado por Andy Petroianu


RESUMO:

O efeito da vitamina C e da hidrocortisona sobre os processos cicatriciais anastomóticos apresenta resultados conflitantes na literatura. Dessa forma, o presente trabalho teve o objetivo de comparar a resistência cicatricial de anastomoses jejunais em ratos, submetidos à administração de vitamina C e de hidrocortisona, em distintos períodos pós-operatórios. Foram estudados 40 ratos Wistar, submetidos a secção e subseqüente anastomose término-terminal de segmento jejunal, a 10 cm da flexura duodenojejunal. Os animais foram divididos em quatro grupos (n=10): Grupo I - controle; Grupo II - administração de vitamina C oral 100 mg/kg; Grupo III - administração de hidrocortisona intraperitoneal 10 mg/kg; Grupo IV - administração de vitamina C mais hidrocortisona nas doses e vias de administração acima. Avaliaram-se as pressões de ruptura anastomótica nos 5 o e 21o dias pós-operatórios. Os ratos que receberam vitamina C isolada ou associada a hidrocortisona tenderam a uma pressão de ruptura maior do que os demais grupos, tanto no 5o quanto no 21o dias pós-operatórios. Os resultados deste trabalho sugerem que a vitamina C contribui para aumentar a resistência das anastomoses jejunais dos ratos durante os primeiros 5 dias pós-operatórios. A resistência das anastomoses jejunais murinas foi pouco influenciada pela administração de corticóide intraperitoneal.

DESCRITORES: Anastomose cirúrgica. Ácido ascorbico. Hidrocortisona.

INTRODUÇÃO

A cicatrização baseia-se numa complexa seqüência de eventos que vai do trauma inicial à reparação do tecido lesado(1,2). De especial interesse no processo de cicatrização estão os fibroblastos, que são a maior fonte da matriz protéica envolvida na cicatrização tissular. Essas células sintetizam a molécula básica da fibra de colágeno e a libera no espaço extracelular por um processo complexo de polimerização. Durante a síntese do colágeno, a prolina é incorporada à cadeia polipeptídica inicial e sofre a ação da peptidilprolina-hidroxilase e do oxigênio molecular, para transformar-se em hidroxiprolina(3). A lisina é incorporada e hidroxilada de forma semelhante. A polimerização do colágeno requer a remoção dos peptídeos terminais e a condensação das lisinas. Suspeita-se que o lactato resultante da hipoxia tissular e o produzido pelos macrófagos estimule o início da produção de colágeno. É importante salientar que a síntese e a deposição de colágeno ocorre paralelamente à neoformação vascular(4,5).

Segundo a literatura, o ácido ascórbico atua como doador de elétrons para o processo de hidroxilação da prolina, durante a síntese do colágeno, fato esse que leva a suspeitar da sua demanda aumentada nos processos de reparação tecidual(6,7).

Estudos recentes mostraram diversas funções do ácido ascórbico, além daquelas já descritas nos processos de cicatrização de feridas. Atuando como antioxidante, esse ácido é capaz de captar o oxigênio livre decorrente do metabolismo celular, impedindo sua ligação a radicais livres, fenômeno que causaria dano celular(6,8,9). É provável que o ácido ascórbico também esteja envolvido na manutenção da integridade intracelular, em respostas imunológicas, nas reações alérgicas e na absorção de ferro não hémico(10,11).

De acordo com estudos recentes, o intestino circunvizinho que participa da reação à lesão de uma anastomose jejunal perde uma grande parte de seu colágeno por lise, reduzindo assim a sua resistência(4,12). Esses dados sugerem um importante papel da vitamina C sobre o processo de cicatrização. Todavia, a sua administração suplementar com o intuito de melhorar os processos cicatriciais é ainda debatido.

Por outro lado, os efeitos dos corticosteróides sobre a cicatrização de feridas continuam contraditórios. Ele têm sido responsabilizado por deiscências de feridas operatórias, fístulas e retardo na cicatrização anastomótica. Atuando como antiinflamatório, eles levariam à diminuição dos mediadores responsáveis pela proliferação de fibroblastos, reduzindo assim a produção de colágeno.

Dentro de uma linha de pesquisa(8,13,14), o objetivo do presente trabalho foi avaliar as influências da vitamina C e da hidrocortisona sobre a tensão anastomótica de segmento jejunal de ratos em suas fases inflamatória e de reparação.

 


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