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Relatório de regência (página 2)


Todas as atividades realizadas tiveram como objetivos a compreensão e análise da Língua Portuguesa em diversas formas textuais.

As avaliações foram feitas através da observação da realização das atividades propostas.

A turma do 7º ano contava com 42 alunos que apresentavam uma intrigante particularidade. Expressavam características negativas de si mesmos, de maneira enfática. Essa turma, composta em sua maioria por meninas, fazia questão de se auto-rotular como bagunceiros, desinteressados, chatos, "briguentos" e outras características depreciativas.

Os acadêmicos, de início, conversaram informalmente com a turma e logo após aplicaram, para interpretação, o texto "O herói que habita em mim" do livro "Português/Linguagens", do 7º ano, com o objetivo de desenvolver o gosto pela leitura e de reconhecer e classificar os advérbios corretamente.

Nas aulas 03 e 04 foi dada continuação a matéria de "Advérbios" e introduzida a de "Valores Semânticos do Advérbio", com a análise da musica "E eu vou te esperar", do grupo "Restart". Os alunos assistiram ao "clip" no "notebook" e cada um deles recebeu a letra impressa.

Em seguida responderam questões sobre os valores adverbiais implícitos na música.

Nas aulas 05 e 06 a turma recebeu uma dinâmica de valorização pessoal com a expectativa de estimular nos alunos sentimentos positivos de auto-estima. Uma caixa de bombons foi entregue à pessoa mais velha da sala (uma das estagiárias), e essa passou a caixa à outra, mas não sem antes traçar um perfil positivo da mesma. Essa, recebendo os bombons, deveria repassá-los para a pessoa mais simpática. Essa, por sua vez, para a mais legal, a próxima para a mais divertida. A mais divertida para a mais inteligente, essa para a mais amorosa e assim por diante até chegar à pessoa mais amiga, que então deveria compartilhar a caixa de bombons com todos na sala. Essa dinâmica serviu para "quebrar o gelo" da negatividade e depreciação própria existente entre os alunos, evidenciando suas características positivas.

Logo em seguida, foi iniciada a aula, propriamente dita. Essa era sobre "Textos Informativos", apresentando diversos artigos de jornais e revistas. A turma foi dividida em grupos de seis e o material foi distribuído. Foi solicitado aos alunos que lessem silenciosamente os textos. Feito isso, cada grupo apresentou a sua noticia oralmente.

Logo em seguida, foram distribuídas folhas de oficio, onde cada grupo apresentou, na forma escrita, uma notícia do bairro onde moram, ou da escola que frequentam. Essas exposições foram usadas na montagem de um mural. Se pôde notar que os alunos não se sentiam à vontade para apresentar suas produções.

Nas aulas 07 e 08, foram relembrados os "Advérbios" e conceituada a "Locução adverbial" com análise da musica "Chocolate" de Luan Santana, com posterior aplicação de exercícios. A música foi apresentada em forma de áudio, com utilização do celular e folhas contendo a letra da mesma. Os exercícios foram copiados no caderno após serem passados na lousa.

Nas aulas 09 e 10 foi feita a interpretação do texto "A noticia" da folha de São Paulo, com exercícios do livro. Essa atividade foi realizada em dupla, e em seguida, corrigida. O objetivo desta atividade foi o de analisar as questões propostas.

Todas as aulas foram avaliadas através da observação da realização das atividades. A professora da turma disse que aplicaria prova escrita de final de bimestre baseada no conteúdo aplicado nas aulas dadas pelos estagiários.

Quanto à turma do 1º ano do Ensino Médio, era constituída de 41 alunos entre 15 e 19 anos. Apesar de a turma ser grande houve um acercamento entre estagiários e alunos, o que possibilitou um melhor aproveitamento. Houve descontração e por isso os alunos foram questionadores e se mostraram muito interessados.

Por ocasião da primeira aula na turma de 1º ano (Ensino Médio), foi solicitado pela professora regente que os acadêmicos dessem continuidade ao conteúdo que já estava programado para aquela turma, haja vista a escassez de tempo e a grande quantidade de conteúdo.

Nas aulas 01 e 02 foram trabalhados os "Gêneros Literários": lírico, dramático e épico, com o objetivo de que pudessem conhecer e identificar os gêneros estudados em cada texto. Foi trabalhado o texto "Balada do amor através das idades", de Carlos Drummond de Andrade e foi efetuada uma visitação à biblioteca da escola para que fossem feitas pesquisas sobre obras literárias dos gêneros abordados. As anotações das obras encontradas foram feitas em folhas avulsas e entregues à professora estagiária.

Por ocasião das aulas 03 e 04 foram feitos alguns exercícios em folhas impressas relembrando os gêneros e citando as obras encontradas na biblioteca. Foram distribuídas folhas impressas com os textos "Magestic Hotel" de Sérgio Faraco e "Preto e Branco" de Luis Fernando Guimarães, para a interpretação dos mesmos. Os alunos demonstraram um pouco de imaturidade diante dos textos, deixando evidente uma pouca leitura de mundo.

Nas aulas 05 e 06 foi dado início a um novo conteúdo, que tratava de tipos de linguagem e diferenças entre textos. Foram utilizados alguns jornais, receitas, letras de música e uma intimação judicial. Os textos foram lidos e analisados. As diferenças foram pontuadas oralmente e no quadro.

Nas aulas 07 e 08 foi abordado o Trovadorismo e dado a conhecer aos alunos um pouco da classificação da lírica trovadoresca, (cantigas de amor, cantigas de amigo, cantigas de escárnio e cantigas de maldizer), quanto ao tema, forma e hierarquia de compositores e recitadores, além das causas da decadência do Trovadorismo.

Foi mostrado um pouco do contexto histórico e suas características individuais e coletivas, conforme o material do aluno (apostila), com leituras individuais e coletivas.

Foram utilizados "slides" com figuras que retratam essa época e algumas cantigas da mesma.

Nas aulas 09 e 10 foi efetuado o fechamento do estágio com a exibição do filme "O Nome da Rosa", tendo por objetivo retratar o domínio da igreja sobre a literatura produzida na época analisando todo o contexto histórico (Idade Média).

As avaliações foram feitas através das atividades propostas em sala de aula.

Na turma de 2º ano do Ensino Médio havia 32 alunos e estes apresentavam um pouco mais de maturidade, levando-se em conta a idade.

Nas aulas 01 e 02 foram trabalhados, Classe Gramatical - Substantivos e Adjetivos, Artigo (revisão). Foi utilizada a música "Meteoro" de Luan Santana, fazendo uso do áudio com o celular, e da letra em folha copiada para acompanhamento simultâneo. Foram feitas, analise e interpretação do texto com enfoque no conteúdo da aula e em seguida, exercícios de fixação em folhas com objetivo de identificar a classificação das palavras.

Nas aulas 03 e 04 foi dada continuidade com a matéria de "Classe Gramatical", "Numeral", "Pronomes" e "Advérbios". Utilizaram a poesia "Canção do Exílio" de Gonçalves Dias, no data show e em folhas copiadas para os alunos fazerem análise, interpretação e exercícios.

Nas aulas 05 e 06 foi abordado "Classe Gramatical – Conjunção, Interjeição e preposição". Os acadêmicos utilizaram a reportagem do jornal "O Globo" sobre o "Terremoto no Japão". Houve um debate sobre fatores ambientais que podem ter acarretado tal acontecimento. Foram aplicados exercícios em folhas copiadas e corrigidos posteriormente.

Nas aulas 07 e 08 foi dada a matéria de "Verbos Regulares e Irregulares" com o objetivo de reconhecer e empregar os verbos corretamente. Foram utilizados slides com a música "Faroeste Caboclo" de Renato Russo e exercícios copiados em folha, que foram corrigidos em seguida.

Nas aulas 09 e 10 houve a continuação da aula de "Verbos Regulares e Irregulares" e os alunos foram encaminhados à biblioteca da escola a fim pesquisarem livros de poesia. Depois da leitura dos mesmos, os estagiários sortearam quatro textos para analise oral, com premiação de chocolates para os alunos que se expressaram com mais intensidade.

As avaliações foram feitas mediante a observação da participação e das atividades realizadas.

Fundamentação teórica e análise

Visto que é um desafio ao recém formado educador passar da teoria para a prática, o estágio nada mais é que um laboratório de aperfeiçoamento da ação pedagógica. Essa prática do estágio dará ao acadêmico a oportunidade de trabalhar com profissionais da educação, enfrentar situações que antes só eram consideradas na teoria, viver o dia a dia de uma escola e as dificuldades de educar de forma correta e efetiva. O estágio deverá conscientizar o acadêmico da necessidade urgente de desenvolver novas estratégias e métodos de ensino. O acadêmico deverá sair desse estágio motivado a derrubar conceitos e métodos anacrônicos deixados pela educação tradicional.

Deve-se saber que uma das prioridades do ato de ensinar é valorizar o conhecimento prévio dos alunos, por menor que ele seja. Observar os avanços em matéria de conhecimento, adquiridos e demonstrados por eles no decorrer das aulas, haja vista a importância de incentivar o aluno a buscar o conhecimento e pensar por si mesmo. O professor deve dar liberdade ao aluno para que exteriorize suas idéias e exponha sua opinião a respeito do que ouve, lê e vê. A fazer uma reflexão crítica da realidade em que está inserido. Segundo Piaget, 1983, p.29:

"[...] um sujeito intelectualmente ativo não é um sujeito que "faz muita coisa" nem um sujeito que tem uma atividade observável. Um sujeito ativo é um sujeito que compara, exclui, ordena, categoriza, reformula, comprova, formula hipóteses, reorganiza, etc., em ação interiorizada [pensamento] ou em ação efetiva [segundo seu nível de conhecimento]".

Segundo Freire, o pedagogo precisa estar consciente de que respeitar a autonomia e a dignidade de cada um não é uma opção, e sim um imperativo ético. Educar é muito mais que treinar e simplesmente depositar conhecimentos. É necessário ter ética e ser coerente na prática educativa, pois esta faz parte da responsabilidade dos professores como agentes pedagógicos. Freire em sua "Pedagogia da autonomia" diz:

"...saber que devo respeito à autonomia, à dignidade e à identidade do educando e, na prática, procurar a coerência com este saber, me leva inapelavelmente à criação de algumas virtudes ou qualidades sem as quais aquele saber vira inautêntico, palavreado vazio e inoperante." (2007, p. 62).

Não se pode impor saberes ou idéias pré-concebidas aos alunos como se eles fossem verdades absolutas, prontas para serem depositadas neles. É necessário mudar esses paradigmas. Os educandos devem ser incentivados à exposição de sua visão de mundo, a terem idéias próprias e opiniões críticas. É fato que:

A escola hoje se caracteriza pela imposição de verdades já prontas, as quais os educandos devem se submeter. Não há ali espaço para que cada um elabore a sua visão de mundo, a partir de sua situação existencial. A escola ensina respostas. Respostas que, na maioria dos casos, não correspondem às perguntas e inquietações de cada um. As verdadeiras dúvidas dos alunos não chegam a sequer a ser colocadas, pois o professor já sabe o que todos devem ou não saber, antecipadamente. Reproduz-se a cisão da personalidade presente em nossa civilização: cria-se um "mundo teórico", "abstrato", que serve apenas para fazer prova e "passar de ano", e que não se articula à vida dos estudantes. Há um fosso profundo entre o que se fala e o que se faz, entre teoria e prática. (DUARTE, 1985. p. 72)

É necessária a conscientização de que a prática pedagógica nada mais é, que prática social. É essencial o reconhecimento da diversidade humana que nos cerca. Por isso se pode concordar com Carvalho quando ele diz que:

"[...] toda prática social é determinada por um jogo de forças (interesses, motivações, intencionalidades); pelo grau de consciência de seus atores; pela visão de mundo que os orienta; pelo contexto onde esta prática se dá; pelas necessidades e possibilidades próprias a seus atores e próprias à realidade em que se situam". (CARVALHO, Netto, 1994, p. 59)

E isso demanda planejamento, que Parra citado por Sant" Anna e outros (1995, p. 14), define como: "[...] processo continuo que se preocupa como "para onde ir" e "quais as maneiras adequadas para chegar lá", tendo em vista a situação presente e possibilidades futuras, para que o desenvolvimento da educação atenda tanto as necessidades da sociedade, quanto as do indivíduo.

Outro fator preponderante para a aprendizagem segundo Piaget, são os sentimentos associados ás ações ou atividades, pois esses são sempre preservados (lembrados). Quando os alunos adquirem afeto e consideração por seus pares (colegas e professores), se formam relações interpessoais e em conseqüência suas capacidades cognitivas se expandem. Como afirma Arantes:

"os sentimentos, as emoções e os valores devem ser encarados como objetos de conhecimento, posto que tomar consciência, expressar e controlar os próprios sentimentos talvez seja um dos aspectos mais difíceis na resolução de conflitos. Por outro lado, a educação da afetividade pode levar as pessoas a se conhecer e a compreender melhor suas próprias emoções e as das pessoas com quem interagem no dia-a-dia". (ARANTES, 2002, p. 172).

Codo e Gazzotti (2002) concordam que: "É mediante o estabelecimento de vínculos afetivos que ocorre o processo de ensino-aprendizagem". Significa que se houver cumplicidade entre educador e educando há aprendizagem significativa.

Há ainda outros fatores que podem prejudicar o aprendizado e que precisam ser pensadas. Conforme Moysés e Collares (1993, p.13),

"o cotidiano escolar é permeado de preconceitos, juízos prévios sobre os alunos e suas famílias, que independem e não são abalados por qualquer evidência empírica que os refute racionalmente".

Portanto, "as emoções são capazes de produzir um impacto tanto reforçador quanto redutor sobre a memória e o aprendizado" (CHABOT & CHABOT, 2008, p.69). Ou seja, "não dá para ensinar pensando apenas na cabeça do aluno, pois o coração também é importante" (MELLO, 2004, p.18).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A experiência foi extremamente rica e satisfatória, pois com a realização deste estágio, os acadêmicos adquiriram mais confiança em sua prática pedagógica. A realidade vivenciada proporcionou grandes trocas com os alunos, possibilitando aos acadêmicos a oportunidade de ensinar, mas também de aprender visto que todos são seres humanos com vivencias e saberes diferentes, com múltiplos e complexos comportamentos e com realidades sociais e culturais distintas.

Os estagiários constataram que o planejamento de aula não é um momento burocrático simplesmente, mas deve ser um momento de reflexão que interpreta nossa realidade, favorece condutas mais apropriadas e proporciona melhores resultados nas diversas situações educacionais.

Comprovaram, por experiência, o fato de que o professor deve, inclusive, considerar em seu plano de aula o tempo disponível para o alcance dos objetivos relacionados com o conteúdo, tendo em vista sempre um segundo plano para a realização das atividades.

O exercício do estágio serviu também para demonstrar a pesada responsabilidade que os futuros educadores têm de desenvolver novas e inteligentes maneiras de transmitir conhecimentos, com a compreensão de que cada aluno é único.

Os estagiários puderam perceber a fundamental importância de "convidar" o educando a questionar sua relação com o mundo, sua condição humana. Só assim haverá perspectiva de formar cidadãos mais completos, com opinião, conhecimento e atitude.

E assim, tendo dado conclusão ao seu estágio de regência, puderam verificar que além do conhecimento e experiência adquiridos no curso de Letras, foram presenteados com algo muito melhor: o prazer de compartilhar com outros seres suas experiências de vida e sua bagagem de conhecimento. Depositaram nesses seres, muito mais que conhecimento profissional. Depositaram conteúdo afetivo em todo o processo de ensino-aprendizagem, "temperando" com amor o ato de ensinar.

REFERÊNCIAS

ARANTES, V. A. A afetividade no cenário da educação. In: OLIVEIRA, M. K. de, SOUZA, D. T. R., REGO, T. C. (Orgs.): Psicologia, Educação e as temáticas da vida contemporânea. São Paulo: Moderna, 2002.

CARVALHO, M. do C. B.; Netto, J. P. Cotidiano: conhecimento e crítica. 3 ed. São Paulo: Cortez, 1994.

CHABOT, Daniel & CHABOT, Michel: Pedagogia emocional: sentir para aprender. Trad. Diego Ambrosini e Juliana Montoia de Lima. SP: Sá, 2008.

CODO, Wanderley (coord.) & GAZZOTTI, Andréa Alexandra: Educação, carinho e trabalho. 3ª ed. RJ: Vozes, 2002.

DUARTE, Newton. Socialização do Saber Escolar Betty A. Oliveira & Newton Duarte. 1985.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia – Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996 – (Coleção Leitura)

MELLO, Guiomar de Nano: Educação e sentimento: é preciso discutir essa relação. Revista Nova Escola, out/2004.

MOYSÉS, M. & COLLARES, C.: Alfabetização: passado, presente, futuro. Revista Idéias. São Paulo: nº 19, 1993.

PIAGET, Jean William Fritz. Gênese das estruturas lógicas elementares. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1983.

 

 

Autor:

Zaira Schaeffer

ambarvioleta1963[arroba]hotmail.com



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