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Estudo das plantas arbóreas e ornamentais dos cemitérios públicos de Campina Grande-PB (página 2)

Edglay Lima Barbosa
Partes: 1, 2, 3

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. História dos Cemitérios

Os cristãos do primeiro século não tinham cemitérios próprios, possuíam terrenos, onde sepultavam neles os seus defuntos, ou recorriam aos cemitérios comuns, usados também pelos pagãos. São Pedro, por esse motivo, foi sepultado na "necrópole" ("cidade dos mortos") junto à Colina do Vaticano, aberta a todos; São Paulo, igualmente, foi sepultado numa necrópole da Via Ostiense (FORGANES, 1998).

Na primeira metade do século segundo, como conseqüência de várias concessões e doações, os cristãos começaram a sepultar os seus mortos abaixo da terra. Iniciaram-se assim as catacumbas. Muitas delas surgiram e desenvolveram-se ao redor de sepulcros familiares, cujos proprietários, recém convertidos, não os reservaram apenas à família, mas abriram-nos também aos seus irmãos na fé (FORGANES, 1998).

Com o passar do tempo as áreas funerárias alargaram-se, as vezes por iniciativa da própria Igreja. É típico o caso das catacumbas de São Calisto: a Igreja assumiu diretamente a sua organização e administração, com caráter comunitário (FORGANES, 1998).

Com o edito de Milão, promulgado pelos imperadores Constantino e Licínio em fevereiro de 313, os cristãos não foram mais perseguidos. Podiam professar livremente a fé, construir lugares de culto e igrejas dentro e fora das muralhas da cidade, e comprar lotes de terreno sem perigo de confisco. As catacumbas, contudo, continuaram a funcionar como cemitérios regulares até os inícios do século quinto, quando a Igreja voltou a sepultar exclusivamente acima da terra ou nas basílicas dedicadas a mártires importantes (LANGALDE, 1990).

Quando os bárbaros (Godos e Lompardos) invadiram a Itália e desceram até Roma, destruíram sistematicamente muitos monumentos e saquearam muitos lugares, inclusive as catacumbas. Impotentes diante das repetidas invasões, pelo final do oitavo e início do nono século, os papas fizeram transferir, por razões de segurança, as relíquias dos mártires e dos santos às igrejas da cidade (FORGANES, 1998)

Uma vez concluído o traslado das relíquias, as catacumbas não foram mais freqüentadas, sendo totalmente abandonadas, com exceção das de São Sebastião, São Lourenço e São Pancrácio. Com o passar do tempo, os desabamentos e a vegetação obstruíram e esconderam as entradas das outras catacumbas, tanto que se perderam até mesmo os sinais delas. Durante toda a Idade Média não se sabia nem sequer onde se localizavam. (FORGANES, 1998).

A exploração e o estudo científico das catacumbas tiveram início, séculos depois, com Antônio Bosio (Apud FORGANES, 1998), chamado de o "Molombo da Roma subterrânea". No século passado, a exploração sistemática das catacumbas, e particularmente das de São Calisto, foi realizada por Giovanni Battista de Rossi (1822-1894), considerado o fundador e pai da Arqueologia Cristã.

3.2. Origem dos Cemitérios

No final do século XVII, por medidas sanitárias, os sepultamentos passaram a serem realizados em área aberta, nos chamados campos-santos. Porém, este procedimento já era comum entre outros povos como os japoneses, judeus e chineses. No Brasil, o enterro fora da Igreja era reservado aos católicos, protestantes, judeus, muçulmanos, escravos e condenados, até que por lei, inspirada na relação entre a transmissão de doenças e através dos miasmas concentrados nas naves e criptas, se instalaram os campos de sepultamentos ensolarados (VALLADARES, 1972).

Um segundo motivo, que embora não diga respeito à realidade brasileira, diz respeito à laicização do Estado e sua separação da Igreja. Um exemplo é o caso do Pére Lachaise de Paris, que apesar de receber o nome de um padre católico, abriga tanto pessoas de várias religiões, quanto os não-religiosos, sendo um dos primeiros cemitérios laicos, e também um dos mais famosos do mundo (VALLADARES, 1972).

A urbanização acelerada e o crescimento das cidades foram também uma importante razão para a criação dos cemitérios coletivos a céu aberto, visto que o crescimento populacional desenfreado não permitia mais o sepultamento em capelas e igrejas, que já não comportavam o aumento da demanda.

Segundo Valladares (1972), numa primeira impressão, o fato parece ter explicação simples, mas quando se atenta para o resultado ocorrido, sobre mais de um século, estudando-se o fantástico derrame de fortunas nas construções tumulárias pomposas, dos abastados de cada cidade, quando se verifica a diferença de comportamento entre a sepultura de igreja e a de construção livre arbitrada pela fantasia do usuário, e também quando se considera a história social e cultural do mesmo período, então se percebem outras razões no fenômeno.. Não foi somente uma questão do ponto de vista higiênico, ou seja, uma razão metade prática e metade científica (e também política e social), da sociedade oitocentista. Se esta mudança acontecesse apenas por esse motivo, os cemitérios católicos em descampados teriam permanecido sóbrios e padronizados do mesmo modo que os erigidos por irmandades em mausoléus coletivos ou como os de outras religiões.

A simplicidade dos padrões tradicionais e primitivos continuou caracterizando a sepultura coletiva enquanto o fausto e a arrogância da tumulária individual se desenvolveu espantosamente.

Portanto a verdadeira razão da grande mudança de atitude e gosto já existia há longos tempos no anseio de monumentalizar-se perante a comunidade. Era e sempre foi o desejo dos mais abastados, distinguir-se através de uma marca perene, de um objeto de consagração - o túmulo - pela atração de compara-se aos grandes personagens da história, sem a menor cerimônia, incluindo nesta leva os soberanos, os faraós, os reis, os papas e os príncipes, que mereceram sepulcros diferenciados dos demais.

Há de fato túmulos monumentais de papas de acordo com a pompa de cada época, contudo sempre integrados à construção da igreja. Há papas que não restaram por virtudes, e sim pela eventualidade do valor artístico, ou monumental de seus túmulos. De qualquer modo, erigia-se a igreja como bem público, integrada ao uso coletivo, e nela se fazia a sepultura do seu doador e benfeitor.

Entretanto em muitas igrejas, originalmente levantadas para serem o jazigo do doador, este descansa sob uma lápide que nem perturba o nível do chão. A arte tumulária varia com a data, acompanha cada estilo de época, e de região, e jamais sonega o caráter, a espiritualidade do meio em que ocorre. Sob tal prisma, isto é, tomando-se a arte tumulária como representativa desses atributos, podemos entender as estruturas sociais e culturais dos meios, mesmo quando tal se acha restrita a uma parcela da população. Aliás, tal restrição, relaciona-se diretamente com o tipo de economia da sociedade, estando deste modo a arte cemiterial condicionada a fatores de caráter sociológico, econômico e cultural (VALLADARES, 1972).

3.3. Cemitérios: Fonte de Contaminação

Poucos imaginam, mas os mortos são capazes de se tornar perigosos poluentes. É que o processo de decomposição de um corpo, que ao todo leva em média dois anos e meio, dá origem a um líquido chamado necrochorume. Este composto é eliminado durante o primeiro ano após o sepultamento. Trata-se de um escoamento viscoso, com a coloração acinzentada que com a chuva pode atingir o aqüífero freático, ou seja, a água subterrânea de pequena profundidade.. O geólogo e professor da Universidade São Judas Tadeu, de São Paulo, Lezíro Marques Silva, que há quase 30 anos dedica-se a pesquisas sobre o tema, verificou a situação em 600 cemitérios do País e constatou que cerca de 75% deles poluem o meio ambiente. Por não tomarem o devido cuidado com o sepultamento dos cadáveres, ora pela localização em terrenos inapropriados. Ele aponta, por exemplo, o limite de dois metros acima do lençol freático para o sepultamento de um morto. O necrochorume é formado por 60% de água, 30% de putresina e a cadaverina. "Em São Paulo há vetores transmissores da poliomielite e da hapatite e as pessoas que não têm acesso à rede pública de abastecimento e utilizam poços é que são afetadas. Se em São Paulo a situação já é grave, imagine nos cantões do País?" (BOLIVAR, 2004).

3.4. Cemitérios Devem Adequar-se à Nova Norma

Terminou o prazo para que os cemitérios se adequem à nova legislação ambiental em vigor. Segundo a Resolução CONAMA 335 de 03 de abril de 2003, todos os cemitérios devem, num prazo de 180 dias a contar da data da publicação dessa Resolução, procurar o Órgão Ambiental competente para assinar um Termo de Adequação do projeto (COELHO, 2004).

3.5. Origem das Catacumbas

Segundo Eduardo (1997), as catacumbas são antigos cemitérios subterrâneos, usados por algum tempo, pelas comunidades cristãs e judaicas, sobretudo em Roma. As catacumbas cristãs, que são as mais numerosas, originaram-se no segundo século e a escavação continuou até à primeira metade do quinto século.

Elas foram, na origem, apenas lugares de sepultura. Aqui os cristãos reuniam-se para celebrar os ritos fúnebres, os aniversários dos mártires e dos defuntos.

Em casos excepcionais, durante as perseguições, serviram também como lugar de refúgio momentâneo para a celebração da Eucaristia. Elas nunca foram usadas como esconderijos secretos dos cristãos, sendo isso pura lenda, ficção, proposta por romances e filmes.

Acabadas as perseguições, sobretudo no tempo do papa São Dâmaso (366-384), as catacumbas tornaram-se verdadeiros e próprios santuários dos mártires, centros de devoção e de peregrinação de cristãos de todas as partes do império romano.

Também existiam em Roma, naquela época, cemitérios ao aberto, mas os cristãos, por diversos motivos, preferiram os cemitérios subterrâneos. Antes de tudo eles recusavam o uso pagão da cremação dos corpos. A exemplo da sepultura de Cristo, eles preferiam a inumação, por um senso de respeito para com o corpo destinado um dia à ressurreição dos mortos.

Esse sentimento vivo dos cristãos criou um problema de espaço, que influiu fortemente no desenvolvimento das catacumbas. Caso tivessem utilizado apenas cemitérios ao aberto o espaço disponível deveria exaurir-se em pouco tempo, visto que normalmente os cristãos não reutilizavam os sepulcros. As catacumbas resolveram o problema de forma econômica, prática e segura. Como os primeiros cristãos eram, em sua maioria, gente pobre, essa forma de sepultura foi decisiva.

Existiram, entretanto, outros motivos que levaram à opção da escavação subterrânea. Era vivíssimo nos cristãos o sentido de comunidade: eles desejavam estar juntos também no "sono da morte". Além disso, esses lugares eram apartados permitindo, particularmente durante as perseguições, reuniões comunitárias reservadas e discretas e consentindo o livre uso dos símbolos cristãos.

Em conformidade com a lei romana, que proibia a sepultura dos defuntos no recinto interno às muralhas da cidade, todas as catacumbas estão situadas ao longo das grandes estradas consulares e, geralmente, na imediata área suburbana daquele tempo (EDUARDO, 1997).

3.6. Importância das Catacumbas

De acordo com Honório (1949), em Roma existiam mais de sessenta catacumbas, com centenas de quilômetros de galerias e dezenas de milhares de sepulturas. Catacumbas que se encontram também em Chiusi, Bolsena, Nápoles, na Sicília oriental e no Norte da África.

Os sistemas de escavação subterrânea não foram inventados pelos cristãos, e não foram sequer causados pelas perseguições. As catacumbas eram simplesmente cemitérios coletivos cristãos, escavados na profundidade do terreno.

Os cristãos adotaram a técnica de escavação preexistente e desenvolveram-na em escala imensa, com uma vasta rede de galerias em níveis sobrepostos. Foi a solução para problemas da sepultura para uma grande comunidade com um número sempre crescente de membros. Explica-se o rápido e enorme desenvolvimento de algumas catacumbas pelo culto dos mártires que eram aí sepultados, porque os cristãos insistiam em ter a sepultura junto às suas veneráveis sepulturas, a fim de garantirem para si a sua proteção.

As catacumbas, pela importância que têm, são hoje visitadas por milhares de peregrinos de todas as partes do mundo. Devido ao precioso patrimônio de pinturas, inscrições, esculturas, etc, elas são consideradas autênticos arquivos da igreja primitiva, que documentam os usos e costumes, os ritos e a doutrina cristã, como era então entendida, ensinada e praticada.

Os primeiros cristãos não sepultaram a própria fé e a vida debaixo da terra, mas viveram a vida comum dos povos na família, na sociedade, em todos os trabalhos, empregos e profissões. Deram testemunho da própria fé em todos os lugares, mas foi nas catacumbas que esses heróicos cristãos encontraram força e apoio para enfrentar as provas e perseguições, enquanto rezavam ao Senhor e invocavam a intercessão dos mártires.

Os cristãos dos primeiros tempos deram um maravilhoso testemunho de Cristo; muitos deles até à efusão do sangue, de modo que o martírio tomou-se um sinal glorioso da Igreja.

Apesar de as catacumbas serem, depois de tudo, apenas cemitérios, elas falam à mente e ao coração dos visitantes com uma linguagem silenciosa e eficaz. Nas catacumbas tudo fala de vida mais do que de morte. Cada galeria percorrida, cada símbolo ou pintura encontrados, cada inscrição lida, faz reviver o passado e oferece uma clara mensagem de fé e de testemunho cristão.

A visita às catacumbas não pode, então ser reduzida a uma excursão turística nem só a uma meta artístico-cultural mas, como para os inumeráveis peregrinos do passado, a visita deve ser uma autêntica peregrinação de fé a um dos monumentos históricos mais significativos da vida e do martírio da Igreja romana dos primeiros séculos (HONÓRIO, 1949).

3.7. Descrição das Catacumbas

As catacumbas são formadas por galerias subterrâneas, parecendo verdadeiros labirintos e podem atingir no conjunto muitos quilômetros. Nas paredes de tufo desse intrincado sistema de galerias foram escavadas filas de nichos retangulares, chamados lóculos, de várias dimensões, que podiam conter um único cadáver, mas era freqüente o caso que contivessem os corpos de duas e às vezes mais pessoas.

A sepultura dos primeiros cristãos era extremamente simples e pobre. Como Cristo, os cristãos eram envolvidos num lençol ou sudário, sem caixão. Os lóculos eram fechados em seguida com placas de mármore ou, na maioria dos casos, com telhas fixadas por argamassa. Sobre a placa escrevia-se às vezes o nome do defunto, com um símbolo cristão ou os votos de paz no céu. Com freqüência eram colocadas junto aos sepulcros lamparinas a óleo ou pequenos vasos com perfume (FORGANES, 1998).

Pela sua colocação em filas sobrepostas umas sobre as outras, as sepulturas davam a idéia de um vasto dormitório, chamado cemitério, termo de origem grega que significa "lugar de repouso". Os cristãos queriam afirmar dessa forma a própria fé na ressurreição dos corpos. Além dos lóculos existiam outros tipos de sepultura: arcossólio, sarcófago, forma, cubículo e cripta.

O arcossólio, sepultura típica do terceiro e quarto séculos, é um nicho bastante grande, com um arco sobrestante. A placa de mármore era colocada horizontalmente. Em geral o arcossólio servia como sepultura para uma família inteira

O sarcófago é um caixão de pedra ou mármore, ornado normalmente com esculturas em relevo ou com inscrições.

A forma é uma sepultura escavada no pavimento das criptas, dos cubículos ou das galerias. Encontram-se em grande número próximo às sepulturas dos mártires.

Os cubículos, (o termo significa "câmaras"), eram pequenas salas, verdadeiros mausoléus familiares com capacidade para vários lóculos. 0 uso de um mausoléu de família não era privilégio reservado aos ricos. Os cubículos e os arcossólios eram freqüentemente decorados com afrescos; que repetiam cenas bíblicas e que reproduziam os temas do Batismo, da Eucaristia e da Ressurreição, simbolizada no cicio de Jonas.

A cripta é uma sala maior. No tempo do papa São Dâmaso muitas sepulturas de mártires foram transformadas em criptas, ou seja, pequenas igrejas subterrâneas, embelezadas com pinturas, mosaicos e outras decorações.

A escavação das catacumbas era um trabalho exclusivo de uma associação especializada de trabalhadores, os "fossários". Eles escavavam as galerias uma após a outra à fraca luz de suas lamparinas e serviam-se, para transportar a terra à superfície, de cestos ou sacos passados através de clarabóias abertas no teto das criptas, dos cubículos ou ao longo das galerias. As clarabóias eram longos poços que chegavam à superfície. Quando se concluía o trabalho de escavação, as clarabóias eram deixadas abertas para que entrassem ar e luz, como condutores de ventilação e meios de iluminação.

Os antigos cristãos não usavam o termo "catacumba". A palavra é de origem grega e significa "cavidade, um vale aberto". Os Romanos davam esse nome a uma localidade da Via Appia, onde existiam cavas para a extração de blocos de tufo. Perto dali foram escavadas as catacumbas de São Sebastião. No século IX o termo foi estendido a todos os cemitérios com o significado específico de cemitério subterrâneo (FORGANES, 1998).

3.8. Simbologia Cristã

Os primeiros cristãos viveram numa sociedade de prevalência pagã e hostil. Durante a perseguição de Nero (64 depois de Cristo) a religião dos cristãos foi considerada "superstição estranha e ilegal". Os pagãos desconfiavam deles e mantinham-nos à distância, suspeitavam deles, acusando-os dos piores delitos. Perseguiam-nos, aprisionavam-nos, condenavam-nos ao exílio ou à morte (LANGALDE, 1990).

Impedidos de professar a fé abertamente, os cristãos serviam-se de símbolos, que pintavam nas paredes das catacumbas e, com mais freqüência, gravavam nas placas de mármore que lacravam as sepulturas.

Como os demais antigos, os cristãos gostavam muito de simbolismos. Os símbolos referiam-se de modo visível à sua fé. 0 termo "símbolo" indica um sinal concreto ou uma figura que, na intenção do autor, refere-se a uma idéia ou realidade espiritual. Os principais símbolos são o Bom Pastor, o "orante", o monograma de Cristo e o peixe (LANGALDE, 1990).

O Bom Pastor com a ovelha nos ombros representa Cristo Salvador e a alma salva por Ele. Esse símbolo está freqüentemente presente nos afrescos, nos relevos dos sarcófagos, nas estátuas, e muitas vezes encontra-se gravado também nas sepulturas.

O orante: essa figura representada com os braços abertos simboliza a alma que já vive na paz divina.

O monograma de Cristo é formado por duas letras do alfabeto grego, o X (qui) e o P (rô), entrelaçados. Elas são as duas primeiras letras da palavra grega "Christòs", isto é, Cristo. 0 monograma, colocado numa sepultura, indicava que o defunto era cristão.

O peixe em grego diz-se IXOYC (iquitìs). As letras dessa palavra dispostas verticalmente formam um acróstico: lesùs Christòs Theòu Uiòs Soteèr = Jesus

Cristo Filho de Deus Salvador. Acróstico é uma palavra grega que significa a primeira letra de cada linha ou parágrafo. É um símbolo difuso de Cristo, emblema e compêndio da fé cristã.

Outros símbolos são a pomba, o Alfa e o Omega, a âncora, a fênix, etc.

O Alfa e o Omega são a primeira e a última letras do alfabeto grego. Significam que Cristo é o início e o fim de todas as coisas.

A âncora é o símbolo da salvação, símbolo da alma que felizmente chegou ao porto da eternidade.

A fênix, pássaro mítico da Arábia, que segundo a crença dos antigos ressurge de suas cinzas depois de um determinado número de séculos, é o símbolo da ressurreição.

As sepulturas dos mártires, os cubículos e também os arcossólios, às vezes podiam ser decorados com pinturas feitas com a técnica do afresco. Os afrescos representam cenas bíblicas do Antigo e do Novo Testamento, algumas com estrito significado simbólico.

Os símbolos e afrescos são como um Evangelho em miniatura, um sumário da fé cristã (LANGALDE, 1990).

3.9. Dia de Finados

Segundo Cascudo (1954), não se caça nem se pesca no dia 2 de novembro, dia dos Mortos. As superstições portuguesas, proibições e respeitos do dia dos Finados continuam em todo o Brasil, especialmente entre as populações do interior e das praias. As assombrações e cortejos fúnebres, visitas macabras de esqueletos e caveiras pertencem a esse dia simbólico. As almas dos afogados passeiam por cima das águas do mar e dos açudes espalhando pavor. E o dia em que as almas visitam os lugares onde viveram ou foram assassinados seus corpos.

Nas horas abertas é preciso ter-se coragem para atravessar os sítios onde houve morte de homem e mesmo as encruzilhadas e cantos sombrios.

A comemoração Omníum Fideflum Defunciorum, datada do século X, mantém tradição imemorial em todos os cultos religiosos.

A decoração dos túmulos e a visita aos cemitérios ambientam, no espírito popular, crendices incontáveis.

As sepulturas são cobertas de flores, com exibição de castiçais de prata, velas acesas, outrora guardadas, o dia inteiro pelos escravos fiéis (Meio Morais Filho. Festas e tradições populares do Brasil, o "Dia de Finados"). Os negros iorubanos realizavam os adamorixás funerais com preces, cantos e danças. Noutros lugares as refeições fúnebres tinham cerimonial impressionante pela compostura e silêncio dos componentes. Segundo Cascudo (1954), Melo Morais Filho registrou também a "Festa dos Mortos" em Alagoas e Rio de Janeiro, constando de bailados, jejuns, sacrifícios de animais e banquetes.

3.10. Ecossistema Urbano

Para Belart (1976), os ecossistemas podem ser classificados em naturais e artificiais. A grande representatividade destes últimos é expressa pelas cidades, as quais tendem a uma complexidade natural decrescente e a um aumento cada vez maior de elementos e estruturas "artificiais".

Mesquita (1998) considera os centros urbanos como ecossistemas suigeneris, onde a intervenção humana causa profunda modificação do biótipo natural, substituição da comunidade biótica primitiva diversificada por outra com dominância do homem (antropocenose) e mudanças nas inter-relações dos organismos, entre si e com o meio ambiente.

3.11. Áreas Verdes Urbanas

Uma das principais características do ecossistema urbano é a redução da diversidade biológica pela eliminação gradativa da cobertura vegetal nativa.

De acordo com Hardt (1992), a idealização de um sistema de áreas verdes urbanas compreende um conjunto devidamente organizado de espaços, públicos e privados, com distribuição qualiquantitativa pela cidade, para se tentar amenizar o problema da eliminação vegetal.

As áreas verdes públicas constituem áreas verdes de lazer (e.g.- parque, praça, ...), de conservação ambiental (e.g.- área de preservação permanente, unidade de conservação, ... ) ou especiais (e.g.: cemitério-parque, campus universitário, ... ), além da arborização de ruas.

As áreas verdes privadas comportam espaços verdes de lazer (e.g.: jardim, quintal, ... ), de conservação ambiental (e.g.: área de preservação permanente, unidade de conservação, ... ) ou especiais (e.g.: cemitério-parque, campus universitário, ...).

Parques e praças, como sendo, áreas verdes de grande importância para a população humana das cidades, concedem muitos benefícios, principalmente, para as metrópoles onde apresentam inúmeros e sérios problemas causados pela alta densidade populacional e industrialização.

4. MATERIAL E MÉTODO

Este trabalho foi realizado no período de abril de 2002 a fevereiro de 2003 nos cemitérios da cidade de Campina Grande-PB, por visitas feitas aos mesmos. No ato das visitas, foram feitas anotações, onde se registrou o nome vulgar das plantas, seguido de seu respectivo número encontrado.

A área de estudo constitui-se de oito cemitérios de tamanhos diversificados ao longo da cidade.

Nas visitas in loco foram utilizados os seguintes materiais: cadernetas, fichas e máquina fotográfica.

Em seguida, utilizou-se literatura especializada para a identificação das espécies e origem.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Segundo levantamento feito pela Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente SEPLAN (1998), havia em Campina Grande, ao longo dos bairros e avenidas, praças, áreas verdes e cemitérios, um número de 26. 233 árvores. Deste total apenas 516 estão distribuídas nos cemitérios públicos desta cidade, conforme mostra a tabela 01:

TABELA 01: Resumo do inventário da cidade de Campina Grande - PB em 1998.

Bairros

19938

Avenidas

2864

Praça

2616

Áreas verdes

299

Cemitérios

516

TOTAL

26233

Dando continuidade ao trabalho desenvolvido pela SEPLAN, nosso levantamento, que se iniciou em abril de 2002 até fevereiro de 2003, constatou um número de 518 vegetais arbóreos. Além disso, identificamos também as espécies arbóreas e arbustivas que ornamentam os cemitérios públicos de Campina Grande – PB.

Campina Grande localiza-se a 132 km da Capital João Pessoa e, de acordo com IBGE (2000), possui uma população de 354.370 habitantes. Como qualquer outra cidade de porte médio ou grande, enfrenta inúmeros problemas causados pelo impacto ambiental homem-natureza.

Dentre suas delimitações, distribuem-se 8 cemitérios localizados no Monte Santo, José Pinheiro, Cruzeiro, Araxá, Bodocongó, São José da Mata, Galante e Santa Terezinha. Cada um deles reflete espaços físicos diferenciados, como também sua composição florística.

De acordo com a Tabela 02 podemos determinar e quantificar as espécimes arbóreas.

TABELA 02: Percentual de Espécimes Arbóreas Encontradas nos cemitérios.

NOME VULGAR

NOME CIENTÍFICO

TOTAL

Quant

%

Acasia – mimosa

Pithecellobium dulce ( Roxb)

21

4,05%

Aroeira – da - praia

Schinus terebinthifolius Raddi

36

6,94%

Cacau- bravo

Pachira aguatica Aubl

51

9,84%

Cajueiro

Anacardium occidentale L .

10

1,93%

Canafístula

Cassia fistula L .

25

4,82%

Cássia - grande

Cassia grandis L .

21

4,05%

Castanhola

Terminalia catappa L .

45

8,68%

Casuarina

Cassuarina equisetifolia L .

05

0,96%

Cica

Cycas circinalis L .

08

1,54%

Cipreste-de-monterei

Cupressus macrocarpa Hoartw

02

0,38%

Espatódia

Spathodea campunulata Beauv

15

2,89%

Ficus italiano

Ficus elastica Roxb

14

2,70%

Flamboyant

Delonix regia Raff

11

2,12%

Goiabeira

Psidium guajava Linn

08

1,54%

Gravioleira

Annona muricata L .

05

0,96%

Ipê-amarelo

Tabebuia chisotricha Standl

14

2,70%

Ipê-rosa

Tabebuia heptaphylla (Vell)

22

4,24%

Jambo

Eugenia malaccensis L .

07

1,35%

Jucá

Caesalpinia ferrea Mart

05

0,96%

Madeira-nova

Pterogyne nitens Tul.

25

4,82%

Mangueira

Mangifera indica L .

09

1,73%

Mororó

Bauhinia variegata Raff

03

0,57%

Oliveira

Syzygium jambolana DC.

10

1,93%

Oiticica

Licania rigida Benth

20

4,04%

Palmeira-imperial

Roystonea aleracea (N.S) Jocquin O. F. Cook

70

13,51%

Palmeira-de-leque

Cocothrinax barbadenisis (Lood. Becc).

42

8,10%

Pinha

Annona squamosa Linn

04

0,77%

Sombreiro

Clitoria fairchildiana Howoarad

10

1,93%

TOTAL

 

518

100%

Após o percentual das espécimes encontradas nos cemitérios de Campina Grande-PB; com uma diversidade floral de 518 vegetais arbóreos, constatou-se também as plantas ornamentais empregadas em covas, como observa-se na tabela 03:

TABELA 03: Inventário de Espécies Ornamentais Encontradas nos Cemitérios.

NOME VULGAR

 

NOME CIENTÍFICO

Abacaxi-roxo

Tradescantia spathacea Sw

Abacaxi-vermelho

Ananas bracteatus Schult

Acerola

Malpighia glabra Linn

Agave branco

Agave filifera Salm. Dick

Alamada-roxa

Alamanda blanchetti A DC

Arália redonda

Polyscias balfouriana (L.)

Árvore-da-felicidade

Polyscias quilfpoylei (W. Bull)

Asistásia

Asistasia gangetica (L.)

Aspargo-pendente

Asparagus setaceus (Kunth)

Babosa

Aloe vera L.

Bambu-de-jardim

Bambusa metake Siebold ex Miq

Bambu-metake

Bambusa gracilis Hort

Banana-do-mato

Monstera deliciosa Liebm

Beijo-de-moça

Bidens bipinnata L.

Boa noite

Catharanthus roseus L.

Bonina

Mirabilis jalapa L.

Bougaville

Bougainvillea glabra Choisy

Bromélia

Aechmea blanchetiana Baker

Cabeça-de-frade

Melocactus zehntneri (Britton)

Cacto-macarão

Rhipsalis baccifera (J. S. Muell)

Cacto-porco-espinho

Opuntia tunicata (Lehm.)

Cadeira-de-sogra

Echinocactus grusonii Hildmann

Café-de-salão-dourado

Aglaonema commmutatum Schort

Calanchoê

Kalanchoe blossfeldiana Poelln

Calanchoê-fantasma

Kalanchoe fedtschenkoi Raym

Capim-palmeira

Curculigo capitulata (Lour)

Cheflera-pequena

Shefflera arboricola (Hayata) Merr

Chifre-de-veado

Martynia unguis diaboli Larrañaga

Cica

Cycas circinalis L.

Clorofilo

Chlorophytum comosum (Thunb)

Cóleus

Solenostemon scutellarioides L.

Comigo-ninguém-pode

Dieffenbachia amoena Bull

Confete

Hypoestes phyllostachya Baker

Copo-de-leite

Zantedes chia aethiopia L.

Coração-magoado

Iresine herbstii Hook

Coração-roxo

Tradescantia spathacea Sw.

Coroa-de-espinho

Euphorbia milii var Breonii (Nois) Ursch

Cravo-de-defunto

Tagetes erecta L.

Crista-de-galo

Celosia cristata L.

Crossandra

Crossandra nilotica L.

Cróton

Codialum variegatum L.

Dália

Dahlia pinnata Cav

Dama-da-noite

Cestrum nocturnum L.

Dedinho-de-moça

Sedum morganianum Walter

Dracena-de-leque

Pleomele thalioides N. E. Br

Espadinha

Sansevieria trifasciata var Laurentii (De Wild)

Espirradeira

Nerium oleander L.

Ficus Italiano

Ficus elastica Roxb

Filodrendro-cordato

Philodendron hederaceum (Jacq) Schott

Folha-de-fonte

Philodredron imbe Schott

Girassol-dobrado

Helianthus annuus L.

Grama-comum

Paspalium notatum Flüggé

Graptofilo

Graptophyllum pictum L.

Hibisco

Hibiscus rosa-sinensis L.

Jibóia

Epiprennum pinnatum L.

Lambari

Tradescantia zebrina Heynh

Lança-de-São-Jorge

Sansevieria cylindrica Bojer

Leiteiro-vermelho

Euphorbia cotinifolia L.

Língua-de-sogra

Sansevieria trifasciata var Laurentii

Menta-rasteira

Rhaphiodon echinus (Nees & Mart)

Mandacaru

Cereus chysastele Vaupl

Margaridinha

Bellis perennis L.

Melindre

Asparagus setaceus (Kunth)

Mororó

Bauhinia variegata Raff

Orelha-de-elefante

Alocassia macrorrhizos L.

Palma-brava

Opuntia microdasys Lehm

Pandano-amarelo

Pandanus baptisti Hort

Peperômia

Peperomia obtussifolia L.

Periquito-gigante

Alternanthera dentata (Moench)

Piteira-azul

Agave americana L.

Piteira-do-caribe

Agave angustifolia Haw

Polipódio

Polypodium persicifolium Desv

Portulaca

Portulaca grandiflora Hook

Rabo-de-gato

Nephrolepis pectinata Schott

Romã

Punica granatum L.

Roseira-rugosa

Rosa rugosa Thunb

Rosinha-de-sol

Aptemia cordifolia L.

Ruélia

Ruellia coerulea (Morong)

Sabugueiro

Sambucus australis Cham

Salsa

Ipomoea asarifolia Desv

Samambaiaçu-do-brejo

Blechnum brasiliense Desv

Samambaia-jamaica

Phymatodes scolopendria (Burm. F.)

Sapatinho-de-judeu

Pedilanthus tithymaloides L.

Singônio

Syngonium angustatum Schott

Trepadeira-ninho-de-passarinho

Polypodium punctatum Thunb

Trevo-do-pará

Justicia pectoralis Jacq

Unha-de-gato

Ficus pumila L.

Vedélia

Sphagneticola trilobata L.

Véu-de-noiva

Gibasis schiedeana Kunth

Partes: 1, 2, 3


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