A bicicleta que tinha bigodes - análise

1823 palavras 8 páginas
Introdução

Ondjaki é o pseudônimo de Ndalu de Almeida, escritor luandense nascido em 1977. Em “A bicicleta que tinha bigodes”, livro publicado em 2011 (2012 no Brasil), o autor consegue em poucas páginas decodificar e revelar um universo de memórias que tem cor, gosto, som, e identidade própria.
Angola acaba de passar pelo violento processo de independência culminado em 1975. Ondjaki apresenta o cenário da Luanda de sua infância; generais e soldados em jipes transitam pelas ruas em meio a transmissões de telenovelas brasileiras, o barulho onipresente da Rádio Nacional, e racionamentos de água, comida e luz já corriqueiros.
O poeta e escritor Manuel Rui é personagem camuflado na descrição de um “Tio Rui” que retira suas estórias do
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Ao longo dos anos o conflito só irá se acirrar, até a retirada dos cubanos de Angola em 1991, e a firmação de um “acordo de paz” que prevê eleições livres e democracia, no mesmo ano. No entanto, o conflito estende-se até hoje.
O período descrito no livro é o do “pós-independência”, com o MPLA ainda no poder. Um governo em instabilidade, greves, manifestações em toda a África, e “coisas sem explicação”. A todo tempo a guerra está presente, no entanto há a utopia do país socialista:

“O noticiário começou com discurso do camarada presidente por causa de um congresso do Partido. Depois vieram as notícias da guerra, depois makas das fábricas que andavam a não funcionar. Ainda o locutor falou da falta de luz que ainda não tinham encontrado uma explicação muito boa, falaram do tal á- éne-cê da África do Sul e do coitado do camarada Mandela que continuava só preso.”
(ONDJAKI, p. 79)

A Angola do período pós-independência é cenário de muitas transformações. A presença da cultura cubana se manifesta tanto culturalmente quanto no sentido da organização urbana em quarteirões e bairros. A escola é universal, e o marxismo ensinado em sala de aula.
O espaço escolar é um grande lugar de memória na obra de Ondjaki – espaço de criação, de democracia e de utopia. No livro é muito forte a referência a esse espaço de valorização das crianças como “pioneiras do mundo novo”,

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