Do sagrado: árvores e tempo



  1. Resumo
  2. Árvores
  3. Tempo
  4. Informação
  5. Acontecimento
  6. Conclusão
  7. Referências

Resumo

A árvore como eixo do mundo - e figura do dom -, é uma presença forte em muitas culturas onde ancora histórias mitológicas que se colocam num tempo sagrado. A árvore também é uma escultura orgânica, fisiológica, que se revela no tempo. A dualidade do tempo que se expressa no binómio sagrado/profano pode ser unificada num símbolo ou perscrutada num diagrama tensivo. A informação na fonte, quantificável, não dispensa a informação semasiológica. O tempo manifesta-se por acontecimentos e o maior empreendimento da mente humana é promover consiliência, concordância de séries provindas de fontes distintas.

Palavras-chave: árvore, eixo do mundo, sagrado/profano, estrutura tensiva, acontecimento, consiliência

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Bouguereau: Nymphs and Satyr, 1873

Árvores

Mircea Eliade conta-nos que a imagem da árvore não foi escolhida unicamente para simbolizar o Cosmos, mas também para exprimir a Vida, a juventude, a imortalidade, a sapiência [1]. A existência do homo religiosus é aberta para o mundo, o homem religioso nunca está sózinho, pois vive nele uma parte do Mundo. Jacques Brosse [2] recorda-nos que para o selvagem - que no seu sentido original é o habitante da floresta, da selva, sylva em latim -, tal como para o sábio, a árvore é verdadeiramente a primeira das criaturas terrestres e o ser vivo que une a terra e o céu, indicando o caminho dos deuses.

Há inúmeros relatos de árvores sagradas em muitas culturas: Yggdrasill era o freixo gigante da mitologia nórdica, o mensageiro de Ygg, um dos nomes de Odin, o pai dos deuses; enquanto que em Creta o freixo era consagrado a Posídon e o carvalho a Zeus; o carvalho de Dodona, interpretado pelas Plêiades, constituía o oráculo mais poderoso da região [3] e sob a sua casca viviam as dríades, uma das categorias de ninfas. O carvalho, mais especificamente o Quercus robur, ficou sucessivamente associado a Júpiter e na mitologia nórdica a Donar-Thor, o deus dos raios e trovões. É o signo basal da astrologia celta, onde o nome druida, semelhante ao termo grego para carvalho sagrado, drus, significa sabedoria da árvore.

A propósito das representações da árvore sagrada na Mesopotamia diz-se que não há culto da árvore em si, mas que sob aquela figuração se esconde sempre uma entidade espiritual. A árvore permite conjugar dois infinitos opostos, unindo duas profundidades simétricas e de sentidos contrários: as raízes mergulhadas na impenetrável matéria subterrânea e a copa imersa em luz.

Existem histórias sacrificiais ligadas a árvores: o sacrifício original de Attis que renasceu como pinheiro-manso, os reis sacrificados a Yggdrasil, o senhor escorchado das culturas mesoamericanas, e outras. Também há histórias felizes: Buda alcançou a iluminação, ou o despertar, debaixo de uma figueira, Ficus religiosa. A oliveira é árvore bendita, símbolo da paz para os gregos e romanos, o azeite é o óleo sagrado por excelência, e que ilumina. O Messias, Mâschiak em hebreu, o Ungido do Senhor, traduzido em grego por Khristos, é o que recebeu a unção do óleo santo.

A língua portuguesa é particularmente rica e discriminante em termos genéricos ligados a árvores - partes e conjuntos -, conforme se pode ver na tabela abaixo, transcrita por Eco [4]:

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Tabela de termos relativos a partes ou agrupamentos de árvores

Numa tabela assim trata-se com valores que emanam do sistema, associados a dimensões de extensão e intensidade, denotação e conotação, que se podem organizar como diferenças, transportando uma mensagem que se pode definir como a forma significante que o destinatário, baseado em códigos determinados, preenche de sentido.

A árvore sagrada significa em muitas culturas o Axis Mundi - o eixo do mundo - em torno do qual a comunidade se identifica e regenera - esse é o seu signo principal.

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pinheiro manso

Que podemos dizer das árvores como figuras do tempo profano? São os seres vivos mais longevos do planeta: as deposições de lenhina na parede secundária das células dos tecidos do tronco fazem-na uma viga vascular encastrada no solo e os ramos suportam miríades de cloroplastos nas folhas e caules verdes onde se processa a fotossíntese - os dois infinitos que se ligam através da estrutura mecânica e vascular, entre copa e raíz, entre luz e gravidade.

Tempo


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