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O novo paradigma: Transdisciplinaridade (página 2)

José A. Bonilla

·         Artigo 5: "A visão transdisciplinar está resolutamente aberta na medida em que ela ultrapassa o domínio das ciências exatas, por seu diálogo e sua reconciliação, não somente com as ciências humanas, mas também com a arte, a literatura, a poesia e a experiência espiritual". (é por aqui que chegaremos ao significado de "além").

·         Artigo 7: "A transdisciplinaridade não constitui uma nova religião, uma nova filosofia metafísica ou uma ciência das ciências".

·         Artigo 8: "A dignidade do ser humano é também de ordem cósmica e planetária...".

·         Artigo 9: "A transdisciplinaridade conduz a uma atitude aberta com respeito aos mitos, ás religiões e áqueles que os respeitam em um espírito transdisciplinar".

·         Artigo 13: "A ética transdisciplinar rejeita toda atitude que recusa o diálogo e a discussão, seja qual for sua origem - de ordem ideológica, científica, religiosa, econômica, política ou filosófica...".

            Em julho de 1999 foi criado na UFMG, o Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (IEAT), um dos primeiros do mundo.

            O coordenador do IEAT, Prof. Ivan Domingues (1999:110), descreve as motivações que têm levado, no Brasil e no mundo inteiro, á criação de Institutos deste tipo. As principais seriam as seguintes:

·         A diversificação, aprofundamento e alargamento dos conhecimentos, leva, aos estudiosos, a sair do estreito marco da monodisciplinaridade.

·         A necessidade de unificação do conhecimento.

            Entretanto, a abordagem do IEAT nos parece incompleta (o que se corrobora com vários materiais publicados no número 2 da Revista Diversa da UFMG), já que se faz uma ênfase quase exclusiva na necessidade de criar uma unificação do conhecimento, definido por uma série de campos científicos, artísticos e filosóficos, mas não se menciona o campo da espiritualidade, elemento indispensável para uma verdadeira transdisciplinaridade, como a Unesco tem definido em várias oportunidades, tais como:

"O conhecimento científico, através de seu próprio movimento interno, chegou aos confins, onde pode começar o diálogo com outras formas de conhecimento. Nesse sentido, reconhecendo as diferenças fundamentais entre a ciência e a tradição espiritual, constatamos não a sua oposição, mas sim a sua complementaridade"... "O encontro inesperado e enriquecedor entre a ciência e as diferentes tradições espirituais; permite pensar no aparecimento de uma nova visão da humanidade, que poderá conduzir a uma nova perspectiva metafísica". (Declaração de Veneza, 1986).

"A Educação Superior deve empreender a transformação e renovação mais radicais que jamais tenham enfrentado, de forma que a sociedade contemporânea, que vive atualmente uma crise profunda de valores, possa transcender as considerações meramente econômicas e assuma dimensões éticas e espirituais mais arraigadas (Conferência Mundial sobre Educação Superior, 1998)".

            Ou seja, não se pode falar de transdisciplinaridade, se o componente espiritual não é considerado seriamente. O motivo disso é que esse componente é "parte" da natureza humana; sua exclusão nos poderá levar a um novo cartesianismo ampliado, mas nunca a uma verdadeira abordagem holística. Ver Capra (1982, 1983), Bonilla (2002).

            Se por acaso, algum leitor ficou confuso com alguma das colocações feitas anteriormente, a sabedoria tradicional e as ciências mais avançadas parecem coincidir na afirmativa de que o limite entre o "material" e o "espiritual" é arbitrário. Trata-se, apenas de diferentes níveis de energia. Tudo o que existe, tem sua especial freqüência vibratória; as mais baixas foram detectadas, estudadas e aplicadas através do método científico. As mais altas são de domínio exclusivamente espiritual, pelo menos até agora. Por exemplo, as ondas de rádio e de televisão existem desde tempos imemoriais, mas para os cientistas de cento e poucos anos atrás, elas não existiam! (Lembrar que Marconi, quase foi encerrado num manicômio pelos seus amigos quando anunciou a existência dessas ondas; Hertz teve mais sorte e compreensão, e hoje conhecemos as ondas de rádio como "hertzianas").

            Para se ter uma idéia aproximada da escala de freqüências vibratórias, a Física reconhece os seguintes níveis aproximados: tato (até 16 vibrações por segundo), som (16 até 16.000), ondas hertzianas (16.000 até 1010), raios ultravioletas (1012 até 1014), luz visível (1014 até 1015), raios ultravioletas (1015 até 1016); raios X (1016 até 1018), raios gamma e raios cósmicos, limite do conhecimento científico atual (da ordem de 1020 até 1025 vibrações por segundo). Com certeza, as freqüências espirituais são bem mais altas ainda, pelo que escapam á compreensão científica, mas elas são compreensíveis a níveis vivenciais. As sentimos (a menos que estejamos petrificados), sem poder explicá-las.

            Essa petrificação parece muito estendida nos meios acadêmicos. Entretanto, a integração da ciência com a tradição espiritual (sabedoria milenar), fornecerá uma formidável via para a expansão da compreensão de coisas essenciais, mas até agora não respondidas pela Ciência, e nunca discutidas na Universidade. Por exemplo, para que estamos aqui?

            é fundamental sim, conhecer o mundo físico (eis o grande papel da Ciência). Mas isso é apenas um meio para o fim fundamental: conhecer o ser humano e transformar a sociedade num lugar melhor para viver, onde os valores universais (dignidade, justiça, solidariedade, bem-estar, etc) sejam os grandes objetivos da vida. E não poderemos fazer isso sem nos envolver com a dimensão espiritual (que, não está demais esclarecer, é bem diferentes de religiosidade).

3. DIMENSÃO ESPIRITUAL

Durante muito tempo o conceito de inteligência humana esteve restrita á intelectualidade, medida através do famoso QI. Goleman (1990) apresentou a inteligência emocional.

Mas nos últimos anos, destacados pesquisadores nos falam de inteligência espiritual:       

·         Zohar(*) e Marshall(**) (2000:18), a definem como: "a inteligência com que abordamos e solucionamos problemas de sentido e de valor"... Seres humanos são, essencialmente criaturas espirituais, porque somos impulsionados pela necessidade de fazer perguntas "fundamentais" tipo: "Qual é o significado de minha vida? O que torna a vida digna de ser vivida?"

·         Wolman (2001:15), Professor de Harvard, a entende como a "capacidade humana de fazer as perguntas fundamentais sobre o significado da vida e de experimentar simultaneamente a conexão perfeita entre nós e o mundo em que vivemos".

·         Palmer (1998/99) percebe como espiritual "a busca secular e permanente pela capacidade de conexão com algo maior e mais confiável que nossos egos; na verdade, com nossas próprias almas, uns com outros, com os mundos da História e da Natureza, com os meandros invisíveis do espírito, com o mistério de estarmos vivos". 

            Segundo Wolman (2001:44), cursos de ética e de religiões comparadas têm excesso de alunos em quase todas as Universidades americanas e em particular as Faculdades de Medicina de Harvard, Stanfor, Duke, Columbia, John Hopkins - entre outras - ministram cursos de espiritualidade e cura.

            Algum leitor pode achar que a tal inteligência espiritual seria meramente especulativa. Mas se assim for, ele se engana. Pesquisadores como Singer (1992), Llinas e Ribbary (1993), Persinger (1993), Deacon (1997), Ramachandra e Blakesler (1998), entre outros, comprovaram experimentalmente a existência de uma terceira fiação neural, chamada unitiva ou integrativa, capaz de unificar dados no cérebro, ou seja permitir a visão integrativa, holística ou contextual. Anteriormente só era conhecida a "fiação neural serial", base da inteligência intelectual, sendo que posteriormente foi identificada a "fiação neural associativa", base da inteligência emocional.

Em resumo, e seguindo Zohar e Marshall (2000:21): "a inteligência espiritual unifica, integra e reveste-se do potencial de transformar o material surgido dos outros dois processos: razão e emoção. Ela fornece um centro de crescimento e transformação, dá ao Eu, um centro ativo, unificado, gerador de sentido".

Quatro novos parágrafos do livro de Zohar e Marshall (2000:23, 25, 28, 31) esclarecem outros assuntos vitais relacionados com o tema em pauta, pelo que não podemos deixar de apresentá-los:

 "A inteligência espiritual não tem nenhuma conexão necessária com religião. Para algumas pessoas, aquela inteligência pode encontrar um modo de expressar-se através da religião tradicional. Mas, ser "religioso" não garante alto QS (quociente espiritual)... "A religião convencional é um conjunto de regras e crenças (dogmas) impostas de fora; a inteligência espiritual, entretanto, é uma capacidade interna, inata, do cérebro e da psique humana, extraindo seus recursos mais profundos do âmago do próprio universo" ... "A inteligência espiritual é a inteligência da alma, com a qual nos curamos, e com a qual nos tornamos um todo íntegro".

"A inteligência espiritual tem sido tópico embaraçoso para acadêmicos, porque a ciência atual não está preparada para estudar coisas que não possa medir objetivamente" ... "Mas, existe de fato, um grande volume de provas científicas da inteligência espiritual em estudos psicológicos, neurológicos e antropológicos recentes, da inteligência humana, e em estudos sobre pensamento humano e processos lingüísticos. Cientistas já realizaram a maior parte da pesquisa básica que revela as fundações neurais da inteligência espiritual no cérebro".

"A utilizamos para sermos criativos. Recorremos a ela quando precisamos ser flexíveis, visionários ou criativamente espontâneos"... "Nós a usamos para lidar com os problemas existenciais"... "e nos dá meios para resolvê-los"... "Ela nos leva ao âmago das coisas, á Unidade por trás da diferença, ao potencial além de qualquer expressão concreta. Pode colocar-nos  em contato com o sentido e o espírito fundamental(*) subjacente a todas as grandes religiões".

 "A inteligência espiritual coletiva é baixa na sociedade moderna. Vivemos em uma cultura espiritualmente estúpida, caracterizada por materialismo, utilitarismo, egocentrismo míope, falta de sentido e recusa de assumir compromissos"... "A cultura ocidental, onde quer que exista no globo, está saturada do imediato, do material, da manipulação egoísta de coisas, experiências e pessoas. Usamos mal nossos relacionamentos e o meio ambiente, da mesma forma como usamos mal nossos sentidos humanos mais profundos"... Negligenciamos tristemente o sublime e o sagrado, que existem em nós, nos outros e no mundo".

Em resumo, uma constelação de fatores está operando para que a espiritualidade seja tratada como corresponde pelos meios acadêmicos, e incorporada nos respectivos currícula. Obviamente, não se está falando aqui de psedoespiritualidade, dogmatismo, oscurantismo, fanatismo ou charlatanice, que de alguma forma podem estar relacionadas no imaginário popular com aquela palavra.

Os principais fatores dessa constelação são os seguintes:

            * Recomendação da Unesco (1998), reclamando que a Educação Superior assuma "dimensões éticas e espirituais mais arraigadas".

            * Estudos da Física Quântica (desde 1930), convergindo  para uma visão unificada do Universo e uma sintonia cada vez maior entre a Ciência e a sabedoria mística milenar.

            * O que o misticismo denominava de Ser Supremo, e as religiões, de Deus, a Ciência agora conhece como "vazio quântico" ou Unidade.

            * Estudos de neurofisiologia recentíssimos (década de 90) apontam para uma terceira "fiação" neural e para o "ponto divino".

            * O trabalho pioneiro de Zohar e Marshall (2000), combinando todos esses fatores e criando o término moderníssimo de inteligência espiritual.

Até quando os meios acadêmicos continuarão a fazer o jogo da "avestruz racional"? (ver Aktouf s/d). Não se quer ver, neles, o que as pessoas da rua sabem: somos seres espirituais! Portanto, a dimensão espiritual é um assunto imprescindível nas aulas universitárias. E também: forma parte indivisível da Transdisciplinaridade.

4.   UM ESTUDO PRELIMINAR SOBRE A DIMENSÃO ESPIRITUAL NA EDUCAÇÃO SUPERIOR

O autor (Bonilla, 2004) está realizando uma pesquisa relativa a: "Transdisciplinaridade: A dimensão espiritual na Educação Superior". O alicerce da mesma corresponde a uma recomendação da Unesco (1998), que pode ser assim resumida: "A Educação Superior deverá assumir dimensão éticas e espirituais mais arraigadas". Por sua vez, Naisbitt e Aburdene (1990) conceituam o renascimento espiritual como uma das megatendências do século XXI.

O novo pensamento metalógico (Guitton, Bogdanov e Bogdanov, 1992), apoiado nas novas descobertas cientificas, abre espaço para uma nova cosmologia, para um modo profundamente diferente de pensar, o que leva a um contato surpreendente entre a Ciência mais avançada, representada pela Física Quântica e a dimensão espiritual. A expansão deste contato só pode ser feita através da abrangência da Transdisciplinaridade.

Na pesquisa mencionada, o foco básico é a dimensão espiritual na Educação Superior, interpretada através de um estudo de caso, relativo aos alunos de Mestrado e Doutorado em Administração da UFMG, que na época (2002) era o melhor avaliado do Brasil.

O estudo foi feito partindo de um questionário preliminar de 30 perguntas, aplicado a 313 alunos do Curso de Especialização em Gestão Estratégica da UFMG, sendo que o respectivo construto (dimensão espiritual), foi definido como: "aquele componente do ser humano, que transcende a suas dimensões material, mental e emocional, e se centra no significado da vida, em harmonia com as Energias Superiores". (Esta definição é provisória, mas original, do autor).

A partir do questionário preliminar, submetido ás correspondentes análises estatísticas, foi estruturado o questionário definitivo, reduzido a 20 itens, e aplicado a uma amostra representativa de 51 alunos de Mestrado e Doutorado em Administração da UFMG.

Descobriu-se, através da análise fatorial que o construto dimensão espiritual não é homogêneo e sim composto por quatro fatores, designados pelos nomes de: "Convergência", "Valores", "Ambiente" e "Acadêmico". Todos eles tiveram um Alfa de Cronbach superior a 0,800 (entre 0,809 e 0,883), o que validou a confiabilidade da análise.

O "score" médico do construto numa escala Likert (de 0 a 8), foi de 1,06, ou seja grau muito baixo, com uma variabilidade extremamente alta (CV = 58%).

Foram estudadas seis variáveis secundárias. As cinco primeiras foram: sexo, ano de ingresso (1999, 2000 e 2001), formação na graduação (Administração, Ãrea Científica, Ãrea Humanística), área de concentração (Organizações e Recursos Humanos, Mercadologia e Gestão Estratégica, Contabilidade e Finanças), nível de pós-graduação (Mestrado, Doutorado). Em nenhuma delas se comprovou significância estatística (a nível de 5%) entre as categorias de cada variável.

A sexta variável secundária foi a idade, e ela não mostrou correlação estatisticamente significativa (ao nível 5%) com os "scores" do construto.

Também foram feitas seis perguntas abertas, cujos resultados mostram que há uma visão majoritária, e em alguns casos quase unânime, de que o desenvolvimento da dimensão espiritual é imperioso, tanto a nível pessoal, como educacional e organizacional.

Entretanto, essa percepção dos alunos não teve reflexos práticos no ambiente acadêmico, devido ao acúmulo de exigências e á falta de interesse do professores no assunto. Isto já tinha sido detectado através do questionário com "score" = 1,06 (grau muito baixo).

Os resultados da pesquisa mostram uma grande desinformação no tocante ao construto dimensão espiritual, o que implica na necessidade imperiosa de elevar o grau da conscientização das pessoas e em especial dos alunos com o mais alto nível que a Universidade pode fornece (cujo "score" = 1,06 indica um grau muito baixo nessa conscientização).

A invasão da tecnologia cega que nos assola, a serviço de um sistema econômico inadequado para o atual estado da consciência humana, não mostrou como contrapartida, uma compreensão satisfatória de conceitos cruciais para a vida moderna, tanto organizacional como pessoal, tais como transdisciplinaridade, abordagem holística, significado da vida humana e outras novas abordagens científicas e metacientíficas.

Em particular, os conceitos de relatividade, teoria quântica, complexidade e inteligência espiritual e, sobretudo seus reflexos na vida cotidiana, não se manifestaram quase nas respostas, que mostrou a continuidade da obsoleta visão mecanicista, analítica e reducionista (ou seja cartesiana), que ainda prevalece no sistema universitário.

Os resultados apresentados levam a um toque de atenção ás autoridades universitárias, no sentido de que é necessário enriquecer os respectivos currículos (em especial o de Administração), incorporando conhecimentos e abordagens relacionadas com os novos alicerces científicos e trans-científicos, nos quais se deve assentar uma Educação Superior realmente atualizada.

Ou seja, em última instância, mergulhar na Transdisciplinaridade.

Esperamos ter contribuído com um novo ângulo deste conceito.

5. O SÍMBOLO QUE PRECISAMOS INCORPORAR

Rilke escreveu um delicioso poema sobre algo inexistente, o unicórnio:

 "Oh, este é o animal que nunca existiu. Não o haviam visto. Mas, ainda assim, amavam-lhe os graciosos movimentos e a maneira como ele ficava ali, fitando-os calmamente com seus claros olhos. O animal não existira. Mas, para eles, ele aparecia em toda sua pureza. Deram-lhe espaço suficiente. No espaço santificado pelo amor que lhe dedicaram o animal se levantou de repente, e não precisava existir. Alimentaram-no não com cereal, mas com a mera possibilidade de ser. E, finalmente, isso lhe deu tal poder que em sua testa um chifre nasceu. Um único chifre. E ele se aproximou de uma virgem, branca, refulgente... penetrou no espelho e nela".

Obviamente só um poeta, livre das ataduras e limitações físicas e racionais, pode nos apresentar tal ideal de beleza.

Na cultura ocidental, o unicórnio simboliza um ser criado pela capacidade humana de sonhar. No poema de Rilke transcrito acima, ele é criado por amor, e espaço lhe é dado por aqueles que ousam acreditar na possibilidade de que ele poderia existir...

Isto é apenas o sonho de um poeta? Que diz a Ciência Moderna?

Ela nos fala do vácuo quântico, ou seja, um conjunto infinito de potencialidades latentes. Nós extraímos umas poucas delas, as congelamos e criamos assim a "realidade". Mas existe um vastíssimo campo de possibilidades que o sistema - como está organizado - rejeita, por que não são "práticas",  "operacionais", nem geram lucros imediatos.

Entretanto, a Ciência mais avançada nos fala de um vácuo quântico, impregnado de muitíssimas possibilidades. Preferimos combinar a Ciência com a poesia e a espiritualidade, alicerçados num enfoque transdisciplinar, e dizer que o Universo é um campo de unicórnios, ou seja, um oceano de possibilidades que podemos manifestar, se elas forem construtivas.

Cada unicórnio representa um sonho.

Precisamos é de líderes para a Vida, líderes de uma nova sociedade, que substitua esta que nos asfixia e é cada vez mais insuportável. Os verdadeiros líderes são aqueles que conseguem fazer acontecer coisas que outros - afundados no comodismo, no egoísmo e na banalidade - acham impossíveis, totalmente utópicas.

O grande sonho do século XXI é, finalmente, começar a construir uma sociedade mais justa, mais digna e mais humana. Ou seja, um Grande Unicórnio.

Os líderes verdadeiros o farão, cada um contribuindo com um átomo daquele, apesar de que uma imensa multidão de céticos, hipócritas e cínicos o consideram impossível, um devaneio, um sonho inconseqüente, uma verdadeira tolice.

Propomos, pois, o unicórnio como símbolo do século XXI, a ser ostentado por aqueles que estejam suficientemente conscientizados acerca da atual problemática humana, e que tenham incorporado adequadamente o conceito realmente moderno de vácuo quântico (ou "campo de unicórnios"), onde as possibilidades são infinitas. Uma delas é assumir a dimensão espiritual na Educação Superior, tal como recomenda a Unesco (1998).

Este enfoque envolve um toque de Transdisciplinaridade, onde a Ciência mais avançada (aquela que nos falou do vácuo quântico), a poesia (que fala de campo de unicórnios) e a espiritualidade (que fala de dimensões superiores) se combinam e se integram, de forma natural, porque todas elas têm a ver com a essencialidade do ser humano e sua relação com as Energias Superiores.            

O convidamos, pois, a se transformar em um verdadeiro líder, empunhando o símbolo do unicórnio como um cetro, dissolvendo as trevas e abrindo espaço para a luz. Que sempre existiu e existirá, aguardando que o ser humano acorde e manifeste (através do vácuo quântico, do campo de unicórnios, das dimensões superiores), aquela sociedade que - no fundo de nossos corações - todos almejamos.

Trabalhando nesta senda, utilizando tanto o conhecimento antigo como o moderno, poderemos transformar esta sociedade em um lugar digno de viver.

Esta senda se denomina Transdisciplinaridade.

6. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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BONILLA J. A. Abordagem Holística: Fundamentos e Aplicações. CAD/FACE/UFMG (Xerocado). 2002, 119p.

BONILLA, J. A. Transdisciplinaridade: A Dimensão Espiritual na Educação Superior. II. Estudo de Caso (2004, em elaboração).

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CARTA DE ARRÃBIDA. Transdisciplinaridade. Primeiro Congresso Mundial de Transdisciplinaridade. Comento de Arrábida: Portugal. 02-06 novembro. 1994. Disponível em <http:://www.cetrans.futuro.usp.br>. Acesso em: 04 set 2001.

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WOLMAN R. N. Inteligência Espiritual. Ediouro: Rio de Janeiro. 2001, 329 p.

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Autor:

Prof. José A. Bonilla

bonilla.bhz[arroba]terra.com.br

Faculdade de Ciências Econômicas (UFMG)



(*) Físico e filósofa.

(**) Psiquiatra.

(*)  Mas não com as deturpações institucionais que surgiram depois.



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