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Sida e adolescência em Benguela (página 3)

José Manuel Frómeta Lores
Partes: 1, 2, 3

1.3 Vias de transmissão do SIDA em Angola

Resultou de muito interesse a inquietação mostrada pelos profissionais respeitante às vias de transmissão do SIDA em Angola. "É bom também lembrar que o SIDA não se contrai só aos termos relações sexuais com pessoas infectadas. Conheço pessoas cujo comportamento sexual é de louvar; casais cujo marido é fiel à sua esposa e vice-versa, não só porque existe o SIDA. Eles não se sentem felizes em envolverem-se com outros parceiros. Essas pessoas foram contaminadas pelo VIH. Não é necessário eu falar tanto, vocês mesmo podem ir ao terreno e constatar a realidade. Eu trabalhei na Maternidade Universitária Lucrécia Paim em Luanda, em que a demanda de pacientes é tão elevada que a oferta dos serviços não satisfaz. O pessoal médico na tentativa de resolver as preocupações pontuais das parturientes, têm sido levados a atender as pacientes seguintes com material cirúrgico que apenas lavam e desinfectam com cetavlon sem passar pelo processo de esterilização porque este processo demora sempre acima de duas horas. Não há material suficiente em relação a demanda actual, o que se dispõe muitas vezes já foi utilizado segundo o programado, e surgem novos casos gravíssimos como por exemplo um aborto espontâneo em curso, uma gravidez ectópica ou apendicite aguda que, se não haver intervenção imediata a paciente morre, não dando tempo para esterilizar o material, para não falar dos casos que sucumbem na marquesa esperando a sua vez de atendimento. O que se espera desse procedimento? Não se espera mais nada senão contaminar a parceira fiel que por sua vez infectará o seu marido e consequentemente o futuro bebé. E esses casos não são poucos, acontecem todos os dias. Vão lá e vereis para não dizerdes que ouviram dizer, já que a aprendizagem requer para boa apreensão da informação o uso de vários órgãos dos sentidos.

Segundo o Dr. Luís Caterça, Director Pedagógico do INSTITUTO MÉDIO DE SAÚDE de Benguela:

Antigamente, uma agulha de injecção servia a muitos doentes, e suponhamos que essa mesma agulha tivesse sido usada primeiramente a um seropositivo, e a seguir a um número elevado de pacientes seronegativos! Esses últimos não ficaram infectados? Não é necessário fazer o teste para saber se adquiriu o vírus e precisa de se cuidar para viver mais tempo?

Pergunta: Agradecia que falasse um pouco da idoneidade dos múltiplos postos de socorro, de enfermagem e de saúde tão espalhados na periferia da nossa urbe, no que respeita a reutilização dos meios injectáveis, curativos e suturas, para além de hemoterapias.

Doutor Caterça: Alguns foram criados à margem da lei, como foram aparecendo alguns centros comercias espontaneamente. No concernente a saúde, as pessoas são livres em escolher onde devem se dirigir, pois existem postos que não reúnem requisitos fundamentais de sanidade, quer dizer que não possuem meios de esterilização e os meios que usam são considerados ultrapassados face ao problema do SIDA. Para além da higiene em si que tem sido escassa, deve-se dizer mesmo que é fácil adquirir-se este tipo de patologia. São postos que surgiram conforme se diz na gíria, a luta pela sobrevivência e quem vai pagar por isto é o povo angolano, que aderem a esses postos em vez de se dirigirem aos centros de saúde mais aconselháveis. Os mais esclarecidos que não se cansem em informar e apelar para que a população se dirija aos locais com mais cuidados para não se infectarem, porque de outra forma estaremos condenados ao fracasso.

Situações como estas deveriam ter uma maior atenção pelas autoridades de saúde, o mesmo que pelas autoridades políticas do território.

Pela importância do seu testemunho são recorrentes as palavras de uma seropositiva anónima por razoes éticas:

Só sei dizer que tenho 48 anos de idade, sou casada há 28 anos e tenho 6 filhos. O último tem 14 anos. Há 2 anos, recebi um telefonema anónimo que me ordenou ir fazer o teste do VIH/SIDA. Diz assim: senhora, vai fazer o teste do VIH/SIDA, porque teu marido namorou comigo e eu sou seropositiva. Fiquei fria, parecendo que estava a sonhar. Perguntei ao marido, apenas disse-me que deixou de namorar uma jovem de 24 anos e por irritação quis descarregar a sua ira sobre ti, mas que ela não era seropositiva. Não me contentei com a resposta, fui à Luanda onde fiz o teste que resultou positivo. Eu nunca conheci o sexo de outro homem, é para veres como os inocentes fiéis são tratados!

Pergunta: E como se sente psicologicamente perante a sociedade?

Anónima: Apesar do teste positivo, ainda não estou a acreditar. Talvez seja este o meu forte, mas o marido que nem se quer fez o teste, se fez não sei porque não me disse nada, alias nega, teve há 3 meses um paludismo forte com umas diarreias e viajara à Luanda não sei se foi a um hospital, ainda está bom.

Pergunta: E como está o relacionamento com seu marido em casa?

Anónima: Azedo: desde o dia que recebi o telefonema, nunca mais fiz sexo, perdi todo prazer. Continuo a cumprir a outra parte de esposa, mas sexo…já não preciso de filhos, não tenho prazer, fico sem fazer sexo.

Pergunta: Se perdeste o prazer, o seu marido não o perdeu. É possível que vá procurar outras mulheres e contaminá-las. O que podes fazer para evitar que o número de novas infecções se eleva?

Anónima: Nada posso fazer. Ele já tem por ai umas tantas que não andam só com ele. As novas aquisições que se lixem, porque eu que fui fiel, estou lixada. Aquelas por prostituição ou por dinheiro venderem o sexo delas ao meu marido, que sabem perfeitamente que o senhor já deve ter esposa e não respeitam, dentro de alguns anos terão o lucro maior do que procuravam.

Tudo o que foi abordado aqui tem de chegar na rádio para a sua difusão; é um pedido dos entrevistados. O panorama é desolador quanto inquietante.

1.2. Adolescência e sexualidade em Benguela

Respeitante a adolescência o município Cubal, refere-se que "as raparigas adolescentes de 13 a 14 anos já têm filhos; quando tentamos falar com elas respondem-nos que se uma menina aos 14 anos de idade não ter filho, é sinal de que não presta, não dá para os homens e não é mulher para a sociedade; é trabalhoso eliminar essa ideia. Agora que vamos sensibilizar a existência do VIH/SIDA, encontrarmos grandes dificuldades porque os adolescentes não nos aceitam nem aceitam aos pais, fogem das casas. Tanto para os moços como as moças, é novidade ter relações sexuais nessa idade e o grande perigo é o combate desta mentalidade. Praticamente eles não aceitam, não acreditam que existe o Vírus do SIDA; dizem que os pais, os irmãos, os padres e os enfermeiros estão a inventar a doença, pois é esta uma das maiores dificuldades que temos".

Sobre a sexualidade precoce com SIDA, em especial na adolescência opina-se que "depende muito das condições sociais, de cada povo. Actualmente a adolescência está mais virada ao sexo porque fazem dele um desporto, por isso estão sujeitos a contrair qualquer doença sexualmente transmitida. Isto depende muito do meio onde esta adolescência se encontra e as condições sociais que eles têm. Hoje por exemplo, a pobreza levou a adolescência a envolver-se com indivíduos que têm meios financeiros e fazem do sexo um negócio. Esses indivíduos negociadores do sexo, normalmente são turistas, que têm dinheiro, uma capacidade financeira grande. As adolescentes, por pobreza ou por abandono da família, entregam-se a essa prática. É nessa prática que muitas vezes contraem as doenças sexuais. Como são adolescentes e não têm a ideia da vida no futuro, são abandonadas e quando chegar o momento de constituírem os seus lares, vão infectar as pessoas com as quais formarem as suas famílias.

Por enquanto, o sector intelectual está altamente preocupado com o problema. Portanto entendemos, como equipa de investigação atacar o problema a partir da adolescência, etapa muito importante da vida sexual da população. O teste da população com uma conduta favorável à contenção da situação do SIDA é importante, porque quase tudo o que logo triunfou na história humana teve o seu inicio com poucas pessoas. A educação sexual usando a camisinha é insuficiente, temos que optar por uma educação mais desinibida no plano do sexo; os órgãos sexuais têm de ser vistos como é visto o rosto. O facto do rosto estar descoberto, o pénis e a vulva cobertos, constitui motivo para confundir e criar o tabu cultural e tradicional; estão cobertos, ocultos, ninguém fala deles abertamente para os adolescentes, e se o fizerem é com muitas restrições e proibições, o que desperta certa curiosidade. Na ânsia de conhecerem para satisfazer essa curiosidade, por seus próprios esforços os adolescentes o fazem sem precauções. Criam o desejo de se aclararem a causa dessa proibição. Quando limitamos, proibimos, damos um efeito pecaminoso; a proibição estimula, excita.

1.2.1 Cultura angolana e o seu contributo para a sexualidade precoce

O africano é polígamo, isso não é só em Angola. Em alguns países africanos, a maior parte dos sobas e líderes, são polígamos, têm mais de uma mulher. Por esse facto hoje muitas dessas mulheres aderem ter vários homens como parceiros sexuais, mas só que elas chegam a ser mais discretas que os próprios homens. Então isso faz com que haja propagação das doenças sexualmente transmissíveis. As declarações de seropositivos entrevistados corroboram esta afirmação.

Pergunta: A partir do momento em que perdeu a esposa tem conseguido mulher para satisfazer as suas necessidades sexuais? Novas ou antigas?

Miguel Gilberto: Tenho conquistado novas damas porque as antigas as vezes me fartam.

Esta concepção cultural herda-se como um costume e irradia negativamente uma influência sobre as novas gerações. Uma adolescente, Marta Sampaio, com 17 anos actualmente, poderia servir de exemplo para ilustrar a situação geral desta faixa etária relativamente à sexualidade precoce.

Pergunta: Há quanto tempo começou a fazer sexo?

Marta Sampaio: Há dois anos, mais ou menos tinha 15 anos;

Pergunta: Fez o primeiro sexo com camisinha e mais tarde fez o teste do VIH?

Marta Sampaio: Só fiz o teste, nunca fiz sexo com camisinha;

Pergunta: Não tiveste receio nem medo em fazer sexo sem saberes se o parceiro estava ou não infectado? Já viste um doente de SIDA?

Marta Sampaio: Já vi doente de SIDA, mas não levei em consideração a camisinha.

Vejamos a declaração do Soba de Damba Maria "Bairro 27", conhecido por "Tio Palende", relativamente á poligamia:

Pergunta: Papá não fique ofendido, desde o passado, os sobas viveram sempre com muitas mulheres no mesmo quintal ou separadas. Dê-nos uma explicação!

Soba Palende: É evidente essa vivência desde os tempos remotos, infelizmente é um princípio que continua; o soba não trabalha na agricultura onde saiem os produtos para a sua sobrevivência, passa dias e dias a fazer julgamentos; uma mulher não é suficiente para suportar o cultivo dos produtos para ela, para o marido e para os filhos; então forçosamente há que ter muitas mulheres, que representam a supremacia do soba, visto que são elas que trabalham; essas as mulheres são as serventes do soba, todas elas cultivam a lavra do soba e cada uma cuidará depois da sua lavra. Desde então foi concebido como normal o soba ter duas, três, quatro ou mais mulheres. No caso do meu avô, que era soba, também tinha muitas mulheres em função da actividade que exercia; após a sua morte em cumprimento das leis rituais místicas, foi empossado como soba um adolescente na altura que por sinal era também meu avô. Um soba tem que ser possuidor de riquezas, que conhece os segredos da aldeia e experiência herdada.

Na minha visão a poligamia, é diferente da prostituição falando do ponto de vista da cultura angolana e africana,

Foi preocupação dos autores ao costume tradicional da circuncisão e o seu provável contributo para a sexualidade precoce. Neste sentido foi esclarecedora a entrevista concedida pelo Soba Afonso Alfredo da Damba Maria:

Pergunta: Tomamos conhecimento que, depois do adolescente passar pela mata da circuncisão, no seu regresso passa por um teste tradicional para se saber é homem potente sexualmente ou não; é lhe dado uma mulher, prima ou amiga, com a qual deve ter a primeira relação sexual com fins de examinar a potencia sexual masculina. O que tem a dizer?

Soba Palende: Os adolescentes que vão para a circuncisão já são homens maduros sexualmente. Ao lhe entregar uma mulher depois da circuncisão é simplesmente para constatar se a capacidade sexual não diminuiu com a intervenção cirúrgica tradicional, porque apesar dos circuncidantes serem peritos na matéria, podem cometer um erro, cortando um vaso ou nervo que possa afectar na erecção; Mas nunca falharam. Também é sabido que a capacidade sexual nos homens é diferenciada.

Naquela altura os circuncidantes trabalhavam com espíritos e apenas uma faca e não uma lâmina, cortavam muitos moços, numa rapidez acentuada, que em trinta minutos mais de cinquenta teriam sido circuncidados. Essa faca tradicional foi uma única vez tratada tradicionalmente e nunca mais foi lavada nem tão pouco esterilizada, corta o A, B, C e D, sem anestesia; ainda nos quimbos existem essas facas, embora tais práticas já estão a cair em desuso por causa das guerras e evolução das sociedades, mas nas cidades já não se usam.

Pergunta: Gostaríamos que entrasse em pormenores com relação ao regresso de rapazes circuncidados para a aldeia, no qual, se põem em experiência a potência sexual. Perante esta situação ele faz sexo com uma, duas ou mais mulheres, o que pode então habitá-lo a se relacionar com varias mulheres, generalizando a prostituição e a aquisição de várias infecções transmitidas por essa pratica?

Soba Palende: Sobre o facto explica-se da seguinte maneira: a experiência é que está na fonte dos acontecimentos, geralmente quem vem da mata, isto é após a circuncisão, é comparado à uma mulher viúva; essa mulher depois de tirar o luto, a primeira relação sexual que tiver é para fazer a manutenção do organismo, o homem com quem tiver o primeiro acto sexual depois do luto, não será o mesmo para o futuro, pois ele levará consigo todas as situações malignas anteriores; nenhum homem aceita viver com a viúva sem que primeiro tenha relações com outro homem que a purificará; isto é uma espécie de tratamento tradicional. Agora para os circuncidados, logo que chegam na aldeia, também procuram de se livrarem de situações malignas e a forma é servir sexualmente com a mulher que não se vai casar com ela. Essa mulher, não pode saber que o jovem candidato veio recentemente da circuncisão, porque de contrário não aceitará devido aos aspectos rituais malignos. Para a vivência do futuro, tem de se arranjar outra mulher. A relação sexual post circuncisão tem como base a "higiene do organismo", sanar todos os problemas tradicionais convividos na mata, fora da aldeia, com os rituais invioláveis cuja intenção não é prostituir, mas a de manter a ordem que trás a felicidade de toda a sociedade. A violação das regras rituais tradicionais, dava direito à morte inevitável. A título de exemplo, uma criança ao cruzar com um velho, dá uma volta grande, dando distância temendo o "vento" do velho que pode lhe causar incómodo na sua vida; a criança temia também que o velho pisasse a sua imagem, ou que levasse uma porção de areia da sombra do seu corpo; não se cuspia no chão ou qualquer lugar, tinha-se muito cuidado para o expectorado não ser apanhado por terceiros que fossem levar para a maldade. Actualmente devido o sistema que vigora, há muita liberdade e há violação de certos princípios éticos e morais, dai o surgimento de muitas mortes, existem jovens com perturbações mentais, má alimentação, a higiene do meio deficiente, não se tratam e morrem cedo. Em desrespeito aos valores morais e culturais, verifica-se que as mulheres viúvas em busca de sustento, relacionam-se muito cedo sem o cumprimento dos prazos estabelecidos; também devido ao factor guerra, deu-se lugar a concentração de um número elevado nas capitais das províncias em busca de protecção e sustentáculo económico. É usual, entre homens e mulheres se envolverem muito cedo com viúvos ou viúvas, por depararem uma vida muito difícil. Falamos até aqui da circuncisão masculina, também existe a circuncisão feminina, conhecido como "Usso" no norte, "Okufencalã", para o sul; não se realiza em simultâneo com a circuncisão dos homens, as mulheres o fazem noutra época, enquanto para os homens é no Inverno.

Mas quando o Soba é interpelado: como se diz, a circuncisão não tem relação com a prostituição nos adolescentes, então como explica a questão do relacionamento de jovens após a circuncisão com várias mulheres? A resposta resultou evasiva e desviou-se a causa real da prostituição em outros factores sociais e económicos do país.

1.2.2 O combate da sexualidade precoce

Interrogados sobre qual é a ideia prática para fazer com que o adolescente acredite sem reservas a existência do VIH/SIDA, recebemos a resposta: "Tenho ouvido pela rádio como dramatizam teatros relacionados com o SIDA, talvez fazendo teatros com eles demonstrando como se apanha o vírus e as consequências que hão de surgir, talvez seja um caminho que nos facilite; pelo menos o que se vê com os próprios olhos entra melhor que as palavras e as letras; penso que fazendo isto, dramatizando como se apanha e como sanar, isto ajude mais.

Estes autores sustêm que se experimentar mentalizar primeiro o doente ou um grupo de doentes, de tal forma que possam falar com os adolescentes, seria a melhor e mais efectiva maneira desses que acreditarem no SIDA, além de tomarem as precauções necessárias. Na Psicopedagogia constata-se que a aprendizagem é mais eficiente se usar o maior número possível de órgãos dos sentidos a captarem a informação. Quer dizer, não basta só ouvir falar de um acontecimento ou objecto; se ver, apalpar e cheirá-lo se possível, melhor. Se o adolescente só ouve falar do SIDA e não vê, não apalpa a pessoa que tem SIDA, ele não crê muito, porque só ouve dizer. Há um provérbio que diz: "vale apenas uma vez visto que mil vezes ouvido". Se tomarmos uma iniciativa de acabarmos com o tabu de ocultar o indivíduo de VIH/SIDA, seria muito efectivo. O portador do vírus, está no seio da população oculto e as pessoas vão continuar a lidar com ele sexualmente porque aparentemente não está contaminada. Mas a nossa população ainda não está preparada para dar a cara e se assumir como seropositiva, por causa da descriminação.

O fragmento que continua é a declaração da irmã de uma adolescente seropositiva:

Começou a namorar muito cedo, ela vivia aqui em casa mas eu nunca soube que namorava; só quanto dei conta da gravidez, dai conversei, e expliquei à minha mãe, por sua vez, a mãe procurou saber quem era o namorado e ela disse que o mesmo não era dessa rua, mas sim aproveitava quando passava os fins de semanas na mãe e encontrava-se com o referido namorado com o qual teve a primeira filha aos 14 anos de idade e depois de ter o bebé o pai não assumiu a relação tão pouco o apoio ao bebé e separaram-se. Fiquei esse tempo todo, mais tarde, quando ela me disse do segundo namorado, queria me esconder porque eu sempre fui contra por ser muito pequena, lhe disse que o namoro tem tempo é preciso estudar, já tens uma filha, é preciso estudar para um dia ser alguém, ou trabalhar para ter um futuro, ela não me ouviu, dai descobri que namorava com o senhor de 38 anos de idade, que lhe transmitiu a doença do HIV/SIDA.

As posições de profissionais e responsáveis da educação são favoráveis aos métodos de trabalho com os adolescentes para mudar as suas atitudes respeitantes ao SIDA:

O comportamento sexual do adolescente em relação ao HIV/SIDA, é de certo modo irresponsável face ao espírito de aventura inerente as idades, pois temos que primar em função das idades são muito mais emotivos, têm sempre vontade de viverem novas experiências que lhes leva a descambar para actos desregrados e consequentemente terem um comportamento irresponsáveis em relação ao HIV/SIDA.

Neste contexto é necessário que se faça um trabalho decisivo no sentido de todos os adolescentes e jovens dotarem-se de instrumentos teóricos, conhecimento sobre o SIDA, e instrumentos práticos, o uso de preservativos. Isto é possível através de palestras, programas da rádio, televisão, conversas familiares em fim, através dos currículos escolares que se pode tornar a inclusão de alguns conteúdos que falem sobre o SIDA.

Nas igrejas, os jovens poderão também ter um papel decisivo sobre o facto, de forma a contribuírem para que o adolescente se possa precaver contra esta infecção. Normalmente, como frequentam as discotecas poderá também haver uma organização da sociedade civil onde possam fazer um trabalho profundo junto a juventude para os precaver contra esta terrível doença.

O Dr. Luís Caterça, Director Pedagógico do INSTITUTO MÉDIO DE SAÚDE de Benguela oferece uma ideia autorizada para a educação dos adolescentes:

Se não cuidarmos bem da adolescência, esta ao passar para a idade adulta que talvez comece por volta dos vinte anos, não se fará esperar que teremos um mundo encurtado. Um adulto devidamente educado na adolescência poderá dar um contributo valioso na educação dos adolescentes vindouros. Todos nós estamos convidados a dar uma explicação plausível à nossa adolescência. Apelo aos pais, que não tenham vergonha na educação dos adolescentes, expliquem abertamente tudo o que sabem em matéria do sexo. Existem pais, que dizem ao meu filho não falo nada de sexo porque ele não tem idade de fazer sexo e falar isso a ele estaria a estimulá-lo às práticas sexuais. No entanto, este grupo 13 a 17 anos, caracterizado por um comportamento bastante curioso, o adolescente tenta por todos os meios ao seus alcance no campo sexual, experimentar ou provar muito antes do tempo que lhe é recomendado. É tarefa de toda a população angolana em especial os pais benguelenses darem a explicação concisa e precisa para que o adolescente no seu relacionamento com "A e B" no campo sexual, pois, o desenvolvimento de harmónios quer na parte masculina, quer na parte feminina, dá-lhe um impulso muito activo no campo sexual, perante esse quadro, não só a população angolana ou africana, mas também mundial, deve estar muito atentos na educação para evitarmos implicações nefastas no futuro.

Pergunta: Para além da fidelidade, abstinência, o uso do preservativo, qual é na sua opinião pessoal, outro instrumento que pode ajudar aos adolescentes e não só, a protegerem-se do VIH/SIDA?

Doutor Caterça: A preocupação é pertinente, de forma sintética diria que o adolescente é um ser em transição de criança para adulto, a ele se deve dar uma explicação concreta da realidade objectiva, ou seja em primeiro lugar uma educação moral e cívica e em segundo lugar alertar ao adolescente para em qualquer circunstancia fazer o uso do preservativo, a camisinha para o masculino e o femidon para o feminino. Por outro lado o que mais interessa talvez, todos os pais devem ser convidados de dar uma educação sadia à nossa futura adolescência em todas as vertentes. Porque se não, vejamos: adolescentes mal-educados serão obviamente a maldição da nossa sociedade, a angolana; uma sociedade enferma, doente e patológica, obviamente é uma sociedade com economia débil.

A médica Margarida Peres, Ginecobstetra, opina sobre o combate contra a sexualidade precoce em Angola:

Pergunta: Que estratégias pode haver para que não haja relações sexuais precoce na adolescência?

Ginecobstetra: É muito difícil, devido o sistema educativo aqui, é preciso mudar este sistema educacional, visto que está muito mal, há muitas crianças fora do ensino, os que estão na escola não têm cardeiras, é preciso melhorar o sistema educativo para ensinar e posteriormente educar, no caso dos adolescentes estão muito vagos de educação, aqui por exemplo por falta de educação facilita-lhe no seu envolvimento ao sexo; falando de educação também pode falar de saúde que está mal também, é preciso o melhoramento destes sectores para que se tenha uma sociedade esclarecida, adolescentes actualizados, que sabem o que fazem, isto em função da educação que adquiriram. É necessário incentivar a saúde primária que é muito importante, aqui por exemplo tem-se a "saúde secundária", que é aquela que intervêm simplesmente para curar e não para prevenir "saúde primária". Quando comecei a trabalhar aqui, havia muitas infecções vaginais, mas agora verifica-se uma redução enorme destas enfermidades, em pacientes que estão sendo acompanhados por mim, devido aos conselhos que tenho dado sobre o cuidado que devem ter com o organismo, e com a limpeza vaginal. Tenho a salientar que aqui há muitos preconceitos, problemas culturais e sociais.

Pergunta: O uso do preservativo não estará a estimular o adolescente a incentivar o uso e comércio do sexo infantil?

Ginecobstetra: Não, porque realmente quanto ao abuso sexual infantil não tem nada haver com o preservativo. O uso do preservativo é para ensinar a pessoa como deve evitar o contágio de doenças transmitidas sexualmente, para evitar a gravidez indesejada, o problema do abuso sexo na infância tem um carácter comercial, um problema psicológico, isto é notório em pessoas com transtornos mentais, pessoas que não são normais, pessoas que estão afectadas por problemas vária ordem. Uma pessoa que sabe a essência de um preservativo não se envolve com um adolescente, porque esta pessoa é normal do ponto de vista psicológico. Geralmente as pessoas com estas debilidades são aquelas que têm dificuldades sexuais e procuram outras formas de terem relações sexuais, para busca de satisfação.

Estas considerações, de profissionais encarregados da atenção à criança, coincidem com as de familiares de seropositivos, e indicam como afrontar a sexualidade precoce para necessariamente buscar uma solução dos problemas económico-sociais do país, e de uma revisão da política educacional.

1.3. Adolescência e SIDA

Respeitante ao SIDA na adolescência em Benguela temos obtido algumas impressões a considerar, vindas do Dr. Luís Caterça, Director Pedagógico do INSTITUTO MÉDIO DE SAÚDE de Benguela:

Pergunta: Dr. tem conhecimento de alguns adolescentes infectados ou conhece alguma estatística aqui em Benguela?

Doutor Caterça: Infelizmente, falando de dados estatísticos não posso adiantar nada, para isto teríamos que recorrer aos nossos hospitais onde se efectuam os testes de VIH/SIDA, mas que a prostituição na fase da adolescência existe. Existe porque a adolescência de hoje quer um sapato condigno, uma calça nova, uma saia de marca, uma camisa, enfim, quer abraçar o mundo dos mais desenvolvidos, e quem os incita a essa moda são os próprios adultos, aqueles angolanos que economicamente estão bem situados dum lado, por outro estão os estrangeiros que vêem trabalhar e investir em Angola, incitam os adolescentes, para além das telenovelas brasileiras e outros programas televisivos que não coadunam com a educação que queremos enquanto pobres saídos de uma guerra de longa data, o vírus transita dos adultos para os mais novos e desses para os seus coetâneos e o resultado é este que vemos.

Pergunta: Dr. Então pelo que acabou de explicar conclui-se que o VIH/SIDA é uma condição que abrange mais as camadas pobres que rica!

Doutor Caterça: A sociedade angolana é pobre, e é a pobreza que obriga constantemente a luta pela sobrevivência. Ele quer comer e não tem o mínimo para sobreviver, muitas vezes os pais estão desempregados sem reservas económicas, e o indivíduo que lhe vier fazer o favor em vez de usar os preservativos não o faz. Esta menina ainda que tenha algumas noções de proteger-se, não pensará no futuro, quer apenas saciar-se da fome naquele momento. Informando-se do próprio perigo, não fazem o uso dos meios adequados. Vejam só como é o adolescente é inocente!

A pedofilia ouvia-se mais nos países europeus, particularmente em Portugal, deu trabalho ao governo. Para o nosso caso, como se diz que a desgraça é só para o pobre, passo o termo, mas digo que esses são criminosos e devem ser submetidos à justiça, "Barras do Tribunal" porque eles sabem das implicações que poderão surgir, ao corromper inocentes para a sua satisfação sexual.

1.3.1 Comercio sexual e VIH/SIDA no adolescente

O senhor, Marques, director do INAC Benguela diz a respeito:

Pergunta: Está confirmada a existência de seropositivos criminosos de ambos os sexos. Que mecanismo adoptaria o INAC, ao tomar conhecimento de um adolescente seropositivo que tem relações sexuais não protegidas com parceiros esporádicos, como são por exemplo as trabalhadoras do sexo?

INAC: Inseri-los no campo ou centro de reeducação de menores, criação de centros de diagnósticos nas instituições e hospitais vocacionadas para a análise, aconselhamento, acompanhamento, tratamento e reintegração destas crianças.

1- Criar outras alternativas de atendimento comunitários, evitando que mais crianças infectadas e em situações de conflito com a lei estejam na rua.

2- Reduzir o maior número possível de crianças seropositivas criminosas na rua.

3- Realizar palestras, para a prevenção contra as doenças venéreas e infecto-contagiosas.

4- Criar mecanismos para envolver especialistas no tratamento e acompanhamento das crianças infectadas criminosas, com traumas psicossomáticos e não só.

5- Empreender maior rigor no combate de menores infecto-contagiosos-criminosos, pelos órgãos de fiscalização dos Ministérios da Saúde, Ordem Pública e outros.

Pergunta: Que opinião tem contra aqueles que têm relações sexuais com menores?

INAC: Puni-los severamente de acordo a lei; Prevenção e redução do abuso e violência física, mental contra os adolescentes. Que sejam sancionados as diversas condutas por parte dos adultos infractores através da lei nº 9/96 de 19 de Abril sobre o "julgado de menor" protecção social do menor).

CONCLUSÕES

Pelo tipo de actividade que realiza, mesmo que por estar dirigido à população de Benguela em geral, a ONG "Médicos de Mundo" está em capacidade de exercer uma influência significativa no propósito de mudar as atitudes dos adolescentes respeitante ao SIDA.

  1. Pela sua situação estratégica entre a criancice e a idade juvenil, assim como pela capacidade do VIH/SIDA de incubar-se por espaço de 5 a 10 anos, a população adolescente de Benguela merece uma atenção especial na ordem do aconselhamento, a educação e a informação.
  2. Factores de carácter cultural e tradicional, a impossibilidade de dar um seguimento efectivo aos casos diagnosticados, o desconhecimento da agressividade do SIDA e do perigo real que representa, a falta de informação adequada da população, assim como as limitações de recursos no sistema angolano de saúde, figuram entre as causas mais importantes do estado da pandemia em Benguela, e das concepções que têm os adolescentes respeitante ao Sida. A estes factores se soma, com carácter sobressaliente, a falta de unidade dos actores implicados na luta contra a doença.
  3. O principio da voluntariedade para realizar-se os testes, a estigmatização dos diagnosticados e as normas éticas estabelecidas, inclusive oficialmente ao redor do SIDA, está afectando seriamente na luta contra a doença, de tal sorte que não se vislumbram horizontes certos no controlo dessa doença em Benguela.
  4. Os meios de difusão massiva poderiam ser utilizados com êxito significativo na tarefa de difundir, educar e cultivar à população em torno ao SIDA.
  5. Os elementos aflorados na matriz DAFO, os derivados da análise de actores, corroborados por sua vez pelas entrevistas praticadas, se erguem como os factores que permitem uma avaliação acerca do estado do projecto e a tomada de decisões.
  6. Os dados fornecidos pelas entrevistas corroboram os resultados da análise situacional praticada mediante a análise estratégica. Por tanto os dois métodos principais de investigação aplicados, não só se complementam mutuamente, mas conduzem à resultados coincidentes de maneira geral.
  7. Pela sua contribuição e complemento ao sistema "Médicos do Mundo", pela sua capacidade de unir o trabalho de todos os actores referidos, e por assinalar os aspectos específicos endereçado à aqueles pontos aos que deve se direccionar o trabalho no futuro, o Plano de Acção constitui um instrumento absolutamente valioso para alcançar a sustentabilidade do projecto.

RECOMENDAÇÕES

  1. Promover a vinculação dos centros de ensino superior do território, tanto para o ensino de pré graduado como para o de post graduado, com estudos e investigações em temáticas relativas às actividades que compreendem a luta contra o SIDA, direccionada, com carácter prioritário, ao grupo etário adolescente.
  2. Aprovar o Plano de Acção que se propõe, e dar-lhe cumprimento na forma e nos prazos comprometidos.
  3. Aplicar o plano de acção segundo cronograma até o 2006 e logo realizar um diagnóstico com o objectivo de ver as mudanças que se produzirem na Organização, e consequentemente na população adolescente de Benguela.
  4. Apoiar, com carácter oficial, à "Médicos de Mundo" na instrumentação do Plano de Acção que se deriva da investigação que se apresenta.
  5. Promover esforços mancomunados entre instituições educacionais, culturais, de saúde, religiosas, políticas, ou de outra índole, para uma maior dedicação à luta contra o SIDA, tendo como centro à população adolescente.
  6. Incidir gradualmente na cultura popular de modo de conseguir num prazo vindouro a superação da ameaça que representam os tabus culturais e tradicionais respeitante ao SIDA.
  7. Tomar como referência as medidas adoptadas em anos atrás para atacar a epidemia da cólera, e assumir as medidas administrativas necessárias para suprimir a voluntariedade nos testes de SIDA.

BIBLIOGRAFIA

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Currículum mínimo

Nombres y apellidos: José Manuel Frómeta Lores

E-mail: lord[arroba]fcs.cug.co.cu; frometacu[arroba]yahoo.es

Fecha de nacimiento

D

M

A

14

06

1954

Graduado de: Lic. Filosofía

Fecha

Lugar

1980

UO

Otros títulos:

     

Dr. en Ciencias Filosóficas

   
     

Grado científico:

Dr. C.

1999

U H

Categoría docente:

Profesor Titular

2007

CUG

Categoría científica:

     

Labor que desempeña

J’ Dpto.

CES/UCT

Centro Universitario de Guantánamo

Líneas de investigación que desarrolla y las tres investigaciones más importantes realizadas en los últimos cinco años.

—Efectos de los patrones urbanos en el hombre de montaña cubano.

—Investigación sobre el impacto medioambiental del nuevo cementerio de Guantánamo, 1999.

— "Efectos de las principales transformaciones socioeconómicas en el hombre de montaña de la zona de Sabaneta".

—Esoterismo Ciencia y Espiritualidad

Asignaturas que habitualmente imparte

Pregrado:

Filosofía y Sociedad

Problemas Sociales de la Ciencia y la Tecnología

Lógica formal

Metodología de la Investigación

Filosofía de la Educación

Posgrado:

—Didáctica de la enseñanza de las ciencias sociales. 1996 y 1997.

—Lógica, pensamiento lógico e instrumento. 1997.

—Temas socio–filosóficos acerca del hombre de montaña y el desarrollo social. 1996 y 1997.

—I Curso Territorial del Plan Turquino de las Provincias orientales Sabaneta 1996. Guantánamo 1997.

—Teoría sociológica y metodología de la investigación social, 1998.

—El análisis estratégico en la metodología de la investigación científica, 2000.

Asignaturas que imparte:

Gestión de Proyectos

Metodología de la Investigación

Filosofía de la Educación

Didáctica de E. Superior

Trabajo de Diploma

Últimas cinco publicaciones y trabajos relevantes presentados en eventos (en orden cronológico descendente)

Título del trabajo, revista o evento, editorial, año, país.

A gravidez precoce e sua implicação sociopsicologica e educativa para os adolescentes 2006
https://www.monografias.com/pt/trabalhos/a-gravidez-precoce/a-gravidez-precoce.shtml

Reflexiones de un profesor cooperante en la República de Angola. Revista CUG 2006

Capital Humano. Educación y Socialismo Centro de Información Esc. Provincial del Partido Israel Reyes Zayas 2006

— "La formación socio-humanista del profesional universitario" Revista Alternativas Argentina 2007

— "Educación, Economía y Capital Humano" Revista Alternativas Argentina 2007

"Efectos de los Patrones urbanos en el hombre de montaña" En Revista do Centro de Ciencias administrativas. Brasil 2007

Reconocimiento y distinciones de que ha sido objeto (en orden cronológico descendente)

Distinción por la Educación cubana.

—Mención Honrosa en cumplimiento de colaboración RA.

Ph. D. Manuel Frómeta Lores

lord[arroba]fcs.cug.co.cu

Lic. Miguel Bolela

Lic. António N’Gussi

Partes: 1, 2, 3


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